Fuzilaria no interior de uma residência no Xaxim deixou seis pessoas mortas, entre elas uma mulher, na noite de terça-feira. A casa que foi palco da matança, na Rua Deputado Benedito Lúcio Machado, era de Waldir Fagundes Pereira, 46 anos, uma das vítimas, que costumava utilizar a residência como “mocó”. Por conta disso, a polícia acredita que o tráfico de drogas está por trás do crime
Segundo informações da Delegacia de Homicídios, por volta das 23h30, Waldir estava reunido com outros cinco usuários de droga quando foram surpreendidos por três homens, que vestiam roupas estilo “hip-hop” e estariam encapuzados. Outros dois bandidos ficaram aguardando na esquina da residência que o trio atirasse nas vítimas.
Testemunhas contaram à polícia que o trio chegou a pé, invadiu a casa – de apenas dois cômodos e banheiro – e obrigou as vítimas a deitarem no chão de bruços, com as mãos para cima. Em seguida, os marginais executaram os seis homens com pelo menos três tiros na cabeça de cada um.
Além de Waldir, que era conhecido como “Nego Di”, foram mortos Celso Juliano dos Reis, 33; o mecânico Marcos Roberto Barbosa, 35; Rafael Starium Machado, 24; Jefferson Godoy Bueno, o “Boca”, 37, que trabalhava como auxiliar de serviços gerais, e a dona de casa Elizabete do Rocio Plahinsce da Silva, 42, a “Betinha”.
As vítimas eram usuárias de droga e moravam no Xaxim. Além do excesso de violência, o que chamou a atenção da polícia é que todas as vítimas eram adultas, pois geralmente usuários de crack são jovens ou adolescentes.
Tiros
Segundo Claudemir Fagundes Pereira, irmão do “Nego Di”, ele estava dormindo na casa ao lado quando ouviu os tiros. “A gente já esperava que isso pudesse acontecer um dia. Ele já tinha sofrido uma tentativa de homicídio recentemente”, contou.
Um vizinho, que acordou assustado com os disparos, acionou a Polícia Militar. No local, policiais constataram que pelo menos duas armas diferentes foram utilizadas: pistolas calibre 9mm e 380. Vários projéteis e um estojo de pistola calibre 9 mm foram recolhidos no local pelo perito Silvestre, do Instituto de Criminalística.
Apesar de a casa ser utilizada para consumo de drogas, nenhum entorpecente foi encontrado na residência pelos investigadores Celia, Osmair e Andrius, da Delegacia de Homicídios. Havia apenas uma latinha usada para fumar crack.
Manhã
Na manhã de ontem, a casa estava sendo limpa e desocupada pela cunhada de Waldir, que mora próximo do local do crime. A mulher, que prefere não se identificar, ainda podia sentir o cheiro de pólvora enquanto fazia a limpeza dos cômodos. O sangue ficou por todo o canto e chegou a escorrer para os degraus que dão acesso à residência.
Tapetes, cobertores, roupas e até uma poltrona que ficaram manchados de sangue foram queimados numa fogueira. Enquanto trabalhava na limpeza, a cunhada de Waldir contou que ele trabalhava numa loja de autopeças e residia no local há bastante tempo. Ela afirmou que seu cunhado frequentemente reunia usuários de droga.
“Não ouvi gritos, apenas o barulho de tiros. Eu estava dormindo e acordei com os tiros. Esperei uns 20 minutos para ir até o local ver o que tinha acontecido”, contou, lembrando que Waldir consumia drogas há pelo menos 25 anos. “Desde quando passei a morar aqui eu soube que ele usava drogas. Mas não roubava para sustentar o vício”, disse.
Investigação
Uma equipe da Delegacia de Homicídios, comandada pelo delegado Rodrigo Brown de Oliveira, revisitou o local, no início da manhã de ontem, para tentar levantar informações que levem a autoria e motivo da chacina.
Um módulo da Polícia Militar fazia a segurança do bairro, considerado bastante violento, a duas quadras do local do crime. Até a noite de ,ontem ninguém foi preso.