Loja tradicional!

“Boom” da neve em Curitiba e fotos secretas; Colorama resiste ao tempo revelando memórias

A imagem mostra um homem de camiseta azul olhando para o fotógrafo. A imagem tem uma guilhotina de cortar papel e uma câmera. Há porta retratos ao fundo.
Carlos Eduardo é o atual responsável por manter a história viva com o funcionamento da loja do Juvevê. Foto: Átila Alberti/Tribuna do Paraná.

Há 58 anos realizando sua imagem! A pioneira na revelação própria e na coloração de fotos, a Colorama segue firme na história das famílias de Curitiba. Uma única loja no bairro Juvevê resiste aos tempos da tecnologia de uma rede que chegou a ter 27 endereços na capital e até em Santa Catarina.

A Colorama foi fundada em 1966 por Luiz Carlos Ramos, um bancário que fez um curso de fotografia do Aeroclube do Paraná. A princípio, Luiz tinha a intenção de conseguir uma renda extra fazendo fotos em jogos de futebol para os jornais. Foi pegando gosto pela profissão e percebeu que existia um mercado aberto para novos empreendimentos, tal como a revelação de foto em Curitiba.

Carlos Eduardo Ramos, 57 anos, um a menos que a Colorama, é o atual responsável por manter a história viva com o funcionamento da loja do Juvevê. Filho do fundador, Carlos viu na infância o reconhecimento de outras famílias no trabalho do pai.

“Ele pegou gosto pela foto e a revelação em preto e branco na época. Começou a revelar em casa comprando aparatos químicos. Alguns amigos começaram a pedir para revelar, pois na época os filmes eram enviados para São Paulo. Demorava uma semana e ele viu a oportunidade de negócio. Existia uma única loja na Rua Emiliano Perneta que era uma espécie de ponto de coleta ”, disse Carlos.

Com a sociedade definida com amigos, Luiz abriu um laboratório de revelação de foto em Curitiba, na Rua Tibagi, no Centro. Já a primeira loja foi na Marechal Deodoro,261, na Galeria Minerva. Virou atração e passeio familiar da cidade, onde os pais levavam os filhos com os filmes de 12,24,36 poses.

“Ele se associou com outros dois amigos, um deles com mais grana e outro que queria trabalhar. Começou na Tibagi, e aí começou a decolar com máquinas mais modernas para revelação. Na sequência entrou o colorido com a Kodak e a Colorama foi a pioneira na revelação de fotos em Curitiba e na cor, miniaturiazação das maquinas com fotos em 24 horas”, lembrou o filho Carlos.

A neve de 1975: um marco na história da Colorama

No dia 17 de julho de 1975, foi registrada neve em Curitiba que cobriu a cidade de branco. As pessoas queriam registrar o fenômeno para a posterioridade e nem todos tinham máquinas de fotografia.

As pessoas foram correndo para a Colorama para comprar o equipamento ou mesmo os filmes para depois revelar. Foi o dia em que a empresa mais faturou na história dos seus 58 anos de vida. “A neve de 1975 foi a que deu o impulso, e a Colorama tinha um estoque de quatro meses. Eu tinha 8 anos quando fui com meu irmão e minha mãe ver a neve e passar na loja da Galeria Minerva. A gente não conseguiu entrar de tanta gente. A pessoa comprava o filme e o vendedor colocava o dinheiro em uma caixa. Foi assim por horas, vendeu tudo na loja. Foram mais de 40 dias revelando fotos acima do normal”, reforçou Carlos.

Imagem antiga mostra pessoas caminhando com neve em Curitiba, ao lado do Bondinho da Rua XV. As pessoas estão com muito frio e com guarda chuva para se proteger da neve.
Neve em Curitiba: Imagem rara do fenômeno que marcou a história da cidade.” Foto: Arquivo/Tribuna do Paraná/Gazeta do Povo.

Depois da neve, a Colorama expandiu em toda cidade. Ir ao Centro significava encontrar a empresa que chegou a ter 21 lojas em Curitiba e seis em Santa Catarina. “A período de ouro da Colorama foi no final de década de 1970 e 1980. Em 1990 não foi ruim, a Kodak trouxe muita coisa para cá, criou várias câmeras para todos os públicos. Isso impulsionou e as pessoas recorriam ao comércio para adquirir câmeras, filmes e pilhas”, comentou o filho do fundador que faleceu em 2020.

Curiosidades: os pedidos secretos dos clientes

A revelação da foto em Curitiba não era tarefa fácil para quem registrava a imagem. Muitas cenas se perdiam pela qualidade das câmeras ou mesmo uma foto tremida. E pior, só saberia se a imagem prestou após revelação do filme.

Fora disso, algumas fotos eram curiosas. Gente pelada, com os primórdios dos nudes” e pedidos para não mostrar a revelação para muita gente ocorria dentro das lojas. “A gente ficava de olho nos impressores, pois alguns tinham mania de guardar as fotos. Tinha cliente que avisava que tinha feito fotos sensuais e pedia para não expor. Em alguns casos, a gente colocava mulheres para revelar essa produção sozinha. Lacrava o envelope para ninguém ter acesso, mas acontecia de mostrar para os funcionários, e de vez em quando, abria uma gaveta e encontrava fotos de gente pelada”, brincou Carlos.

Com o avanço da tecnologia e dos celulares fazendo fotos, as pessoas mudaram a forma de ter a imagem. Grande parte mantém os registros no aparelho móvel e a impressão reduziu. Os antigos álbuns de fotos perderam espaço para os aplicativos.

“A queda do volume de fotos impressas reduziu a quantidade de lojas. O sonho lá atrás era que todos levassem uma câmera na mão todos os dias, e hoje isso ocorre com os celulares. Hoje se faz uma foto ruim, apaga e faz novamente. Além disso, as pessoas não separam tempo para escolher a melhor imagem”, opinou Carlos que segue trabalhando diariamente na loja Colorama da Avenida João Gualberto, 1571.

Qual é o futuro da empresa em Curitiba?

Prestes a completar 60 anos de vida, a Colorama não tem planos de fechar as portas para a clientela. A única loja sobrevivente segue fazendo serviços de revelação de foto em Curitiba com técnicas mais modernas e com antigos produtos, tais como os famosos filmes com 36 poses. O legado vai seguir mantendo a fidelidade e a relação com o curitibano.

“Eu nasci dentro da Colorama, é difícil não relacionar. Algo diz que é para seguir, e no Juvevê conseguimos sobreviver bem. Nunca consegui sair, seria estranho não ir na loja. Tem mais alguns anos que iremos espremer o mercado”, completou o guerreiro Carlos.

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