Curitiba registrou 5.415 acidentes em 2016. A maioria deles ocorreu nos bairros CIC, Centro, Sítio Cercado, Boqueirão e Cajuru, respectivamente. De acordo com dados do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran), as ocorrências se deram em vias de ligação entre os bairros e o Centro da cidade, e naquelas de entrada para quem vem da Região Metropolitana a Curitiba.
Apesar de não serem identificados cruzamentos específicos com maior número de ocorrências, são considerados os trechos de ruas dentro de bairros específicos. A Av. Visconde de Guarapuava, por exemplo, que vai do Alto da XV ao Batel, é campeã de acidentes no trecho que fica no Centro. O levantamento do BPTran considera todos os tipos de ocorrência atendidos e registrados órgão e que envolveram os diferentes usuários das vias (pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas, entre outros).
Apesar de a lista ser baseada em acidentes ocorridos no ano passado, as características das ruas fazem com que a potencialidade delas para acidentes seja alta em todas as épocas, ou seja, isso significa que, sem o devido cuidado, o número de ocorrência nessas vias deve sempre ser alto. “Onde você tem o maior fluxo de trânsito, você tem maior risco”, explica o coordenador de mobilidade urbana da Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), Gustavo Garret.
Vias longas que são consideradas eixos de escoamento do trânsito acabam ficando no topo da lista. Garret destaca ainda a característica dos acidentes registrados nestes locais. “São vias que não permitem desenvolver grandes velocidades durante o dia, então você tem acidentes de pequena ou, no máximo, média monta. À noite e nos fins de semana, há uma mudança no panorama dos acidentes, com envolvimento de alcoolemia e excesso de velocidade”, explica.
Confira as vias com maiores registros de acidentes em 2016:
1) Av. Juscelino K. de Oliveira (CIC)
Não é à toa que foram registrados 70 acidentes na Av. Juscelino K. de Oliveira em 2016: a via margeia o Contorno Sul (BR-376) e acaba tendo uma demanda semelhante à que rodovia tem (tráfego intenso, presença de caminhões, altas velocidades), o que, segundo Garret, aumenta a potencialidade dela para acidentes, inclusive os graves.
Ele diz ainda que a via precisa de melhorias estruturais, com alteração ou inclusão de sinalização, semáforos e trincheiras para torná-la mais segura para os motoristas. Ele diz que um mapeamento dos pontos críticos já foi feito e as mudanças estão sendo implementadas.
2) Av. Visconde de Guarapuava (Centro)
A avenida liga o Alto da XV até o Batel, mas seu trecho “mais perigoso” é o que fica entre a Rua Ubaldino do Amaral e a Rua Desembargador Motta, no Centro. Ali foram registrados 49 acidentes em 2016, o que rendeu à avenida o primeiro lugar em número de acidentes no bairro.
De acordo com Garret, isso acontece porque a via é uma das principais vias arteriais de Curitiba e uma avenida onde comumente ocorrem desrespeitos à sinalização, principalmente aos semáforos e às conversões obrigatórias.
3) Rua Izaac Ferreira da Cruz (Sítio Cercado)
De forma semelhante à Av. Visconde de Guarapuava, a Rua Izaac Ferreira da Cruz é a mais importante via de ligação e escoamento de tráfego do Sítio Cercado e adjacências, e também uma das regiões mais populosas de Curitiba. A intensidade do tráfego aumenta o risco de acidentes, conforme Garret.
Segundo ele, existe um errôneo entendimento de que há menos fiscalização nas regiões mais periféricas da cidade, por isso, muitos dos acidentes registrados ali são causados por desrespeito às leis de trânsito e à sinalização. Garret conta ainda que há naquela via mais atendimentos a traumas, entre os quais são comuns os atropelamentos.
4) Av. Marechal Floriano Peixoto (Boqueirão)
Em 2016, foram registrados 33 acidentes na Av. Marechal Floriano Peixoto, no trecho que vai da Praça Joaquim Menelau de Almeida Torres até o Terminal do Boqueirão. Com isso, a via foi a que mais registrou acidentes no bairro do Boqueirão, terceiro bairro em número de acidentes no período.
Mais uma vez se trata de uma importante via de escoamento de tráfego, nesse caso da zona Oeste da cidade, mas com dois agravantes: a presença de canaletas de ônibus biarticulado, que aumentam a presença de ônibus e pedestres, e a passagem de boa parte dos motoristas de São José dos Pinhais que vêm a Curitiba para trabalhar, estudar, etc.
Ainda assim, devido à velocidade máxima de 40km/h e a intensa sinalização da via, os acidentes ali são, em geral, de gravidade leve.
5) Rua Tijucas do Sul (Sítio Cercado)
A via, de acordo com o representante do Setran, tem uma demanda bastante alta, com presença de carros, bicicletas e pedestres, porque sai da Rua Izaac Ferreira da Cruz e alimenta todo o Sítio Cercado. Conforme os dados do BPTran, ocorreram ali 32 acidentes em 2016.
6) Rua João Bettega (CIC)
Além de ser uma via de grande extensão, o que aumenta a incidência de acidentes, a Rua João Bettega faz importante ligação entre a região centro-sul da cidade (ou seja, dos bairros Vila Izabel, Água Verde e Portão) e o município de Araucária. Ela é também uma das principais vias de ligação da Cidade Industrial de Curitiba, que é o bairro mais populoso da cidade. Ali, foram registrados 29 acidentes em 2016.
7) Av. Sete de Setembro (Centro)
Apesar de ter a Via Calma, o número de acidente na Av. Sete de Setembro é alto. Conforme Garret, o objetivo da Via Calma não é reduzir acidentes, mas, sim, organizar o trânsito incluindo todos os modais: pedestres, bicicletas, motocicletas, carros e ônibus (do transporte público).
O coordenador de mobilidade urbana da Setran diz ainda que as ocorrências ali estão ligadas à intensidade do tráfego na via e que, em geral, elas não são graves.
8) Rua Sebastião Marcos Luz (Cajuru)
A principal via que liga a Linha Verde ao Cajuru, chegando até a Vila Oficinas, registrou 28 acidentes no ano passado, de acordo com os dados do BPTran. “É a mesma situação que se repete: vias longas, muito trânsito, certo desrespeito. Em geral, não acontecem acidentes no mesmo cruzamento, eles acontecem por toda a via, se pulverizam”, diz Garret.
9) Rua Desembargador Antônio de Paula (Boqueirão)
Outra das principais vias do Boqueirão, a Rua Desembargador Antônio de Paula cruza o bairro no sentido transversal à Av. Marechal Floriano Peixoto, ligando o Uberaba de cima à Vila São Pedro e ao Xaxim. Segundo Garret, o comprimento da via associado à intensidade do trânsito faz com que o risco para acidentes ali seja maior, o que exige dos motoristas mais cuidado e atenção. Ali foram 24 ocorrências registradas pelo BPTran em 2016.
10) Rua Maestro Carlos Frank (Boqueirão)
Cruza o bairro do Boqueirão no mesmo sentido que a Rua Desembargador Antônio de Paula, servindo com o mesmo propósito de escoamento de veículos entre o Uberaba e o Xaxim. Em 2016, ocorreram ali 23 acidentes, a maioria deles de pequena ou média gravidade, conforme Garret.