Depois de quatro anos de espera, o novo prédio do Instituto Médico-Legal (IML) de Curitiba foi inaugurado na manhã desta quinta-feira (15). Mais moderno e com uma estrutura de ultima geração, conforme divulgou o governador Beto Richa (PSDB), o prédio deve começar a funcionar já nesta sexta-feira (16). Do lado de fora da nova sede do IML, aprovados no concurso da Polícia Científica, que ainda não foram chamados, protestaram.
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Sediado agora na Rua Paulo Turkiewicz, no Tarumã, a obra do IML teve vários imbróglios. A primeira previsão era a de que a obra seria entregue em 2015, depois mudou e chegou até a ficar parada por falta de recursos. Ao todo, foram investidos R$ 25 milhões na estrutura física e outros R$ 10 milhões em equipamentos.
A parte interna do IML de Curitiba tem cara de filmes americanos. No necrotério, são várias mesas para os exames de necropsia – que vão poder ser feitos em vários corpos de forma simultânea – e foi comprada até uma máquina de raio-x para a analise completa dos corpos. As câmaras frias, parte mais crítica do atual IML, que fica na Avenida Visconde de Guarapuava, agora são maiores e cabem mais de 100 corpos.
A estrutura também foi pensada para receber os familiares das vítimas. Antes, quem precisava fazer algum tipo de reconhecimento de um parente morto precisava entrar numa área bem crítica do IML. Agora foi criada uma sala, específica para o reconhecimento dos corpos.
Além disso, os exames de corpo de delito receberam salas específicas, semelhantes às de consultórios médicos de um hospital. No antigo prédio do IML, estes procedimentos eram feitos numa parte adaptada, antiga e sem nenhuma estrutura para que os médicos trabalhassem.
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“Esse IML é um grande símbolo de Curitiba, com oito mil metros quadrados, é um dos mais modernos do mundo”, defendeu Beto Richa. Segundo o governador, o padrão adotado em Curitiba é único no Brasil. “Não tem nada igual, nada parecido, em toda a América Latina. Conseguimos trazer a estrutura adequada, física, para os familiares e a adequação para receber os corpos. Agora estamos bem supridos”.
O governador disse que, desde quando começou a governar o Paraná, havia assumido o compromisso de construir um IML que devolvesse a dignidade aos profissionais da Polícia Científica e também aos familiares das vítimas. “Sabíamos que o antigo IML vivia numa situação terrível. Câmaras que não funcionavam, corpos em avançado estagio de composição, sem nenhuma estrutura”.
Além do novo prédio de Curitiba, o governo anunciou que reformou outras quatro unidades no Paraná e tem previsão de inaugurar pelo menos mais três prédios ainda neste ano. “Já inauguramos o de Maringá e semana que vem vai ser feita a abertura do de Londrina e em Toledo”.
Sob protestos
Na calçada, do lado de fora do novo IML, estavam os aprovados no último concurso da Polícia Científica acompanhados de representantes do Sindicato dos Peritos Oficiais e Auxiliares do Paraná (Sinpoapar) e de profissionais que já atuam em suas funções. Eles cobravam que Beto Richa chame os concursados que foram aprovados. “Não é só de prédio e de viatura que se faz a segurança pública. Nós não somos contra a inauguração, mas não adianta nada essa estrutura toda, se não tiver funcionário o suficiente”, desabafou Alexandre Brondani, presidente do Sinpoapar.
Recentemente, até um outdoor foi colocado em frente à casa do governador, que anunciou que vai contratar 28 dos 54 aprovados. Estes aprovados, segundo o governo, já foram nomeados e a situação está seguindo os trâmites. “Nós ainda temos um banco de aprovados, que podem ser chamados a qualquer momento. Mas matemos a cautela, porque temos questões que nos impedem de chamar mais, em função do limite da receita do Estado, a qual os gastos são vinculados. Conforme forem os gastos, vamos chamando mais servidores”, explicou Beto Richa.
Segundo Adriano Halama, de 37 anos, que representa os aprovados no concurso, a série de problemas que o IML tem enfrentado está diretamente relacionada à falta de profissionais. “Ainda que chamassem todos os 54 aprovados, isso não mudaria muito a situação. Precisávamos que o governo aproveitasse também a lista dos que ficaram para cadastro de reserva”.
Com um caixão, simulando a morte da Polícia Científica do Paraná, Adriano explicou que é para esse rumo que a instituição corre, por falta de efetivo. “Não adianta um prédio desse porte, sem funcionários. É um prédio vazio. Ele não vai resolver um crime, não vai coletar evidência e não vai ser esse prédio que vai sair daqui e vai coletar um corpo que espera há 13 horas na rua”, concluiu.