O provável corte de 237 árvores na Avenida Presidente Arthur Bernardes da Silva, entre os bairros Seminário e Vila Izabel, em Curitiba, está deixando moradores da região aborrecidos, revoltados e irritados. Especialistas em Meio Ambiente apontam para um impacto ambiental irreversível para a capital. O corte de árvores em Curitiba gerou revolta na comunidade e a Câmara de Vereadores irá discutir em audiência pública nesta terça-feira (13) o assunto polêmico.

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A questão é que o local é uma espécie de refúgio para a comunidade, que não deseja perder um espaço privilegiado com árvores, áreas de lazer e de descanso em meio às pistas da movimentada avenida de Curitiba.

A discussão sobre o corte de árvores em Curitiba ocorre desde o começo do ano do Conseg Seminário/Vila Izabel e prefeitura. Obras para Novo Inter 2, projeto já em andamento prevê um alargamento de pista para a passagem dos ônibus elétricos, reduzindo em oito minutos o deslocamento dos usuários da linha.

O trecho conhecido como Cinturão Verde concentra quadras de esporte, ciclovias, academia a céu aberto e locais de convivência. Ao caminhar na Arthur Bernardes percebe-se um caminho de lindas árvores e aparentemente em boas condições, inclusive com pinheiros e árvores que servem de apoio para balanças e brincadeiras para as crianças.

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Na quinta-feira (08), dia em que a reportagem da Tribuna do Paraná esteve na avenida, uma cena chamou a atenção. Uma mulher aproveitava um balanço de criança pregado em uma árvore para brincar. “Foi uma volta ao passado, delicioso. Achei diferente ter esse balanço no meio dessa loucura que é a Arthur Bernardes”, afirmou Rosimeire Silva.

Quando soube que a árvore que ela brincou poderia ir abaixo em prol do desenvolvimento da região, Rosimeire não aprovou o projeto. “É um absurdo, sou totalmente contra. Sempre serei a favor da natureza, e o desenvolvimento se faz em outra parte sem retirar a árvore”, completou Silva ao opinar sobre o corte de árvores em Curitiba.

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Para os frequentadores que utilizam a via para a prática de exercícios, a possível retirada de árvores é errada. “É um absurdo isso acontecer. Eles estão loucos, eu caminho todos os dias, e as árvores são fundamentais. Elas precisam ficar”, afirmou Cecilia Zonier. Na mesma linha de opinião está o Luís Eduardo Lima, que acha equivocada a ação. “Eu moro aqui perto e costuma fazer exercício na Arthur Bernardes. Aqui é um canal verde importante e acharia um erro total comprometer a região visando outros interesses”, acrescentou Luís.

A reposição destas árvores cortadas é uma preocupação da sociedade. Segundo o Plano de Arborização de Curitiba, para cada árvore retirada, outras duas devem ser plantadas. Mas onde?

Para Delcio Casagrande, presidente do Conseg Seminário e Vila Izabel, a retirada das árvores na Arthur Bernardes não faz sentido e questiona a reposição. “Justamente por ser um cinturão verde, deveria ter algum tipo de lei que exige mais árvores na mesma região em que foram retiradas. Se colocarem longe, não vai compensar o que foi tirado do nosso bairro. Quando vão repor? Onde vão repor? O mundo inteiro tá vendo do tanto que a gente precisa de árvores. Falta explicarem para nós”, cobrou Délcio.

Corte de árvores e o impacto irreversível

Especialistas em Meio Ambiente também estão jogando a favor na natureza. De acordo com Ana Zattar, professora e palestrante em Educação Ambiental, Sustentabilidade e Meio Ambiente, o corte de árvores na Avenida Arthur Bernardes resultaria em um impacto ambiental irreversível.

“Não é possível que a remoção das árvores da Avenida Arthur Bernardes seja realmente a melhor opção que a prefeitura encontrou para qualquer projeto ou obra em andamento. Essas árvores são grandes, imponentes, saudáveis e ainda têm muitos anos de vida pela frente. Além de fornecerem abrigo para várias espécies da fauna local, elas desempenham um papel fundamental na melhoria da qualidade do ar, regulação da temperatura e redução da poluição sonora. Árvores maduras como essas são insubstituíveis e em curto prazo, e sua remoção resultaria em um impacto ambiental irreversível”, comentou Ana.

Em abril de 2024, o corte de 40 árvores na Avenida Victor Ferreira do Amaral, no bairro Tarumã, em Curitiba, gerou reclamações e polêmica nas redes sociais. O local ficou sem vida.

Corte de árvores em discussão

Moradores dos bairros Seminário e Vila Izabel têm um abaixo-assinado com 4 mil assinaturas pedindo que as árvores não passem pelo processo de corte na Arthur Bernardes. A entrega da documentação ocorreu na segunda-feira (12) na Câmara Municipal de Curitiba (CMC). Nesta terça-feira (13), às 18 horas, está marcada uma Audiência Pública na CMC.

“Diante de diversos questionamentos trazidos pelos munícipes, acerca do corte de número expressivo de árvores na avenida por conta da obra, se faz necessária a audiência pública para ouvir a população e permitir a comunicação com o Poder Executivo”, diz a justificativa do requerimento que agendou o evento.

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Audiência pública deve contar com representantes da Prefeitura de Curitiba, em especial as secretarias municipais de Obras Públicas (SMOP) e do Meio Ambiente (SMMA), e o  Ippuc (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba). Também é esperada a participação da Promotoria do Meio Ambiente do Ministério Público do Paraná (MPPR) e da Defensoria Pública do Estado (DEP), e de acadêmicos.

Balanço utilizado por crianças e adultos pode estar com os dias contados, bem como a árvore que o sustenta. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

E aí prefeitura?

Em maio deste ano, a Tribuna do Paraná questionou a prefeitura sobre o corte das árvores. Na oportunidade, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente afirmou que o projeto só prevê a retirada de árvores em locais estritamente necessários. A pasta não tinha definido o plano de reposição das árvores no próprio bairro. Segundo a prefeitura, segue o Plano de Arborização de Curitiba.

Cobramos novamente a prefeitura de Curitiba sobre quais árvores estariam condenadas ao corte, bem como onde seriam repostas, mas não obtivemos resposta alguma até a publicação da reportagem.

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