A situação de “abandono” da rodovia BR-277, que liga Curitiba ao Litoral do Paraná, parece ir além dos pontos de bloqueio parcial dos km 42 e km 33, onde houve um deslizamento de terra e o aparecimento de rachaduras na pista, respectivamente. Nesses dois locais, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) realiza obras. O deslizamento no km 42 ocorreu ainda no ano passado. Já as rachaduras na pista do km 33,5 surgiram no início de março deste ano.
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Na último dia 16, a Tribuna rodou pela BR-277, descendo a Serra do Mar até o acesso a Morretes, e a equipe constatou furtos de grades de proteção do canteiro da rodovia, desde a região da Borda do Campo, em São José dos Pinhais, onde fica a montadora Renault, pouco antes da antiga Praça de Pedágio.
Praça de pedágio depredada
BR-277. Fotos: Átila Alberti/Tribuna do Paraná
Vários buracos na pista sentido Litoral também dificultam a vida dos motoristas que descem a serra por ali. Várias foram as “panelas” desviadas pela equipe, para evitar acidentes. Depredação intensa também foi constatada nos imóveis onde funcionava a balança de pesagem de caminhões e na própria Praça de Pedágio.
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Nesses dois locais, vândalos furtaram portas, janelas, telhado, fios de cobre e tudo que pudesse, de certa forma, gerar algum tipo de lucro em uma venda clandestina. Os imóveis remetem a uma cena de guerra.
A situação não é novidade. Desde que a concessão do pedágio na BR-277 terminou, em 27 de novembro de 2021, a preservação do patrimônio se tornou uma dor de cabeça para o DNIT. Como mostrou a Tribuna, em março de 2022, a praça de pedágio desativada da BR-277 foi invadida por homens que furtavam itens da estrutura, como cabos da instalação elétrica. Após ser alertada por usuários da rodovia, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) esteve no local e prendeu quatro suspeitos.
Buracos, desvios e obras
BR-277. Fotos: Átila Alberti/Tribuna do Paraná
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Prejuízos
Segundo o coronel Sérgio Malucelli, presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná (Fetranspar), a falta do pedágio compromete não só as estruturas das rodovias, mas também todo o setor no estado.
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“É uma vergonha o estado ter deixado nossas rodovias do Paraná. Só o trecho que liga Curitiba ao Litoral soma um prejuízo de R$ 360 milhões, desde o deslizamento. Some isso ao péssimo estado dos outros trechos do Anel de Integração, mais a demora para arrumar a rodovia. Todo mundo está perdendo, o povo do Paraná está perdendo por conta da leniência do DNIT e até do governo estadual, que deveria pressionar logo o governo federal”, afirma ao coronel
Sem pedágio, quem cuida?
Com o fim da concessão de rodovias, iniciada em 1997, 27 praças de concessionárias deixaram de cobrar tarifas e manter as rodovias. Uma dessas foi a da BR-277. Na época. a tarifa era de R$ 23,30, uma das mais caras do Brasil.
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Sem o pedágio, a manutenção do asfalto das rodovias federais no Paraná voltou a ser de responsabilidade do DNIT. As rodovias estaduais estão sob os cuidados do Departamento de Estradas de Rodagem (DER/PR).
O que diz o DNIT?
Em nota enviada nesta sexta-feira (24), o DNIT informa que a operação de tapa-buracos no segmento entre Curitiba a Paranaguá, na BR-277, foi concluída.
Em relação às obras do km 42, estas continuam em bom ritmo, sendo que os serviços de inserção de concreto projetado nas rochas foram concluídos. O DNIT irá iniciar a instalação de tela de alta resistência.
Já sobre as obras no km 33, o DNIT informa que o projeto está em fase final, e tem como objetivo realizar a contenção do aterro. Neste momento, os serviços de instalação de dreno profundo, no local, estão sendo concluídos.
“Abandono” na praça de pedágio
Questionado pela reportagem, o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNIT) afirma que toma medidas para restabelecer a iluminação das praças de pedágio e a vedação das instalações para coibir furtos.
O órgão destaca que trabalha com o apoio operacional de uma equipe contratada pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná para a ocupação dos lugares e conta com a ação da Polícia Rodoviária Federal para coibir ocorrências.