Os transtornos causados pelas chuvas deste mês de dezembro, na Bahia, têm motivado várias frentes de ajuda para aquele estado, das doações de alimentos e roupas até o apoio para equipes de socorro e resgate. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), este mês foi marcado por muita chuva também no norte de Minas Gerais e do Espírito Santo.
Mas o que tem causado tantas chuvas assim naquela parte do pais?
A explicação para as precipitações mais volumosas e duradouras, entre outros fatores, tem relação também com o fenômeno La Niña, dizem os meteorologistas. Mas e o Paraná, corre o risco de sofrer com chuvas intensas nos próximos dias?
De acordo com o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), não há risco de chuvas como as da Bahia por aqui. “O que causa chuvas pra lá é a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Na verdade, é a persistência desse fenômeno um pouco mais ao Norte do que o habitual. A ZCAS é clássica no verão, mas atua mais no Sudeste do Brasil”, explicou para a Tribuna o meteorologista Lizandro Jacóbsen, do Simepar.
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É essa persistência da ZCAS que tem a ver com o La Niña. O Inmet explica que a ZCAS é um dos principais sistemas meteorológicos responsáveis pela reposição hídrica em parte do Brasil central no período chuvoso e tem como característica a persistência de uma faixa de nuvens que fica praticamente estacionada em um corredor que vai da região amazônica ao Sul do Brasil.
Além da ZCAS, a temperatura da superfície do mar nos oceanos Pacífico e Atlântico também contribuiu para potencializar as condições das chuvas.
No oceano Pacífico, a atual temperatura do mar abaixo da média configura o fenômeno La Niña. Atualmente, de acordo com o Inmet, as anomalias são da ordem de -1,1° C, o que define o fenômeno como de intensidade moderada.
Já no oceano Atlântico Sul, as temperaturas da superfície do mar estiveram em torno de 0,5°C acima da média em toda a costa da região Nordeste do Brasil, favorecendo a manutenção e permanência da banda de nebulosidade da ZCAS sobre grande parte do estado da Bahia. “Aqui no Paraná, no Sul do Brasil, o efeito do fenômeno Lá Niña é o tempo mais seco”, diz Jacóbsen.
Em outubro deste ano, o Simepar já havia previsto que o La Ninã traria impacto na ocorrência de chuva, diminuindo as precipitações, mais para o fim da primavera e durante o verão. Para os próximos meses, o Paraná deve ter chuva abaixo da média climatológica. Quer dizer que o verão será mais seco, com temperaturas mais elevadas e com pancadas ocasionais de chuva. “Há expectativa é de que os efeitos do fenômeno comecem a diminuir após o verão, no outono”, finaliza Lizandro Jacóbsen.
Enchentes e mortes na Bahia
Ao menos 58 cidades das regiões sul, sudoeste, oeste e recôncavo da Bahia já tinham sido fortemente impactadas pelas chuvas dos últimos dias, inclusive causando a morte de ao menos 21 pessoas e muita destruição com inundações, alagamentos, enchentes e deslizamentos de terra.
Os municípios que enfrentaram problemas em decorrência das chuvas são: Anagé, Angical, Arataca, Aurelino Leal, Barra do Choça, Belmonte, Belo Campo, Brejolândia, Caatiba, Caetanos, Camacã, Canavieiras, Coaraci, Cotegipe, Dário Meira, Firmino Alves, Floresta Azul, Gandu, Governador Mangabeira, Ibicaraí, Ibicuí, Ibipeba, Igrapiuna, Iguaí, Ilhéus, Ipiaú, Itabela, Itabuna, Itajú do Colônia, Itajuípe, Itambé, Itapé, Itapetinga, Itapitanga, Itaquara, Itororó, Jequié, Jiquiriçá, Jucuruçu, Jussiape, Lafaiete Coutinho, Manoel Vitorino, Marcionílio Souza, Milagres, Mutuípe, Pau Brasil, Poções, Prado, Santa Inês, Santonópolis, Sapeaçu, Teolândia, Ubaíra, Ubatã, Uruçuca, Valença Vitória da Conquista e Wanderley.
Quer ajudar?
O Governo da Bahia disponibilizou uma conta bancária para recebimento de doações em dinheiro para ajudar as vítimas das enchentes na Bahia. Os recursos serão utilizados para compra de itens básicos, como geladeiras e fogões, e beneficiarão famílias de todas as regiões que foram impactadas pelas fortes chuvas deste mês de dezembro.
A conta bancária do Banco do Brasil tem como número de agência 3832-6 (setor público) e conta número 993.602-5, identificada como BA Estado Solidário. Para depósitos via PIX, os doadores devem usar o CNPJ da Sudec – Superintendência de Proteção e Defesa Civil do Estado: 13.420.302/0001-60.