Uma menina de 9 anos que conseguiu sair ilesa do trágico acidente com seis mortos e 23 feridos na tarde deste domingo (14) na PR-092, na região de Curitiba, foi quem conseguiu fazer o primeiro pedido de socorro às vítimas. A criança estava no grupo de 30 pessoas transportada em cima de uma F 1000 que caiu em uma ribanceira de aproximadamente 50 metros no trecho da rodovia entre as cidades de Cerro Azul e Doutor Ulysses.
Eles voltavam de um culto religioso, e o veículo em que estavam tinha bancos improvisados, estava sem licenciamento e o motorista estava com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) vencida. Quatro pessoas, incluindo o condutor, morreram na hora e outras duas chegaram a ser socorridas, mas não resistiram.
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“Essa menina subiu a ribanceira, ela estava com o rosto todo ensanguentado, e conseguiu parar um senhor em um Palio que passava por ali. Ele ligou para a gente e nós viemos já chamando todo o tipo de ajuda”, relatou o cabo Roni Paulo Marchi, da Polícia Militar de Doutor Ulysses.
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O PM estava na primeira equipe de socorro que chegou à ribanceira, pouco antes das 17h. E mesmo diante de uma extensa carreira na corporação – a qual inclui o atendimento a uma das mais brutais chacinas do Paraná, no município metropolitano de Colombo, em 2003 -, descreveu o que viu como um cenário de guerra. “Traduzindo, o que vi ali foi uma cena de guerra. A gente via várias pessoas caídas e tentava fazer o máximo para socorrer, mas a sensação era que a gente se sentia inútil”, relembra o cabo.
Resgate difícil
O acidente ocorreu por volta das 17h30 deste domingo, logo depois que os fiéis saíram de um culto em Doutor Ulysses e retornavam para Cerro Azul. Os dois municípios ficam a cerca de 100 km de Curitiba.
Para fazer os primeiros resgates, os policiais começaram a parar motoristas que passavam pela trecho até a chegada das primeiras ambulâncias. Pouco a pouco, todos os feridos foram sendo retirados. Ficaram para trás cerca de dez pessoas em estado mais crítico e quatro pessoas já encontrada mortas. “Essas pessoas que estavam em situação mais difícil fomos tirando com corda. Infelizmente não tinha como imobilizar direito. A gente ia retirando e colocando em carros particulares que íamos parando na estrada”, conta o PM.
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A equipe dos bombeiros voluntários de Rio Branco do Sul foi a primeira a chegar para retirar os corpos dos mortos. Segundo o bombeiro voluntário Julio César Ribeiro, parte da equipe, o trabalho durou cerca de duas horas e meia e foi feito com a ajuda cordas montadas em sistema de guindaste.
“Para quem viu a situação da ribanceira essa tragédia poderia ser muito maior. Pelo estado que ficou o veículo e que a gente encontrou tudo foi um número baixo de vítimas. As pessoas que sobreviveram com certeza nasceram de volta”, descreveu o bombeiro voluntário, que, em 12 anos de serviço, referiu-se ao atendimento feito neste domingo como o mais trágico da sua carreira. “O local era de tristeza geral. Somos profissionais, mas também somos humanos. Não tem como não se comover vendo um bebê de oito meses com fratura no fêmur, vendo todas aquelas vítimas”, completou.
A área sinuosa, sem asfalto e de difícil acesso dificultou o trabalho das equipes, que só conseguiram deixar o local por volta das 3h desta segunda.
Mortos e feridos
Além dos quatro mortos na hora, outras duas pessoas morreram depois, uma no hospital em Doutor Ulysses e outra a caminho de Curitiba. Além desses, outras 23 pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas para hospitais de capital. Até o início da tarde desta segunda-feira, seis já tinham recebido alta e, entre os demais internados nenhum corria risco de vida.
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Os corpos foram encaminhados para o Instituto Médico Legal de Curitiba. Eles serão velados em cerimônia coletiva na quadra de esporte do Colégio Salto Grande do Turvo, em Doutor Ulysses, ainda sem previsão para começar.
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