Patrimônio Cultural

Após Indicação Geográfica, broa de centeio vira Patrimônio Cultural de Curitiba

Broa de centeio é carro-chefe de padaria em Curitiba
Na imagem, Eduardo Henrique Engelhardt - proprietário da Padaria América. Foto: Átila Alberti | Tribuna do Paraná

A tradicional broa de centeio recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial de Curitiba. O reconhecimento vem logo após a iguaria receber Indicação Geográfica (IG) de procedência. Em janeiro, o alimento se tornou o primeiro pão das Américas com registro de origem paranaense no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Pouco mais de um mês depois, a identificação foi concedida pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural. 

Ambos os pedidos, tanto nacional quanto regional, foram feitos pelo Sindicato da Indústria da Panificação e Confeitaria do Estado do Paraná (Sipcep). Conforme o vice-presidente da associação e sócio proprietário da Padaria América – que tem o alimento como carro-chefe -, Eduardo Henrique Engelhardt, a notícia de que a broa de centeio não era um bem imaterial de Curitiba em 2024 surpreendeu a todos. 

“Descobrimos quando iniciamos o processo no INPI e ficamos perplexos porque um documentário em 2008 identificou o pão como um possível patrimônio cultural e imaterial, mas o processo não foi levado para avaliação do conselho. A partir daí, iniciamos o processo”.

Em janeiro, a broa de centeio se tornou o primeiro pão das Américas com registro de origem paranaense. Foto: Átila Alberti | Tribuna do Paraná

Todo o processo durou cerca de um ano. “Esses dois reconhecimentos próximos provam que as broas de centeio são parte da identidade do curitibano. Nós estamos muito felizes e agora temos um grande trabalho a fazer, promover cursos, ir em escolas, criar festivais exclusivos com os produtores de broa. Podemos transmitir esse saber e essa tradição, garantindo que ela vai se perpetuar entre as próximas gerações”, detalha Engelhardt. 

Broa de centeio de Curitiba tem características próprias

O alimento faz parte da identidade gastronômica de Curitiba há mais de 150 anos. A broa de centeio chegou à cidade com os imigrantes da Europa Central no final do século 19. Colonos vindos da Polônia, Alemanha, Rússia, Bielorrússia e Ucrânia trouxeram a tradição da panificação com centeio. 

Em Curitiba, a receita adquiriu características próprias, como a alta proporção de centeio misturado ao trigo e o uso de fermentação natural. Essa mistura ocorreu entre as décadas de 1920 e 1940, com o racionamento do trigo, especialmente no período da Segunda Guerra Mundial.

“Foi nesse período que a broa curitibana ganhou sua principal característica e se diferenciou da broa pura de centeio, mais amarga e que não agradava tanto ao paladar da população”, destaca o diretor de Patrimônio Histórico de Curitiba, Marcelo Sutil.

Típica curitibana, broa de centeio esteve em eventos importantes na cidade. Foto: Átila Alberti | Tribuna do Paraná

A versão curitibana abandonou ingredientes como milho e batata e virou símbolo do convívio social e foi servida em eventos históricos da cidade, como a visita do Imperador do Brasil, Dom Pedro II, no século XIX, e a do Papa João Paulo II, em 1980.

Broa de centeio é o terceiro bem imaterial de Curitiba

A broa de centeio é o terceiro bem imaterial de Curitiba registrado pelo Conselho Municipal desde a criação, em 2016. O primeiro foi a Feirinha do Largo da Ordem, em 2018, e o segundo as gameleiras da Praça Tiradentes, em 2024.

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