Um casal de idosos foi cruelmente executado, no fim da madrugada de ontem, na Rua Rio Solimões, Jardim Weissópolis, em Pinhais. Os aposentados Indalécio dos Santos, 66 anos, e Etelvina dos Santos Pereira, 64, foram surpreendidos no quarto em que dormiam e assassinados a tiros, pouco antes das 5h. Uma filha do casal, que mora na casa ao lado, tentou socorrer os pais e levou dois tiros no braço.
A principal hipótese para o crime é de vingança, uma vez que as vítimas eram ameaçadas há anos pelo chefe de um grupo criminoso da região. O homem, conhecido como “Véio”, foi acusado de ter matado o neto do casal e saiu da cadeia recentemente.
Oração
Testemunhas relataram que três indivíduos pularam o muro da casa. Dois arrombaram a porta e invadiram o quarto das vítimas, enquanto o outro permaneceu do lado de fora. Indalécio e Etelvina acordaram com o barulho e tentaram se esconder debaixo da cama.
Os marginais partiram para cima do idoso e passaram a agredi-lo, enquanto sua esposa gritava e implorava para que não os matassem. Etelvina se ajoelhou e rezou ao lado do guarda-roupas. Apesar dos apelos, os criminosos sacaram as armas e executaram Indalécio com dois tiros na cabeça e a mulher com um disparo na nuca.
Antes de fugir, os monstros ainda tentaram incendiar a casa, ateando fogo no tapete e nas cortinas. Quando saíam, uma filha das vítimas, de 42 anos, que mora ao lado e assustou-se com os gritos, saiu para ver o que acontecia. Eles mandaram a mulher voltar para dentro e atiraram.
Dois disparos a atingiram no braço. Outros familiares apareceram a tempo de apagar o fogo, mas já encontraram os idosos mortos. A filha foi socorrida e levada para o Hospital Cajuru, de onde recebeu alta ainda pela manhã.
Terror dura há quatro anos
Indalécio e Etelvina estavam juntos há quase 40 anos. Aposentados, tornaram-se pastores evangélicos da igreja ao lado da casa deles. Porém, nos últimos anos, o sossego da aposentadoria foi substituído pelo tormento de ameaças. Na parede da frente da casa há mais de 30 marcas de tiros.
Em maio de 2005, um neto do casal foi assassinado. O indivíduo conhecido como “Véio”, que seria traficante e chefe de um bando de criminosos do Jardim Weissópolis, foi apontado como o autor do crime.
A polícia teria chegado até o suspeito com a ajuda de parentes da vítima. “Ele prometeu matar toda a família”, disse um morador local, que não quis se identificar. Mesmo assim, familiares não cogitam deixar o bairro onde se criaram.
Boletins
De lá para cá, tornou-se comum os tiros na fachada da casa. “Registramos pelo menos cinco boletins de ocorrência, mas nada foi feito pela polícia”, contou uma parente dos idosos.
O último “ataque” dos marginais aconteceu há cerca de três meses. Sem amparo da polícia, a família ainda não sabe o que fazer, mas diz que não vai sair do bairro.
Os parentes foram informados que o chefe da “Gangue do Véio” teria saído da prisão há cerca de um mês. “É grande a possibilidade de se tratar de vingança, mas não podemos descartar outras hipóteses, como roubo ou outra desavença”, disse o delegado de Pinhais, Jairo Estorílio. Qualquer informação sobre o crime pode ser dada pelo telefone 3667-1598.