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Com papel a R$ 0,01 o quilo, catadores sofrem com reajuste de preço em Curitiba

Foto: Lineu Filho / arquivo Tribuna do Paraná.

Papelão, embalagens de leite, ovo e remédios nas ruas. Talvez você não tenha notado, mas está ficando cada vez mais comum encontrar esses itens nas ruas de Curitiba e Região Metropolitana. A explicação está na queda acentuada nos valores pagos aos catadores de reciclagem que buscando uma renda maior, acabam recolhendo produtos que irão pagar mais. 

O material coletado informalmente pelos catadores é vendido diretamente para compradores privados, sem o intermédio da prefeitura. Já o material recolhido por associações parceiros da prefeitura de Curitiba tem auxílio na renda mensal, e os valores de compra de itens encontrados na rua não tem grande variação no modo geral.

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Os catadores coletam cerca de 86% do material reciclável de Curitiba. Desde o fim da pandemia, em maio de 2023, o baixo preço pago por materiais está reduzindo a renda daqueles que recolhem o lixo nas calçadas. O preço pago pelo quilo da latinha caiu, em média, de R$ 7 para R$ 4,50. Já o preço do papelão despencou para R$ 0,30, e pior, o papel misto por quilo vale para R$ 0,10 ( embalagens de leite, ovo e remédios), fora enquanto o plástico, que era vendido a R$ 1,80, teve uma queda aproximada de 80% no valor.

Segundo Deoclécio Celestino Teixeira, presidente Associação de Recicladores e Catadores (Reciplastic), os valores repassados são ridículos, e algumas famílias estão desistindo de trabalhar com material reciclável. “Na tabela oficial, o papel misturado está valendo um centavo o quilo. Se encher uma caçamba de caminhão dá 800 quilos, ou seja, o coletor vai receber R$ 8 reais no dia. A pessoa trabalha para comprar alguns pães para a casa, mas e o resto? Tem aquele que coloca combustível e precisa pagar um auxiliar, tem a cordinha para amarrar. Vai ser prejuízo na certa, por isso tem gente abandonando o trabalho e buscando outra ocupação ou recolhendo aquilo que vale mais”, disse Deoclácio. 

Queda acentuada 

Para entender por que os preços caíram tanto é preciso considerar uma soma de fatores. A oferta global de matéria-prima virgem de plástico aumentou, afetando os preços do plástico reciclável, fora a desvalorização da resina usada na fabricação de plásticos, que sofreu uma queda de 28% nos últimos doze meses. Isso tornou a reciclagem de plástico menos atrativa do ponto de vista financeiro.

Outra questão é o aumento significativo nas importações de resíduos. Nos últimos três anos, as importações de resíduos de papel mais que dobraram, enquanto as de resíduos de vidro cresceram 73% e as de plástico, 7%, criando uma concorrência desleal para os materiais recicláveis produzidos localmente.

Apesar dos números, Katherine Bittencourt, a Kathy, catadora de recicláveis no bairro Sítio Cercado, em Curitiba, e inspiradora para mais de 600 mil pessoas na internet, essa variação no preço pago pelo quilo é comum em certas épocas do ano. “Dezembro tem mais consumo das pessoas e tem muito material na associação, e os depósitos recebem mais, e naturalmente pagam menos. Varia o período, e tem diferenças nos compradores, o valor pago tem diferença de um ponto para o outro”, comentou Kathy.

Ecocidadão

Sob a responsabilidade da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, o Programa Ecocidadão surgiu em 2007. O programa conta com mil associados beneficiados, sendo que os barracões recebem o material da coleta feita pelos caminhões do Lixo que Não é Lixo, além do material entregue diretamente pela população ou por empresas e condomínios próximos aos barracões. Nos locais, é feita a separação, triagem e venda para reciclagem e reaproveitamento.

Cada associação recebe um valor por tonelada pelo beneficiamento. São 40 associações do Ecocidadão que recebem 1.700 toneladas de lixo reciclado por mês. Elas são responsáveis pela separação e triagem de 100% dos recicláveis da coleta seletiva de Curitiba. “ É um projeto essencial aos coletores, pois com o repasse da prefeitura aumenta o valor mensal de cada um. Estamos vivenciando um  momento  complicado, é preciso valorizar quem está no dia a dia nas ruas”, completou Deoclécio Teixeira.

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