A Polícia Civil (PCPR) indiciou cinco pessoas, nesta terça-feira (27), pelo engavetamento na BR-277 que terminou com oito mortos e 40 feridos em 2 de agosto de 2020, por volta das 22h, em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba. As investigações do acidente duraram quase um ano na 1.ª Delegacia Regional da cidade. O relatório de conclusão do inquérito tem 38 páginas e o laudo da Polícia Científica conta com mais de 150 páginas.
+Viu essa? Casa de madeira é devorada por incêndio no Vista Alegre, em Curitiba
Os apontamentos indicam que o caminhão responsável pelo engavetamento estava acima da velocidade permitida e que a concessionária Ecovia, que administra a rodovia, poderia ter previsto o acidente e evitado a tragédia com sinalização e alertas.
Segundo a PCPR, a falta de visibilidade foi fator provocador principal da ocorrência. A fumaça de um incêndio em vegetação tomou conta da pista. A visibilidade que era de 15 metros caiu instantaneamente para zero no momento do acidente. De acordo com informações do dia do acidente, o incêndio já estava ocorrendo há algum tempo e a presença de fumaça não era novidade.
+Leia mais! Leilão online tem Sandero, Ranger, Corolla e mais carros com preços abaixo do mercado
A PCPR informou que o motorista do caminhão, Claudio Alexandre Seroiska, foi indiciado por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Outros quatro funcionários da Ecovia, entre controladores de tráfego e supervisores, também foram indiciados por homicídio simples e por lesão corporal.
+Leia mais! Engavetamento com atropelamento deixa oito mortos e diversos feridos na BR-277
Segundo informações da época do ocorrido, a presença de fumaça nas proximidades da BR-277, no trecho do acidente, já vinha sendo percebida há cerca de uma semana antes do engavetamento. Segundo o relatório da PCPR, a concessionária já poderia ter feito a sinalização do local. Porém, a sinalização, de acordo com o relatório, só foi feita depois do acidente. O laudo da PCPR ainda diz que o caminhão estava do lado direito da pista, a 95 km/hora, mas, depois, reduziu para 75 km/hora e bateu contra sete veículos.
“Nós ouvimos mais de 60 pessoas nesse procedimento. Anexamos documentos, como um laudo do Simepar que dizia que no local não existia neblina, ou seja, a falta de visibilidade decorreu única e exclusivamente da fumaça”, disse o delegado Fábio Machado, ao Meio Dia Paraná, da RPC, desta terça-feira (27).
“Mesmo esse motorista, se tivesse visibilidade, ele conseguiria parar o seu veículo. O fato é que, naquelas condições, o motorista deveria ter reduzido a velocidade. Ele não reduziu. Dirigiu acima da velocidade permitida. O que nós achamos que é muito importante, aqui destacar, é que todas as pessoas ouvidas foram unânimes em dizer: ‘não existia nenhuma sinalização no local que me dissesse neblina, falta de visibilidade ou difícil trafegabilidade’. Nada disso foi informado”, destacou Machado.
+Leia mais! Baleia jubarte é encontrada no Litoral do PR; é a quinta encalhada nos últimos três meses
A defesa do motorista disse ao Meio Dia Paraná que só vai se manifestar depois de ter acesso a atualização do processo. Já a Ecovia disse ao jornal, em nota, que recebeu com surpresa o relatório final do inquérito policial. “A concessionária seguirá apresentando a sua defesa firme na consistência das provas existentes no processo”, diz a nota enviada.
O acidente
A densa fumaça de uma queimada na altura do km 77 da rodovia, perto do cruzamento com a Avenida Rui Barbosa, na região dos motéis, na divisa com Curitiba, foi o início do acidente. Entre os veículos envolvido estavam ao menos 16 carros, entre eles uma viatura da Polícia Militar (PM), cinco motos e um caminhão, além de pessoas atropeladas.
O acidente começou com a fumaça de uma queimada à beira da estrada. Com a visão prejudicada, condutores de três veículos se chocaram e formaram o primeiro engavetamento, sem gravidade. Em seguida, um caminhão não conseguiu frear e atropelou os ocupantes dos carros engavetados. Os carros e motos que vinham atrás do caminhão também não conseguiram frear e se formou um engavetamento gigante.