Estephany Rodrigues e Juan de Lima, responsáveis por denunciar policiais militares de agressão, prestaram depoimento na sexta-feira (29) na Corregedoria Geral da Polícia Militar, no bairro Prado Velho, em Curitiba. O caso chamou a atenção até do governador Ratinho Junior que admitiu excesso na ação que resultou em ferimentos na proprietária de uma hamburgueria na rua Raul Pompéia, na Cidade Industrial de Curitiba.
Segundo o advogado que representa as vítimas, ele acredita em uma punição severa com exclusão do quadro da PM do Sargento Rogério Alcir Pinheiro e o capitão Júlio Carlos Garcia Goulart no Inquérito Policial Militar (IPM). “Com certeza serão denunciados pelo promotor de justiça que milita na Vara de Auditoria Militar, pelos atos perpetrados contra a empresária e seu funcionário. E também excluídos da PM. Pois às atitudes pontuais dos mencionados policiais, fere o decoro da classe, e são contrários a hierarquia e disciplina. Não sendo admitido a permanência deles nas fileiras da gloriosa PMPR”, diz a nota enviada a imprensa.
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Claudio Dalledone Júnior, advogado de defesa dos PMs, comentou durante a semana que diz que os policiais utilizaram o uso progressivo da força por causa do comportamento da mulher. “A resistência dela ao algemamento e a contenção depois da ordem de prisão do policial fez com que gerassem as lesões. Isso tudo irá ser devidamente analisado pelas autoridades competentes”, relatou Delledone.
Governador admitiu excesso na ação
O governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), disse em entrevista durante a semana que a atuação da Polícia Militar (PM) foi um “ponto isolado”, no caso da agressão à dona de uma hamburgueria. “O Governo do Paraná, a Secretaria de Segurança Pública (Sesp) e o próprio Comando da Polícia Militar não admitem esse tipo de abordagem. Nós temos 25 mil homens e mulheres trabalhando na PM, todos bem treinados, e infelizmente um ou outro policial acaba tendo um excesso que não está dentro daquilo que é treinado que é do dia a dia”, falou o governador.
O que a PM diz
A PM informa que foi instaurado um procedimento interno sobre a ocorrência da Rua Raul Pompéia, da madrugada do sábado (24), o qual vai ouvir, por exemplo, partes envolvidas e testemunhas, e levantar informações acerca do fato. A Corporação não se manifestará durante o andamento do procedimento, sobre nenhuma situação, para não atrapalhar ou interferir nas apurações.
Entenda o caso
Na madrugada do sábado uma mulher foi agredida durante procedimentos da Ação Integrada de Fiscalização Urbana (Aifu). O caso aconteceu durante uma abordagem da PM, na rua Raul Pompéia, para fiscalização e combate de aglomerações e foi filmado por pessoas presentes no local.
A confusão começou após o fechamento de uma hamburgueria da região, por conta do descumprimento de normas sanitárias estabelecidas para o controle da pandemia da covid-19 em Curitiba. Os policiais abordaram um rapaz por desacato. Ele seria entregador do estabelecimento, segundo a PM. Em um vídeo, feito pela dona da lanchonete, imagens mostram o homem sendo arrastado e jogado no chão durante a abordagem. Nesse momento, a mulher reclama com os PMs e parece ser agredida.
“Vocês passaram dos limites! Ridículos”, exclama Estephany Rodrigues, enquanto grava a cena. Porém, ao se aproximar dos policiais, a mulher tem o celular derrubado no chão. Durante a discussão, Estephany também é derrubada e começam as agressões.
Imobilizada, o vídeo mostra a mulher recebendo golpes no rosto e o joelho do policial sobre o rosto dela. Com gritos e choro, Stephany sinalizou a violência: “Ele tá quebrando minha mão”. Em outro vídeo, publicado nas redes sociais, Estephany aparece no hospital, com sangramentos no rosto.