Saneamento

Caixa de gordura preserva a rede de esgoto e é obrigatória

Apenas em Curitiba, todo mês são registrados, em média, 1.730 casos de rede de esgoto obstruída por gordura. Para cada situação, uma equipe de manutenção interrompe seus serviços e se desloca até o local para fazer a limpeza e desentupir a rede. A gordura vai parar na rede de esgoto porque ainda há imóveis onde a caixa de gordura não foi instalada, embora seja de uso obrigatório. A função da caixa é reter este tipo de material, que periodicamente deve ser retirado da caixa e jogado no lixo comum.

A caixa de gordura que deve ser instalada na saída da água utilizada na pia e na máquina de lavar louças e antes de chegar à rede pública de esgoto – é um pequeno tanque que retém a gordura lançada na pia ou presente na louça e nas panelas das casas e restaurantes. Quando esfria, a gordura se transforma em blocos sólidos que se fixam nas paredes das tubulações, reduzindo o espaço para a passagem do esgoto, o que provoca entupimentos e transbordamentos. Se a rede coletora estiver entupida há risco de o esgoto retornar para dentro do imóvel.

“Retirar a gordura nas tubulações do sistema é muito mais difícil e mais caro do que a limpeza periódica da caixa, que deve ser providenciada pelos responsáveis pelas residências e restaurantes”, diz Ernani Ramme, da Unidade de Esgoto de Curitiba. Na cidade, uma lei municipal obriga a instalação da caixa de gordura (Lei 13.634/2010).

Custo
Para remover este material, que deveria ser retido em caixas apropriadas, o custo para a Sanepar é de R$ 230,20 por desobstrução. Isto significa que, apenas na capital, a despesa de cerca de R$ 4,8 milhões por ano poderia ser evitada se a população cumprisse o que determinam a lei e a norma técnica. Despesas como esta fazem parte da composição da tarifa e os clientes arcam com este custo na conta de água e esgoto.

Como Funciona

A caixa retém a gordura porque ela não se mistura com a água. A gordura boia na superfície da caixa e a água utilizada na cozinha segue pela tubulação de esgoto. A implantação da caixa não é cara, principalmente considerando-se a relação custo/benefício. Nas lojas de material de construção de Curitiba, a caixa com capacidade para 18 litros custa aproximadamente R$ 180 reais.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) orienta, por meio da NBR 8160, sobre a construção de todos os tipos de caixa de gordura. Consultando a Norma é possível saber o dimensionamento para cada imóvel. Em residências com até duas pias, a caixa precisa ter capacidade mínima para 18 litros. As caixas de gordura devem ser instaladas no lado interno do alinhamento predial e não são permitidas no passeio.

Instalada na rede interna de esgoto, a caixa pode ser de plástico (PVC), fibra de vidro, concreto ou alvenaria. Deve ser instalada em local de fácil acesso, ter tampa removível (para permitir a limpeza) e estar completamente vedada para garantir seu bom funcionamento.

O óleo de fritura nunca deve ser despejado na pia porque vai se acumular na caixa. Também não deve ser jogado nas bocas de lobo ou bueiros por onde é escoada a água da chuva. A orientação é guardá-lo em um vidro, que deve ser entregue em postos de coleta quando estiver cheio.

Manutenção
É importante verificar as condições da caixa de gordura a cada 30 dias ou com frequência maior, se na cozinha são lavados utensílios muitos engordurados ou se há o uso constante de óleo de fritura, seja em frigideiras ou chapas. Uma caixa entupida pode causar mau cheiro e vazamentos através da tampa, entupimento da rede interna, retorno do esgoto para dentro das casas pelos ralos e escoamento lento no ralo da pia.

Para limpar a caixa, a pia não deve estar em uso. É importante utilizar luva e avental. A gordura pode ser raspada e retirada com uma pá ou peneira. O material recolhido deve ser colocado em saco plástico resistente e descartado junto com o lixo doméstico. Os resíduos de limpeza da caixa de gordura nunca devem ser jogados no vaso sanitário, pois a limpeza terá sido em vão e ainda poderá causar entupimento da rede do imóvel.

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