CONSULTA

Controle de ratos no Centro de Curitiba é prioridade

Foto: Arquivo.

Pelo sistema de consultas públicas da prefeitura, a população do Centro de Curitiba definiu como uma das prioridades para o bairro o ‘controle efetivo de roedores’. Os ratos não são figuras estranhas na região, e a reclamação de moradores, comerciantes e trabalhadores não é nova. Mas, segundo a prefeitura de Curitiba, ao ser eleita como uma das cinco prioridades pela consulta popular, a questão ganha espaço na Lei Orçamentária Anual de 2018.

Porteiro na região da Praça Rui Barbosa há seis anos, Dionísio Barbosa acredita que a reclamação é válida. Como intercala horários de trabalho e, ao menos uma vez por mês faz o turno da noite, Barbosa afirma que não é raro ver roedores na rua, sempre nos horários de menor movimento. Para ele, a maior preocupação é com a saúde, já que ratos e ratazanas são vetores de doenças, principalmente a leptospirose. “No prédio até não temos problema, mas a rua com certeza precisava de mais cuidado. Não dá para dizer que é infestado, mas tem, a gente vê”, contou. “Tem muitos restaurantes aqui, e o bicho é sujo, nojento. Imagino como deve ser para quem lida com comida”, afirmou o trabalhador.

Se aliar a presença dos bichos com as inundações, que por vezes ocorrem nas galerias fluviais do Centro, há um risco adicional à saúde. Como a leptospirose se espalha pela água contaminada com a urina do rato, a enchente pode disseminar a doença.

Coordenador da Unidade de Vigilância e Zoonoses da prefeitura, Juliano Ribeiro, revela que o planejamento do serviço da prefeitura é baseado no mapeamento de risco de transmissão da leptospirose. Segundo ele, foram apenas três casos confirmados na região até agora em 2017, o que faz com que o foco do trabalho seja direcionado para áreas de maior risco.

Outro problema, de acordo com Ribeiro, é que em áreas de densidade populacional, como o Centro, não é possível fazer o serviço que a prefeitura fornece. “Usamos produtos químicos. Se colocar o bloco [isca], ele não é atrativo para o rato. Tem uma gama de alimentos maior ao redor [ – aquilo que as pessoas deixam cair no chão]. Não se pode colocar o pó químico de contato, pela grande circulação de pessoas na região”, explicou, citando as duas formas de se controlar os roedores utilizadas pela prefeitura.

Restos de comida

A garçonete Ângela Bernardes afirma que o problema com os ratos já foi pior no calçadão da Rua XV de Novembro, onde fica a lanchonete em que trabalha. Mas o inconveniente ainda existe. Ângela diz que não há ratos no estabelecimento, mas revela que por vezes vê os bichos quando vai embora, por volta das 20 horas. “A gente vê alguns sim, pela rua. De dia nunca vi, porque acho que tem muita gente, mas de noite você consegue [ver]”.

A garçonete acredita que os ratos são atraídos por restos de comida que sobram dos restaurantes e lanchonetes, por isso cobra uma maior conscientização de quem deixa o lixo para fora. “As pessoas sabem que não pode deixar lixo para fora, então deixam na rua por que? As pessoas jogam lixo nas ruas também, e o bicho vem mesmo. Tem que ter mais cabeça das pessoas para ajudar”, exclamou.

Esse ponto também é defendido pela Unidade de Vigilância e Zoonoses. Ribeiro conta que o principal trabalho de sua equipe tem sido na educação da população. A ação visa reeducar, para que o entorno do problema seja alterado e não seja propício à proliferação dos ratos. “A antirratização é para promover modificações na questão ambiental, nas residências, no entorno, que evitem a presença de roedores. É preciso uma mudança de hábitos. Alocação do lixo, não deixar restos de comida espalhados, tirar os atrativos para o bicho”.

Mas mesmo com cuidados, os roedores estão presentes. A camareira Cibele Ventura afirma que o hotel que trabalha, também no calçadão da XV, passou por uma dedetização recente, o que pouco contribui com o problema dos ratos. Ela nunca viu eles no ambiente interno, sempre no externo, quando chega para trabalhar, às 6 horas. A cena é quase diária, segundo ela, espalhada por toda a extensão da rua.

Cibele aponta que existem cuidados de todos os funcionários para evitar que os animais afetem o hotel, mas admite que a presença de roedores causa mal-estar em quem circula pela região. “Dizem que até teve uma mulher que saiu do hotel porque ficou morrendo de medo do rato que viu na frente. Não é uma coisa boa de se ver realmente”.

Para casos específicos, uma equipe da unidade é deslocada para verificar a presença dos roedores. Segundo Ribeiro, foram verificadas 2.173 reclamações de cidadãos em 2016 envolvendo os ratos. “Temos uma equipe para ir ao local, verificar as condições desse ambiente. Se for necessário, fazemos a intervenção, sempre com cuidado e critério. Mas a gente tenta primeiro visualizar se existe possibilidades de mudança ambiental sem a intervenção química”, explica.

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