Transtorno, prejuízo e irritação. Os artesãos da Feira do Largo da Ordem, no Centro Histórico de Curitiba, tiveram um domingo (04) de pesadelo e muito prejuízo. A forte chuva que caiu pela manhã molhou produtos que estavam em exposição para a venda. O prejuízo gerado com as perdas destacou novamente a ineficácia das novas barraquinhas cedidas pela prefeitura que, segundo alguns feirantes, não são úteis e nada protegem em caso de temporais, por exemplo

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Os relatos dos problemas no domingo foram divulgados nas redes sociais e enviados para a reportagem da Tribuna do Paraná, que acompanha há algum tempo essa polêmica. Várias imagens mostram o desespero dos feirantes ao perceberem que os produtos confeccionados – grande parte a mão e que levaram dias até ficarem prontos – estavam sendo atingidos pela água que vinha de todos os lados. 

Valnicéia de Oliveira Camporeis comercializa pano de prato desde 2005 na Feira do Largo da Ordem, no centro de Curitiba. Segundo ela, o plástico que fica na barraca nova não segura a chuva. Além disso, não tem como prender outro tipo de proteção nas laterais ou até mesmo na frente.

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Imagem mostra água invadindo a bancada onde os produtos artesanais ficam em exposição. Foto: Colaboração
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“Eu venho falando que a barraca não é adequada pra gente. Foi preciso ter uma chuva mais forte para comprovar isso. Infelizmente, estamos tendo que fazer uma gambiarra na barraca a cada domingo. O plástico que colocaram não segura a chuva, não tem onde prender, e a água passou em cima e pelo lado. Não foi o vento que levou a chuva para dentro, isso eu garanto. Nós reclamamos e a prefeitura não dá bola”, frisou Valnicéia.

Outra feirante que teve transtorno foi a Roseli Trindade. Ela comercializa aventais infantis e de times de futebol e precisou deixar os produtos no sol para secar.

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“A barraca não aguentou, molhou os aventais, a maquininha de cartão e tudo que ali estava. Na barraca antiga a gente conseguia colocar o plástico e nesse modelo não tem como colocar os grampos. Depois que a chuva parou, eu coloquei para secar e deu certo. Menos mal que não perdi nada”, afirmou Roseli. 

Chuva veio por todos os lados e deixou feirantes numa enrascada. Foto: Reprodução/Instagram.

Estão tratando a gente como lixo

Uma artesã que preferiu não ser identificada teve um prejuízo de quase R$ 2 mil ao perder sabonetes com a chuva. Além disso, ela reforçou que nunca tinha ocorrido esse tipo de perda ao longo dos 35 anos em que está na Feira do Largo da Ordem.

“Nunca perdi material como desta vez. São 35 anos de feira, um absurdo. Essa barraca é para estar num local fechado. Meu prejuízo chegou a R$ 1,8 mil só nos sabonetes. Conheço pessoas que perderam tudo, pois comercializam peças de madeira estufaram com a água. Alguém vai pagar o prejuízo? Estão tratando a gente como lixo, enfiaram essa barraca goela abaixo e a chuva mostrou que ela é inviável”, desabafou a feirante, que alertou ainda para o perigo dos ventos fortes. “Quando vier um vendaval vamos ver as barracas voando. Anote aí, vai ocorrer um grande problema ainda na feirinha”, previu a feirante. 

Opiniões diferentes

No Instagram Feirinha do Largo as opiniões sobre o que ocorreu no domingo com a chuva forte e as novas barracas deixam a discussão ainda mais acirrada.  “Triste foi o dia de hoje. Produtos totalmente molhados. Inclusive a mesa que compramos para adaptar está perdida. Estufou de tanto que molhou. Quem vai se responsabilizar pelos pelos prejuízos causados pela péssima barraca”, escreveu Sheibe. 

Em outro comentário na postagem uma pessoa escreveu que a chuva foi intensa e a barraca antiga também não iria proteger totalmente. “Acredito que as intempéries castigam de qualquer jeito. Barracas novas, antigas, bem planejadas ou qualquer outra coisa. Já passei por muitos perrengues desse tipo e mesmo preparada nas laterais, plásticos e proteção, perdi material”, comentou o internauta.

E aí prefeitura? 

No site da prefeitura, informa-se que novas barracas estão sendo implantadas aos poucos para que todas as 800 unidades que compõem a feira sejam substituídas até o fim de março, quando está prevista a entrega da última barraca licitada. Ainda no portal, a presidente do Instituto Municipal de Turismo, Tatiana Turra, reforçou que o serviço está sendo feito em etapas para melhor adaptação dos artesãos.

O momento é de transição dentro de uma importante transformação que estamos promovendo na dinâmica da feira, liberando os artesãos das obrigações ligadas à montagem das barracas e permitindo que se concentrem exclusivamente em suas criações”,  disse Tatiana.

Em dezembro do ano passado, alguns testes foram feitos. Foram instaladas 30 barracas no trecho da Rua Dr. Muricy, onde ficam os artesãos das feiras de bairros e que fazem rodízio na Feirinha do Largo aos domingos. Na oportunidade, a prefeitura noticiou que feirantes estavam contentes com o novo modelo. Porém, isso não é unanimidade e muitos feirantes reclamam de barracas furadas ou enferrujadas apesar do pouco tempo de uso

“Essa barraca não atende da forma que queremos. A antiga estava feia, suja, estragada, mas era perfeita para atender. Ela era em forma de L, tinha espaço na parte de baixo para deixarmos nossos materiais e essa nova não tem isso. É uma mesa grande, mas temos que colocar as caixas no chão. Eu fico na Mateus Leme, e quando chove, ali os bueiros entopem. Vai molhar tudo, pois não tem onde colocar. E pior, já veio enferrujada e com furos”, reclamou Fabiane Miranda, artesã e há cinco anos no Largo da Ordem. 

Tá, mas e o problemas da chuva, Prefeitura?

Quanto aos problemas ocorridos no domingo, a prefeitura de Curitiba não emitiu nota oficial até a publicação da reportagem.

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