O guarda municipal Nilson Calado de Miranda, 48 anos, acaba de voltar das férias com um souvenir especial: a medalha de participação na 48ª Maratona de Berlim, na Alemanha. Fez a prova em 2h56, tempo distante do pódio, mas bem menor que o do ex-jogador Kaká, que terminou a corrida em 3h38. Nada mal para quem começou a correr apenas para perder peso e fazer melhor o seu trabalho.

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As corridas começaram a entrar na vida de Calado em 2009, quando contava cinco anos de corporação. “Precisei correr atrás de uns moleques que estavam aprontando e vi que precisava emagrecer. Achei que correr era uma boa”, conta. E foi. De lá para cá o agente de 1,68 metro também se encantou com os desafiadores 42 quilômetros da maratona. Como resultado, viu o ponteiro da balança descer dos 78 para os 64 quilos.

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Pelo mundo

Desde 2013, são 174 participações em corridas – entre elas 15 maratonas – sem nunca se machucar. “Estou sempre sob supervisão médica e de uma equipe especializada em corridas”, frisa.

Foto: Daniel Castellano / SMCS.
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Seis provas foram disputadas em Curitiba e uma em Porto Alegre. Foi esta última que lhe deu o índice necessário para a primeira internacional, em Boston, em 2017. Antes da pandemia de covid-19, correu a Maratona de Chicago de 2019 e, agora, a de Berlim, terminando três das seis maiores maratonas mundiais.

“Só 8% dos participantes conseguem terminar uma maratona”, observa o guarda, que mora em Curitiba há 33 anos e trabalha no Núcleo Regional de Santa Felicidade da corporação. Isso significa que ele está entre os pouco mais de 3 mil maratonistas do mundo inteiro que completaram o circuito de Berlim, cujas receberam 40 mil corredores de 130 países.

Em solo brasileiro, uma das mais marcantes foi a ultramaratona que passou pela cidade natal de Calado, Guaraqueçaba, no litoral paranaense. Realizada entre o município e Morretes, a prova desfaz o mito de que santo de casa não faz milagre. Foi lá, em maio passado, que Calado obteve a medalha de ouro com o tempo de 5h5min, índice considerado satisfatório para o tipo de trajeto: acidentado, de chão batido e com 10 quilômetros a mais que a maratona tradicional.

Próximas provas

Para o futuro, a meta é ser bem sucedido no sorteio para Londres, em abril de 2023. Em seguida, concluir as maratonas de Tóquio e Nova Iorque. “Quero ver se consigo fazer todas até os 55 anos e assim obter a medalha especial, a Six Star Medal, por completar as seis principais maratonas do mundo”, conta o agente, que está com 48 anos e, garante, saúde melhor do que aos 25 anos. A inspiração para isso, diz, é o médico brasileiro Drauzio Varella, que aos 79 anos acaba de conquistar em Londres a sua Six Star Medal.

Enquanto isso, o guarda municipal segue economizando para as despesas de viagem, fazendo musculação para se fortalecer e treinando no local que também é o seu “escritório”: o Parque Barigui. É lá que à noite, seis vezes por semana, Calado aprimora técnica e resistência.

Em breve, espera, terá a companhia da mulher, Marinalva da Silva, que é técnica de enfermagem no Hospital de Clínicas. Incentivada pelo marido, ela pratica corrida de rua e já está se preparando para a sua primeira meia-maratona, em Curitiba.