Mais de 10 anos sem respostas

Caso João Rafael ganha perícia particular: mistério pode estar perto do fim? Entenda

João Rafael Kovalski tinha apenas 1 ano e 11 meses, na data do desaparecimento. Foto: Arquivo

O caso João Rafael estaria perto do fim? Esta é uma pergunta que segue sem resposta, pelo menos, por enquanto. João Rafael Kovalski desapareceu no fim da manhã do dia 24 de agosto de 2013, por volta das 10h30, enquanto brincava no terreno da casa de seus pais, no município de Adrianópolis, no Vale do Ribeira, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Kovalski tinha apenas 1 ano e 11 meses, na data do desaparecimento. O caso completou 10 anos em agosto deste ano.

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Luz no fim do túnel?

Apesar das suspeitas e incertezas sobre o sumiço de João Rafael Kovalski, o caso pode estar ganhando novos rumos. Um perito forense do Instituto de Perícias e Assistentes Técnicos Forenses (I.N.P.A.T. Forense), pediu para que o Ministério Público e a Polícia Civil do Paraná reabram o caso, após se sensibilizar com a situação da família.

Elifaz Felix, é Especialista em grafotécnica forense, Papiloscopia Forense e Perito Judicial, há 5 anos. Ao ver o desespero de Cristina, ele se disponibilizou de forma solidária para periciar a carta anônima deixada no portão da casa da família, que relata o suposto paradeiro de João Rafael Kovalski. Na carta, há a informação de um possível crime de homicídio e ocultação de cadáver, além da revelação do suspeito de ter cometido o crime contra o garoto.

“Vimos o caso da Lorena, nos disponibilizamos para ajudar. Realizamos a perícia na carta através da grafotécnica, grafologia, além do grafismo e padrões gráficos e de escrita. Tudo isso é usado para fazer confronto de assinaturas em casas cíveis, mas neste caso usamos para saber sobre o autor da carta”, explica.

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A mãe de João Rafael, entregou a carta à Polícia Civil do Paraná (PCPR) para perícia, mas “o documento não apresenta condições técnicas para a pesquisa, devido à falta de nitidez e pontos característicos”, informou a PCPR.

Progressão de idade João Rafael Kovalski
A Polícia Civil do Paraná divulgou a nossa progressão de idade de João Rafael Kovalski, hoje com 12 anos. Foto: Divulgação

Autor da carta conhecia família?

Para o perito Elifaz, foi possível criar o perfil da pessoa que escreveu a carta. A perícia concluiu pelas características da escrita, que a pessoa é canhota. “Pelo sentido que é escrita a carta, vemos que há uma forte ligação emocional, pelas palavras escritas ali, como ‘mãe não chore’, ‘anos sem dormir’, ‘parasse de procurar e e de sofrer’. Os sentimentos expostos podem dar ligação com a mãe. As palavras são bem tremidas, pode indicar uma forte emoção”, afirma.

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Através da grafotécnica, a perícia também concluiu que o autor da carta pode tomar remédios controlados, além estar passando por fortes emoções ou até mesmo um certo padrão suicida. “As palavras são bem tremidas, o que pode indicar uma forte emoção. Quando começamos a ver a carta, já tem um padrão na pressão da escrita, espaçamento e tamanho. Mas conforme vai escrevendo, muda o padrão, mais espaçadas, mais garrafais, é um padrão que geralmente é de pessoas suicidas, ou que passam por fortes emoções”, esclarece.

Autor da carta participou do crime?

Diante de tantas informações, outro questionamento que se levanta é se o autor da carta também poderia ter participado do suposto crime. E mais uma vez, a perícia levanta a hipótese de que sim, é possível que a pessoa que tenha escrito a carta, possa ter ligação direta ou indireta com o caso João Rafael Kovalski.

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“Esta pessoa que escreveu pode ter participado de forma direta ou indireta, seja de transporte, ou do rapto. Ou não exatamente na cena, ela também pode conhecer alguém que participou do crime e a partir disso passou a ser conivente”, revela.

Onde está João Rafael? Caso completa 10 anos sem respostas
. Após 10 anos, o caso segue sem resposta. Foto: Marco Andre Lima/Arquivo/Tribuna do Parana

Segundo o perito, “no momento todo mundo passa a ser um suspeito, até mesmo os que colaboram para os exames, mas enquanto isso não ocorre, quanto mais próximo da família, tende se a suspeitar”, diz Elifaz.

Para a mãe, Lorena, o motivo da perícia é para tentar obter um resultado sobre o caso de seu filho. Para ela, o fato de o laudo da Polícia Civil ter sido inconclusivo com relação às digitais não faz sentido.

“Como eles fazem uma perícia que não aparece nem a digital nem da minha irmã que pegou na carta? É um absurdo! Em outro lugar, já teria sido resolvido, mas porque aqui no Paraná não? Com tantos recursos e tecnologias, não tem lógica”, desabafa a mãe.

Faltam recursos para a polícia?

O perito forense Elifaz Felix, acredita que não houve falha da polícia após o laudo ter se mostrado inconclusivo, mas que uma possível falta de recursos possa ter contribuído para que o laudo chegasse a esse resultado. De acordo com ele, a perícia do Paraná só realizou a papiloscopia, “excluindo” a grafotécnica e grafologia, técnicas que estudam a escrita humana e que podem determinar diversos padrões e até confrontar assinaturas.

“Acredito que a Polícia Civil conseguiu entregar o que tem disponível dentro da sua estrutura. O perito tem por lei 15 dias para entregar um laudo judicial. Nós levamos cerca de 60 dias, estudando todos os dias e noites dentro desse caso. Acreditamos que o que aconteceu foi uma falta de estrutura da PCPR e não uma falha. Mas, se a polícia tivesse feito, poderia ter reduzido bastante o quadro de suspeito, ou ter alguns suspeitos”, analisa Elifaz.

E agora?

Ainda de acordo com o perito Elifaz, os próximos passos serão o contato com a advogada da família, que precisará fazer o pedido para arrolar a perícia ao processo e validar. “Se necessário, que a Polícia Civil analise esse parecer técnico e que veja se os pontos faltantes. E que “reabra” a investigação do Caso João Rafael”, conclui.

Quanto tempo leva?

A perícia particular solicitada por Lorena já foi concluída e está disponível para a Justiça e para a polícia. Segundo Elifaz, o processo pode levar em torno de 30 a 60 dias dependendo da demanda do fórum, a partir do momento em que o advogado fizer a petição ao juiz.

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