Coleção especial

Compilado de memórias: professora de Curitiba coleciona quase 4 mil lápis de escrever

Flavia Auler, colecionadora de lápis. Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

Você tem alguma coleção? É comum encontrar pessoas que, por hobby ou por algum outro significado especial, gostam de guardar algum objeto. Uma das graças de colecionar é que dá para ser qualquer coisa. Revistas, chaveiros, selos, souvenir de viagem, relógios e assim segue a lista, quase que infinita. Em Curitiba, a professora, pesquisadora e nutricionista Flávia Auler tem uma coleção de lápis de escrever. Já são 3.700 lápis que ficam guardados em uma mesa especial, feita especialmente para eles.

Flávia não sabe exatamente quando a vontade de colecionar surgiu. Talvez esse despertar tenha acontecido quando ela ainda criança e via o pai cuidar com tanto carinho de uma coleção de dinheiro antigo. Ou talvez tenha sido um sentimento imediato depois que ela adquiriu um lápis na primeira viagem internacional.

Fato é que Flávia, a colecionadora de lápis ‘nasceu’ oficialmente em 2008 durante uma viagem aos Estados Unidos. Em uma visita ao Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York ela encontrou o primeiro objeto que iniciaria uma longa jornada: um mini lápis de cor cinza e com a abreviação do nome do museu.

Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

“Quando eu via o meu pai cuidando da coleção dele, eu acho que desde pequena eu já meio que queria fazer uma coleção, mas não sabia do que. Em 2008 foi a minha primeira viagem internacional. Eu via que o lápis, fora do Brasil, era um souvenir presente em quase todos os pontos turísticos. Eu sempre fui uma menina que escreveu muito, sempre escrevi muito à mão. Então esse negócio da escrita, da escrita terapêutica sempre me acalmou. Acho que juntou tudo isso e eu comecei a pensar [na coleção]”, conta.

A professora explica que antes de começar a comprar os lápis para ela, trazia o objeto para presentar amigos e familiares. No entanto, percebia que a lembrança não era tão significativa para as pessoas como era para ela.

“Para a minha decepção, eu percebi que as pessoas não gostavam de lápis e estava cada vez mais sendo substituído por computador. Eu quando preparo minhas aulas, minhas atividades, eu ainda escrevo muito à mão. Eu dava o lápis como presente da viagem e as pessoas faziam meio que pouco caso. Ai eu pensei ‘acho que isso é coisa minha’ e comecei a ficar com os lápis”, revela.

Foi assim que a coleção começou a crescer. Com o tempo, o que era guardado em uma caixa de sapato precisou de uma caixa maior. Depois, a caixa maior também ficou pequena e Flávia resolveu projetar uma mesa para a coleção. Organizados por categoria e separados em caixinhas de acrílico, os lápis ficam expostos na mesa de jantar e contam com a proteção do vidro. É praticamente uma vitrine.

A coleção é bastante diversa. Os 3.700 lápis são únicos, etiquetados e guardados conforme critérios criados pela Flávia. “Cada colecionador tem um método de separação e catalogação. Eu sou professora e pesquisadora, então eu desenvolvi minha própria catalogação. Eu tenho cerca de 35 categorias desses lápis, que eu criei. Dentro dessas categorias tem a caixinha de hotel, escola, universidades, museus, pontos turísticos, publicidade, bancos, escritórios de advocacia”, explica a colecionadora.

“Acho que o que eu tenho mais orgulho da minha coleção é que tenho muito cuidado com os meus lápis. Eu limpo todos, eles têm etiquetas, estão catalogados e não têm cheiro de mofo. Então esse é o cuidado que as vezes o colecionador de lápis que quer [somente] o número, não tem. Eu já vi coleções mofadas e arranhadas”, acrescenta.

É caro colecionar lápis?

A nutricionista revela que compra vários lápis durante as viagens que faz, especialmente as internacionais, pois é fácil encontrar o objeto. Por conta das aquisições ela brinca ao relembrar que durante uma das viagens achou que seria presa.

“A cada viagem eu trazia 50 lápis. Uma vez eu parei no raio-x [do aeroporto], [os lápis] estavam todos enrolados, passei e tive que explicar o que eram. Eu tava em conexão na Alemanha. Eu pensei ‘meu Deus, agora eu vou ser presa por causa dos lápis’. Tem cada história”, ri a colecionadora.

Além das aventuras, é quase que impossível não perguntar para Flávia qual é o lápis preferido e também não é difícil de imaginar que o primeiro tem um espacinho reservado no coração.

“Tenho boas lembranças de lápis de viagens, futebol, cinema. Tenho bastantes lápis bem especiais. Mas acho que o meu preferido é o primeiro porque foi a partir dele que começou tudo”, confirma.

Uma das vantagens de colecionar lápis é o valor. Geralmente eles não custam valores exorbitantes. Entretanto, a pesquisadora revela que já pagou caro por alguns. “Foi um lápis do Museu da Reforma, na Suíça. Ele é todo de grafite. Esse lápis foi super caro, não vou lembrar quanto eu paguei, mas foi caro. Era tipo o preço de uma refeição. Acho que foi na viagem de 2015. Esse várias pessoas já me ofereceram para trocar, mas eu só tenho ele”, comenta.

Muito mais que um objeto! As alegrias de ter uma coleção

Para ela, a coleção adquiriu diversos significados especiais. O primeiro é que essa é uma forma de Flávia lembrar dos momentos que viveu durante as viagens e passeios e também pensar nas pessoas que a presentearam com um lápis.

“Eu faço contagem duas vezes por ano. Olho lápis por lápis, lembro de quem me deu, vejo de onde é e quando foi que ele entrou na coleção. Então acho que é por ai. Às vezes as pessoas não compreendem bem o colecionismo, acham muitas vezes que [a pessoa] não tem o que fazer, que é acumuladora. Várias vezes eu já ouvi isso. E esse tipo de julgamento as vezes as pessoas falam sem saber. Eu via o meu pai, a dedicação que ele tinha para a coleção. As trocas que ele fazia, o orgulho de mostrar a coleção completa. Então o colecionismo vem desse cuidado com as lembranças, o cuidado com as coisas raras. Então as pessoas às vezes não entendem a coleção”, afirma.

Outro significado especial da coleção é que a professora encontrou pessoas que tem o mesmo hobbie que ela. Flávia participa de um grupo no WhatsApp com colecionadores de lápis de várias partes do mundo. Além de passarem dicas sobre os cuidados com o objeto, eles também fazem trocas.

“Entre os colecionadores tem muito de fazer trocas de lápis. Já troquei com colecionador dos Estados Unidos, Argentina, Chile, Alemanha e Espanha. A gente acaba interagindo muito pelo próprio grupo. Normalmente a gente faz assim: trocamos um a um. Então eu envio 50 lápis e a pessoa me manda 50 lápis”, explica.

Além das interações e memórias, outro motivo para a coleção ter se tornado tão importante é que funciona como um incentivo para a pesquisadora explorar a vida. “Eu sou uma mulher muito tímida e o que às vezes me fez sair de casa, o que me fez viajar, o que me fez encarar o mundo lá fora foi a possibilidade de trazer lápis pra casa. De fazer esses amigos colecionadores. Então a coleção envolve muito mais do que um simples objeto em si. Você gasta energia com isso, mas eu acho que os benefícios são muito maiores”.

A filosofia do lápis

Um dos símbolos da educação e usado em praticamente todas as etapas da vida, o lápis também carrega alguns significados. Para a colecionadora, o objeto, feito com carbono, representa resistência e permite recomeços.

“Se a gente errar e, essa é a filosofia do lápis, a gente apaga. Mas é o momento da gente resolver o erro também. A caneta não é assim, a gente não corrige o nosso erro. Se eu erro, eu vou lá e apago, mas eu sei que estou apagando para eu me corrigir. Acho que por trás do lápis, não é só uma coleção, é muito mais”, garante.

Por isso, pensando na prazerosa jornada carregada de memórias e boas histórias que começou há 16 anos, Flávia incentiva quem tem vontade de colecionar algum objeto. Ela aconselha a verificar o tempo, dinheiro e espaço disponível e reforça a importância de cuidar e respeitar uma coleção.

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