“Nós estamos sendo desvalorizados e esquecidos. A antiga empresa nos abandonou e queremos somente nossos pagamentos. É humilhante”. Assim desabafou Rodrigo Guedes de Alvarenga, condutor socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Curitiba ao falar sobre o atraso de salários da categoria. A prefeitura informou que está providenciando o acerto do mês de junho.

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Na manhã desta quarta-feira (08), insatisfeitos com a falta de pagamento, atrasos nos benefícios como Vale Alimentação e Vale Refeição, trabalhadores estenderam faixas na frente da sede localizada no bairro Alto da XV, pedindo auxílio para a prefeitura de Curitiba, atual responsável por honrar os vencimentos.

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A situação de atrasos nos pagamentos virou rotina para os 178 condutores socorristas (profissionais que dirigem as ambulâncias) e radio operadores. Em fevereiro, ficaram sem receber, pois, na época eram contratados da empresa OZZ Saúde Eireli, que administrou os funcionários do Samu na Grande Curitiba. A empresa teve suas contas bloqueadas pela Justiça, o que gerou o atraso.

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Em maio, os profissionais informaram que tiveram o mesmo incômodo quando a OZZ abandonou seus compromissos. Ainda no mesmo mês, a prefeitura de Curitiba assumiu o pagamento dos salários, junto à Justiça do Trabalho, fazendo o depósito dos valores dos salários, via Sindesconar Paraná (Sindicato dos Socorristas, Resgatistas e Condutores de Ambulâncias do Estado do Paraná).   

Agora em junho, o atraso voltou a se repetir ( 5.° dia útil), o que deixou a categoria preocupada com o futuro. “Em momento algum paramos de trabalhar e a viatura sempre esteve rodando. Todos fizeram o melhor, e queremos somente o pagamento. Além disso, estamos com o registro em aberto, e isso atrapalha para quem deseja conseguir outro trabalho. Pedimos para a prefeitura que dê baixa na carteira para conseguir fazer o acerto”, comentou Rodrigo.

Dificuldades para pagar as contas

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Com o atraso a cada mês e sem saber qual dia exato vai cair o pagamento, Rodrigo alega que a classe está tendo que recorrer a novos trabalhos ou à familiares para conseguir pagar as contas. “Estou trabalhando como motorista de aplicativo para comprar coisas para casa. Tenho três filhos, e estou recebendo ajuda da minha mãe e da sogra. É uma bola de neve, pois paga aqui e falta ali”, explicou o condutor socorrista.

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E aí prefeitura?

Em nota enviada para a Tribuna do Paraná, a prefeitura comunicou que está providenciando os pagamentos do mês de junho. “A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba vem, por meio desta, informar que está providenciando os pagamentos salariais do mês de junho aos profissionais da OZZ Saúde Eireli, contratados para a operacionalização do Samu-Curitiba, por meio dos serviços de rádio operadores e condutores de veículos.

A SMS esclarece que a empresa OZZ Saúde Eireli abandonou seus compromissos contratuais com o Samu curitibano no início de maio, sem efetuar os pagamentos aos trabalhadores contratados por ela. Naquele momento, para evitar prejuízo aos trabalhadores e ao serviço, a SMS prontamente fez, junto à Justiça do Trabalho, o depósito dos valores dos salários com vencimento em maio em juízo para a realização dos pagamentos, via sindicatos, aos trabalhadores.

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Nesta terça-feira (07), a Justiça do Trabalho autorizou que a SMS repita o processo referente aos salários de junho, visto que a OZZ Saúde não se manifestou para cumprir este compromisso, assegurando aos trabalhadores seus direitos.

Proativamente, a Secretaria criou um plano de contingência, de forma célere e assegurando a continuidade dos trabalhos: solicitou o cancelamento do contrato com a OZZ Saúde e estabeleceu um contrato emergencial, por seis meses, com outra empresa para operacionalização e manutenção da frota do Samu-Curitibano. Além disso, está em andamento o processo licitatório para contratação permanente de prestador deste serviço.

A SMS esclarece, ainda, que em momento algum houve prejuízo à operacionalização do Samu-Curitiba, visto que, em todo este período, tem mantido contato permanente com representantes das categorias, para esclarecimentos dos fatos e andamento das ações para garantir o pagamento dos salários em aberto e todos os direitos contratuais. Estes, de forma responsável e ética, permaneceram em suas atividades, cientes de que têm assegurados seus direitos”, diz a nota.

Na Câmara

Nesta quarta-feira, em plenário, a vereadora Noemia Rocha (MDB) informou ter conversado com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) sobre o atraso no pagamento dos motoristas de ambulância, que ameaçavam paralisar as atividades do Samu. A parlamentar comunicou ao plenário que, com a mediação do Ministério Público do Trabalho (MPT), a Prefeitura de Curitiba assumirá os pagamentos que deveriam ser feitos pela terceirizada OZZ Saúde, garantindo a continuidade do serviço.

A Câmara de Curitiba informou que pedirá ao Executivo informações sobre a gestão, os contratos, a política salarial e o quadro de servidores lotados no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A requisição, formulada pela vereadora Noemia Rocha, foi lida em plenário e será convertida em ofício para ser enviada à Prefeitura de Curitiba (062.00398.2022).

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