Moradores do condomínio Pineland, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, estão revoltados com o corte de 21 Araucárias, árvore símbolo do Paraná, e que está ameaçada de extinção. O corte ocorreu no dia 6 de fevereiro e contou com a autorização do Ministério Público e Instituto Água e Terra (IAT). A promessa do dono do terreno é que será realizado um reflorestamento com 210 mudas de espécies nativas de floresta e araucárias, juntamente com uma nova construção de um prédio dentro do próprio condomínio localizado na Avenida Pineville.
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Segundo a bióloga e moradora do Pineland, Maria Regina Boeger, os condôminos buscaram conversar com o responsável pelo terreno na tentativa de impedir o corte. Sem êxito, e percebendo que não teria condições de conseguir um acordo, a Justiça foi procurada. No entanto, com a liberação de órgãos competentes relacionados a flora e a promessa do dono do lote em reflorestar, os pedidos dos moradores não foram atendidos.
“O funcionário do IAT fez uma avaliação muito rápida e deram a autorização. Entramos com várias medidas, mas o Ministério Público não entendeu assim. Na segunda passada colocaram as máquinas e fizeram o corte. Ele é dono do terreno e tem mais 30 araucárias. Acho que vamos perder 51 árvores no total que tem no mínimo 60 anos de idade. Só ficou os toquinhos, um pecado. É um sentimento de perda e dor, pois estamos perdendo a qualidade ambiental para a especulação imobiliária. Eles alegam que fizeram o reflorestamento, mas não todas”, lamentou Boeger.
Questionada pela reportagem quanto a promessa do plantio de mudas nativas, a bióloga acredita que isso não vai ocorrer como deveria, e pensa em vender o apartamento após essa ação. “Não acredito nisso, pois se não fizer o acompanhamento, e elas irão morrer. A Araucária não é uma arvore fácil, por isso está em extinção. Para nós moradores foi um dia muito triste, estão destruindo nosso ambiente. Falta sensibilidade e ganha dinheiro vendendo ainda as toras. Penso em sair daqui, pois abria a janela e tinha as árvores. Foi pura ganância! O que vamos deixar para nossos filhos e netos. Vamos deixar uma área devastada?”, desabafou Boeger.
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E aí, RSVIII Empreendimentos Imobiliários?
Segundo nota enviada pela empresa RSVIII Empreendimentos Imobiliários S/A, responsável pelo terreno do condomínio, o corte das árvores já estava previsto no projeto original e que permanecem no espaço mais de 100 araucárias e extensa área verde.
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“A construção de um edifício no lote em questão já estava prevista desde o projeto original do empreendimento, tendo constado no memorial de incorporação, bem como na convenção do referido condomínio. O lote em questão possui 60% de sua área como reserva legal, integralmente preservada e contendo diversas araucárias e outras espécies nativas. A escolha pela ocupação vertical do terreno foi justamente para concentrar a obra em um espaço reduzido, preservando, assim, o maior número possível de árvores. Em cumprimento ao processo de autorização ambiental, a RSVIII realizará o plantio de 210 mudas de espécies nativas de floresta e araucárias, sendo parte do plantio realizado no próprio condomínio em que ocorreu a supressão noticiada”, relatou em nota o setor jurídico da empresa.
E aí IAT?
De acordo com o IAT, apesar de se tratar do corte de Araucaria angustifolia, ameaçada de extinção, houve a autorização de corte após a empresa RSV III Empreendimentos Imobiliários Ltda informar que haveria compensação ambiental.
“O requerente deverá apresentar no prazo de 120 dias da emissão desta autorização, projeto de compensação com o plantio de 10 mudas de nativas para cada um dos indivíduos cuja supressão foi autorizada. Dentre as espécies nativas a serem plantadas, 50% deverá ser da espécie Araucária angustifólia. O projeto de plantio mencionado deverá ser realizado em áreas que se encontrem degradadas, de preferência dentro do mesmo imóvel”, informou o IAT que acompanhou a retirada das árvores.