Revoltados!

Contra passagem do ligeirão, moradores fazem abraço coletivo na Praça do Japão

Moradores da região da Praça do Japão, no bairro Água Verde, fizeram um abraço coletivo, neste domingo (18), para pedir que a população também abrace a causa e ajude a impedir que a prefeitura de Curitiba faça modificações na praça. Isso porque a implantação do Ligeirão Norte-Sul, que deve começar a funcionar logo, vai usar uma área do local para fazer os retornos.

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Projeto da prefeitura não prevê modificações na praça. Foto: Daniel Castellano/Divulgação.
Projeto da prefeitura não prevê modificações na praça. Foto: Daniel Castellano/Divulgação.

Segundo a prefeitura, nessa primeira etapa de funcionamento, o ligeirão vai transportar 36 mil passageiros por dia e ajudar a desafogar a linha Santa Cândida/Capão Raso. Com a ligação entre o Terminal Santa Cândida e a estação Bento Viana, no Batel, este vai ser o trajeto inicial dos coletivos, que depois devem seguir ao Terminal Capão Raso ou Pinheirinho.

Revoltados com o projeto, os moradores criaram um grupo, chamado SOS Praça do Japão, e resolveram promover um abraço simbólico no local. A ação teve aproximadamente 500 participantes e contou com apoio da comunidade local, comerciantes e ambientalistas, além de algumas entidades que também abraçaram a causa.

Com faixas e cartazes, os moradores se manifestaram não contrários à obra, mas sim favoráveis que fossem consultados para que alguma mudança fosse feita. “A prefeitura precisa dialogar com a comunidade e as audiências públicas servem para isso”, disse Acef Said, coordenador da Comissão SOS Praça do Japão.

Segundo Acef, ninguém é contra os projetos da prefeitura, mas precisa haver discussão. “E também que sejam obedecidos os ritos que o Ministério Público do Paraná (MP-PR) determinou em 2013 (audiências publicas, estudo de impacto ambiental e de vizinhança)”.

O que diz o projeto?

O projeto da prefeitura não prevê obras na praça ou pontos de ônibus no local, mas os moradores alegam que a passagem dos ônibus pode gerar acidentes e vai tirar o sossego de quem vive na região. Conforme a prefeitura de Curitiba, os ônibus apenas vão fazer o retorno, vazios, pelo sistema viário já existente no entorno da Praça do Japão.

A implantação do ligeirão vai trazer mais rapidez aos passageiros, que vão ter também mais uma opção de transporte para sair do Terminal Santa Cândida. O ganho de tempo se dá porque o ligeirão vai ter somente oito pontos de parada, contra os 16 da linha Santa Cândida/Capão Raso.

Segundo a prefeitura, o desembarque final da Linha Direta vai ser na estação Bento Viana, que fica antes da Praça do Japão. Os ônibus só vão passar pela praça ao fazerem o retorno pelo entorno do tradicional ponto turístico, mas o embarque, para o sentido Santa Cândida, vai ser na estação Bento Viana.

O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) alertou que os moradores podem ficar tranquilos, pois a estrutura da praça não vai sofrer alterações. De acordo como órgão, somente vai ser necessário a correção geométrica na via, que vai permitir ao Ligeirão fazer o retorno no local e compartilhar, temporariamente, a pista de veículos na Avenida Sete de Setembro.

Abraço envolveu a praça toda. Foto: Colaboração/Rudnei Vieira.
Abraço envolveu a praça toda. Foto: Colaboração/Rudnei Vieira.

Reclamação

Para os moradores, o fato de o projeto ter sido idealizado e as obras colocadas em prática sem nenhuma consulta à população, é o que está errado. “A gente nem teve sequer uma resposta da prefeitura sobre nossos questionamentos. E mais: os ônibus vão ter pontos finais na estação-tubo Bento Viana, mas a estação sequer comporta a quantidade de passageiros que a prefeitura espera receber a cada embarque e desembarque”, desabafou Acef.

A mudança, para a passagem dos ligeirões, a Feira dos Orgânicos, de toda quinta-feira, vai ter que mudar de lugar. O estacionamento de carros e táxis, que atualmente é permitido, também vai ser proibido ao redor da praça. O ponto dos taxistas vai ser transferido para as proximidades.

Além das reclamações, o representante do movimento, que também é morador da região, defendeu que em 2013 a Câmara de Vereadores votou e aprovou a Praça do Japão com um bem da cidade de Curitiba. “Ela não pode sofrer nenhuma intervenção”, explicou, cobrando explicações sobre as obras e alega ainda que o MP-PR já foi acionado e também oficializou pedido de esclarecimento.

Abaixo-assinado

Além do abraço simbólico na Praça do Japão, que estava marcado para 9h30, mas atrasou, durante a manhã deste domingo, os organizadores da mobilização coletaram assinaturas de pessoas contrárias ao projeto da maneira como ele está sendo administrado. Os moradores querem que sejam feitos também estudos de impacto ambiental e impacto de vizinhança. “Enquanto isso, vamos continuar protestando e ocupando a praça, todos os finais de semana, se for preciso”, completou Acef, adiantando que no próximo domingo outra mobilização já está marcada.

 

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