Tragados pela erosão

Casas às margens de ‘valetão’ estão prontas para tragédia

A população da Vila Joanita, no bairro Tarumã, é bem conhecida por toda a cidade, em função do seu histórico de perdas provocadas pelas enchentes, sempre que a chuva castiga a capital. Mesmo em dia de tempo seco, basta caminhar pelo entorno da Travessa Brasílio de Lara para verificar que a situação do local é um convite a tragédias de proporções incalculáveis.

As construções que estão dispostas às margens do chamado “valetão”, formado entre os rios Atuba e Bacacheri, estão rachadas e algumas não possuem mais um centímetro de faixa de terra para desbarrancar, sinalizando que a qualquer momento serão tragadas as próprias moradias, no acelerado processo de assoreamento em que se encontra a região.

Orlando: “Neste ano, 3 enchentes”.

O desgaste natural das margens é intensificado com o comportamento irresponsável das pessoas que usam o endereço como local de descarte de absolutamente tudo, como sobras de construção e de reciclagem, sofá, geladeira, fogão, entre outros absurdos. “Tem gente que joga da própria janela de casa o que não quer mais”, comenta a servente Marlene Silva, 34 anos, que há 22 reside às margens do “valetão”.

Ela conta que também existem pessoas de outros lugares da cidade que trazem tudo que estragou para jogar lá. “O pessoal da prefeitura vem limpar, mas no outro dia já começam sujar novamente”, relata. Marlene teme que se desbarrancar mais um pouco, desapareça a entrada da casa.

A família do taxista aposentado Orlando Amorin, 67, reclama que o problema agravou muito desde que eles se mudaram para lá, há três anos. “O cheiro é ruim e, só neste ano, já tivemos três enchentes, precisamos de uma solução definitiva”, ressalta Amorin. Uma das expectativas da copeira Luzivalda Pimenta Brito, 42, é de que com a numeração de cor laranja feita pela Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), eles consigam regularizar seus terrenos e que obras de melhorias afastem as enchentes.

Providências?

A assessoria de imprensa da Cohab explicou que foi realizado um trabalho de contagem e numeração das casas para a identificação das famílias. Dos 246 domicílios, 124 ocupam uma faixa de preservação na qual a legislação ambiental proíbe a ocupação. Além dessa questão, o lote onde as famílias estão instaladas é propriedade particular, mas com débitos de tributos.

De acordo com a Cohab, ainda estão sendo procurados os responsáveis pelo terreno para uma negociação com o município. Quanto ao reassentamento e a regularização, a Cohab não possui previsão de quando isso será viável, mas deve buscar uma parceria via recursos do Minha Casa, Minha Vida.