Entre outubro de 2022 e março de 2023, a maior parte dos deslizamentos significativos nas estradas do litoral do Paraná ocorreu em áreas onde já havia acontecido movimentos de massa nos últimos 25 anos. E a falta de ações preventivas e protetivas nesses locais pode ter influenciado a ocorrência desses incidentes na Serra do Mar, como o registrado no km 668 da rodovia BR-376 em novembro de 2022.

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No dia 28 daquele mês, parte da encosta deslizou sobre as duas pistas da rodovia, soterrando veículos que estavam trafegando pelo local. Duas pessoas morreram, outras seis ficaram feridas e o fluxo de veículos só começou a ser parcialmente liberado nove dias depois do acidente.

A concessionária responsável pelo trecho apresentou um laudo técnico de julho de 2022 atestando baixo risco de acidente no local. O documento foi questionado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR). E agora um estudo, realizado pelo Centro de Apoio Científico em Desastres (Cenacid), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), mostra que no local houve uma outra ocorrência anterior de deslizamento, em 2011.

Viaduto dos Padres é ponto de atenção, indica estudo

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A pesquisa do Cenacid avaliou, entre 14 de outubro de 2022 e 7 de março deste ano, 64 locais onde ocorreram deslizamentos. O estudo do centro teve início com a análise da queda das rochas na BR-277 em outubro de 2022. Nos meses seguintes, com os deslizamentos ocorridos na Estrada da Graciosa e na BR-376 a pesquisa foi ampliada.

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Segundo o informe, vários eventos considerados perigosos, principalmente na BR-277 e na BR-376, foram identificados no período coberto pela pesquisa. Nessas áreas, o estudo confirma que não foram feitas ações preventivas e protetivas, ou não foi realizada a devida manutenção na época dos deslizamentos anteriores.

O informe da Cenacid também analisou alguns locais que é necessário um estudo mais aprofundado dentro dos cerca de 3,5 mil quilômetros quadrados de área afetada pelos deslizamentos na Serra do Mar. Um desses pontos é o Viaduto dos Padres (Km 42-43 da BR-277). Os pesquisadores identificaram que este é um local de alerta como lugar de possibilidade de evolução de movimentos de massa. As observações geológicas e a presença de fraturas abertas indicam a área como favorável a movimentos de massa.

Falta de manutenção não pode ser descartada

Os estudos seguem sendo realizados, de acordo com Renato Eugênio de Lima, diretor do Cenacid. Para ele, não é possível elencar um único fator como responsável pelas várias movimentações de terra na região da Serra do Mar. Mesmo assim, uma possível falta de manutenção nesses locais não pode ser descartada como um desses elementos.

“Como observamos que deslizamentos ocorreram em áreas onde já haviam ocorrido outros no passado, consideramos que devem ser estudados os vários aspectos que podem ter influenciado nesta repetição, incluindo a manutenção, dentre vários outros possíveis”, confirmou.

O que dizem as concessionárias

A Arteris Litoral Sul, responsável pela BR-376, informou à Gazeta do Povo que não teve acesso ao estudo do Cenacid, mas que possui um programa permanente de monitoramento de encostas. A concessionária disse também que aguarda autorização da ANTT para execução de obras fora da faixa de domínio para a restauração definitiva da rodovia BR-376/PR, no km 668, onde houve o deslizamento.

A Ecovia, como não é operadora da BR-277 desde 2021, disse que não iria se manifestar. Procurados o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Paraná (DER-PR) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) não deram retorno aos pedidos de informação.

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