Os preços dos alimentos dispararam em Curitiba. Em julho, a alta foi de 7,35% – o maior aumento entre 16 capitais pesquisadas pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e a maior variação mensal desde novembro de 2006, quando a cesta fechou com alta de 7,51%.
Desde janeiro, os preços dos alimentos já subiram 30,48% na capital paranaense; nos últimos 12 meses, a alta acumulada é de 45,55%. Pela primeira vez desde 95, os preços dos alimentos alcançaram estes índices em Curitiba.
Em julho, o aumento de preços se concentrou em cinco produtos: tomate, banana, batata, feijão e carne. De acordo com o economista Sandro Silva, do Dieese-PR, o tomate, que subiu 26,76%, e a carne, com alta de 5,35%, foram os itens que mais pressionaram o bolso do consumidor em julho. Caso os preços dos dois produtos tivessem se mantido estáveis, a cesta básica teria subido 2,43% e não 7,35%.
O preço do tomate vem aumentando desde março. De lá para cá, o quilo do produto ficou 162,8% mais caro, passando de R$ 1,37 em fevereiro para R$ 3,60 no mês passado.
Os motivos, segundo Silva, são o fim da safra, ocorrência de pragas, escassez de chuva e redução da área de plantio – todos esses fatores vêm prejudicando a oferta do produto. Em julho, o tomate respondeu por 13,3% do valor da cesta básica.
Outro item que vem pressionando o bolso do consumidor é a carne vermelha, que acumula alta de 25,3% desde abril e teve peso de 35% nos gastos com alimentação em julho; só nos últimos dois meses, a carne ficou 16,42% mais cara.
Segundo o Dieese, em março o quilo do coxão mole custava em média R$ 10,35; em julho, passou para R$ 12,97. Outros produtos que tiveram alta expressiva foram a banana (18,09%), a batata (7,78%) e o feijão (7,55%). Também ficaram mais caros o óleo de soja (2,27%), arroz (1,81%), açúcar (1,67%), leite (1,27%), pão (1,10%) e a farinha de trigo (0,67%).
Por outro lado, ficaram mais baratos o café (-1,42%) e a manteiga (-0,10%). O Dieese-PR faz pesquisa de preços em 16 supermercados de Curitiba, além de feiras, açougues e panificadoras.
Valor
O custo da alimentação para uma pessoa em Curitiba foi de R$ 244,30 no mês passado; para uma família composta por um casal e duas crianças, o custo foi de R$ 732,90.
Segundo o Dieese, em julho do ano passado a cesta básica comprometia 44,17% do salário mínimo; no mês passado, o comprometimento foi de 58,87%, mesmo com o reajuste do mínimo de R$ 380 para R$ 415.
Apesar de apresentar a maior variação na cesta básica em julho (alta de 7,35%), Curitiba ficou na quarta posição quanto ao valor dos alimentos, atrás de Porto Alegre (R$ 259,29), São Paulo (R$ 252,13) e Belo Horizonte (R$ 247,01). A cesta mais barata foi a de João Pessoa (R$ 194,90). Quanto à variação, os preços dos alimentos subiram em 14 das 16 capitais pesquisadas.
Já no acumulado do ano, as 16 capitais registram alta no preço da cesta básica, com destaque para Curitiba, que lidera o ranking (aumento de 30,48%), seguido por Recife (26,99%).
No acumulado dos 12 meses, alta também em todas as capitais – Curitiba aparece na terceira posição, atrás de Fortaleza, onde os alimentos subiram 52,48%, e de Belo Horizonte (52,13%). Em Curitiba, a alta é de 45,55%.
Mínimo ideal seria de R$ 2.178,30
O salário mínimo ideal para uma família de quatro pessoas (dois adultos e duas crianças) atender a todas as suas necessidades básicas teria de ser de R$ 2.178,30.
O valor foi estimado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com base no preço da cesta de alimentos básicos mais cara do País em julho, a de Porto Alegre (R$ 259,29).
O valor do salário mínimo ideal a que chegaram os economistas do Dieese é 5,25 vezes o piso salarial em vigor, de R$ 415. No cálculo são consideradas as necessidades de recursos que u,ma família de quatro pessoas precisa para suprir as despesas básicas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.
Em junho, o salário mínimo necessário para atender a estas despesas equivalia a R$ 2.072,70, ou seja, 4,99 vezes o piso vigente. Em julho do ano passado, o piso considerado ideal para uma família de quatro pessoas era de R$ 1.688,35, ou 4,44 vezes superior ao piso da época, de R$ 380,00. Curitiba
Para quem ganha um salário mínimo em Curitiba, o Dieese estima que seja necessário trabalhar 129 horas e 31 minutos para adquirir uma cesta básica no valor de R$ 244,30.
Em julho do ano passado, quando o custo dos alimentos era estimado em R$ 167,85, eram necessários 97 horas e 11 minutos de trabalho. O estudo mostra ainda que os alimentos comprometeram 63,99% do salário mínimo líquido em julho, contra 47,83% em igual mês do ano passado.