A investigação do acidente do último dia 20 de outubro na BR-376, em Guaratuba, no Litoral do Paraná, aponta para problemas mecânicos na carreta que tombou e resultou na morte de nove pessoas de uma equipe de remo de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Os peritos acreditam de que dos 10 sistemas de freio da carreta, apenas um estaria funcionando normalmente. Quatro, estariam com “meia boca”, e os outros cinco não funcionavam. A informação foi veiculada no “Fantástico”, da Rede Globo, neste domingo (27).
Segundo a reportagem, que teve acesso à imagens e depoimentos na Polícia Civil do Paraná (PCPR), um dia antes do acidente, o caminhão começou a apresentar problemas. No sábado (19) pela manhã, já no Paraná, o motorista Nicolas de Lima Pinto, de 30 anos, precisou recorrer a um reboque e chegou a substituir a embreagem, mas deixou o posto de combustíveis antes de concluir o serviço, em razão de um problema na caixa de câmbio.
No dia seguinte, um outro mecânico da região, apelidado de Bino, terminou o reparo. Já era noite de domingo (20) quando Nicolas seguiu viagem, mas só andou um quilômetro e parou de novo. Ele foi até o pedágio mais próximo escoltado pela concessionária e reencontrou Bino. Um fio ligado ao sistema de marchas estaria rompido. “Eu só descasquei e emendei o fio, senão o caminhão nem andava”, afirmou Bino, à reportagem. Uma hora e meia após deixar o pedágio, a carreta bateu na van.
Problemas nos freios
O laudo dos peritos ainda não foi concluído, mas a investigação indica que dos 10 freios da carreta, apenas um funcionava plenamente. O dono do caminhão, Heloide Longaray, disse para a polícia que os freios foram revisados em setembro. “O veículo estava funcionando bem, está funcionando tudo tranquilo, eu gosto de estar em dia”, relatou.
No depoimento, o motorista Nicolas contou que perdeu o controle do veículo na descida da Serra do Garuva devido à falta de freios. “Meu caminhão ficou sem freio. Tentei ligar o freio motor, não segurou, o caminhão se apagou. Tentei engatar, fazer pegar no tranco, não pegou, e foi isso que aconteceu. Infelizmente eu bati num carro, numa van”, diz.
Dono do caminhão pode ser responsabilizado?
Para o delegado Edgar Santana, responsável pela investigação, caso confirme que faltaram medidas preventivas no veículo, o dono do caminhão também poderá ser responsabilizado criminalmente.
“Caso fique comprovado que ele deixou de adotar a manutenção preventiva do veículo e sabia da condição que o veículo se encontrava, ele também poderá, sim, ser responsabilizado criminalmente”, comentou o delegado para o Fantástico.
Quanto à velocidade da carreta, acredita-se que mesmo com chuva e neblina, o caminhão passava dos 100km/h em um trecho sinuoso.