O Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC/UFPR) entrou para a história da saúde pública paranaense ao realizar, em 13 de dezembro, a primeira cirurgia do processo transexualizador pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no estado. O procedimento, que consistiu na remoção de útero, trompas e ovário de um homem trans, marca um avanço significativo nos direitos e no atendimento integral à comunidade LGBTQIA+.
Esta conquista é fruto de uma colaboração iniciada em 2017 entre a Secretaria de Estado da Saúde do Paraná, a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba e o CHC/UFPR. O objetivo principal é expandir o acesso a cuidados especializados, tanto ambulatoriais quanto hospitalares, focando no bem-estar completo dos pacientes.
Beto Preto, secretário estadual da Saúde, ressaltou a importância deste marco: “Com a realização do primeiro procedimento hospitalar, o Paraná dá um passo importante para ampliar o acesso à saúde especializada para a população trans. Estamos trabalhando intensamente para consolidar o acesso ao processo transexualizador, garantindo um atendimento humanizado e inclusivo. Esse primeiro procedimento é resultado do compromisso em promover equidade na saúde pública”.
O processo transexualizador no SUS tem uma história que remonta a 2008, com atualizações significativas em 2013 e 2024. No Paraná, o atendimento ambulatorial já é uma realidade há mais de dez anos, graças ao Centro de Pesquisa e Atendimento a Travestis e Transexuais (CPATT). Desde 2013, o CPATT já acolheu 1.211 usuários de 143 municípios, realizando mais de 27 mil atendimentos diversos.
Para chegar a este momento histórico, a Secretaria de Estado da Saúde investiu na capacitação de profissionais. Desde 2018, médicos e equipes multiprofissionais do CHC/UFPR participaram de cursos especializados na Universidade de São Paulo (USP). Paralelamente, as equipes técnicas e de gestão têm trabalhado na criação de protocolos que garantam um atendimento seguro e completo em todas as etapas do processo.
Esta cirurgia pioneira representa não apenas um avanço médico, mas também um passo importante na direção da igualdade e do respeito à diversidade no sistema de saúde paranaense. É um sinal claro de que o estado está comprometido em oferecer cuidados de saúde abrangentes e inclusivos para todos os seus cidadãos, independentemente de sua identidade de gênero.