Em menos de doze horas, um casarão histórico sumiu da capital paranaense. Na esquina das ruas Carlos de Carvalho e Brigadeiro Franco, no Batel, a casa que um dia pertenceu ao ex-governador Bento Munhoz da Rocha Neto foi demolida depois que o terreno foi vendido pelos herdeiros.

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A casa foi construída na década de 1940 pelo político. Ele se mudou para a capital paranaense com a esposa, Flora, e os cinco filhos do casal. Devido ao fim das importações durante a Segunda Guerra Mundial, a obra atrasou. Ainda em vida, Bento comprou um apartamento para a mulher. Ele chamava o espaço de “apartamento da viúva”. Quando ele faleceu, em 1973, Flora se mudou e a casa foi alugada.

Primeiramente, o terreno foi ocupado pelos empresários italianos que fundaram a ICAB Chocolates. Anos mais tarde, um escritório de advocacia alugou o local. Durante a pandemia, os advogados mudaram de endereço. Foi quando os herdeiros decidiram colocar a casa à venda. Assim que o contrato foi firmado, na última semana, a demolição foi quase instantânea.

“O doutor Bento era professor universitário. Ele não deixava retirar os livros da biblioteca, mas sempre recebia os alunos. Deixava eles lendo pelo tempo que quisessem. A casa estava sempre viva, sempre cheia de gente. Nunca trancada”, relata Gilda Munhoz da Rocha, nora do ex-governador.

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A família fez uma única exigência: o grupo que comprou o terreno terá que reproduzir a biblioteca de Bento quando a obra estiver pronta. Para isso, foram guardados livros e alguns móveis da estrutura, preservados ao longo do tempo.

“O bem material vai, mas o doutor Bento deixou uma memória inesquecível, sempre uma mente maravilhosa. Ele deixou o espírito como legado. Então a casa era parte dele, mas com o tempo essas coisas vão se deteriorando. O legado dele era ele mesmo e tudo que ele fez pelo Paraná”, complementa Gilda.

Quem foi Bento Munhoz da Rocha

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Bento Munhoz da Rocha Neto foi engenheiro, professor, escritor e sociólogo. Depois de ocupar uma cadeira de deputado federal, de 1946 a 1950, ele foi eleito governador do Paraná, de janeiro de 1951 a abril de 1955. Ele é lembrado por ter promovido mudanças no estado no agronegócio, na energia e na educação. Em uma época em que os alunos eram enviados ao estado de São Paulo para estudar, Bento trouxe colégios para o Paraná.

A demolição repentina causou surpresa na memorialista Karin Romanó. Na véspera da mudança, ela passou em frente ao casarão antes de assistir uma orquestra no Teatro Guaíra, no auditório que leva o nome do ex-governador. No caminho de volta para casa, deparou-se com o maquinário no local. Em dúvida, ela chegou a ligar no IPPUC e descobriu que a casa não era uma unidade de interesse de preservação.

“É uma pena. Eu fiquei muito triste. A gente não pode exigir que alguém mantenha a cidade com a aparência que ela já teve um dia, mas quando um espaço assim é demolido, parte da história de Curitiba é demolida junto. Se essa casa não era tombada pelo patrimônio histórico, penso em quantas outras deixam de ser”, afirma Karin.

A memorialista desenvolve um projeto de registro das casas antigas da cidade. No momento, ela pesquisa as estruturas feitas por volta de 1915.

“Apesar disso, a gente entende a família também. O imóvel fica amarrado. É difícil alugar uma casa tão grande, quem aluga altera a estrutura. Com o tempo, pode ser um transtorno. A família pagou IPTU todos esses anos, eles estão no direito de vender”, pondera.

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