As bordadeiras Hulda Vidal, 71 anos, e Ane Xavier, 42 anos, moram dentro de uma Kombi, em Curitiba. A vida nômade começou há um ano e meio, em 15 de novembro de 2021, mas o veículo foi comprado por elas há quatro anos e a pandemia acelerou os planos de mudança. Com a venda de bordados e o oferecimento de cursos presenciais sobre essa arte, o sonho é rodar pelo Brasil sem amarras para levar o conhecimento a mais gente.

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Antes da virada no estilo de vida, as duas eram professoras e tinham uma confecção de enxoval de bebês. Elas têm mais de 90 mil seguidores somados nas redes sociais, são as Bordadeiras Nômades.

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“Não temos outra moradia”, conta a Hulda Vidal. “No ateliê, nós tínhamos nove máquinas. Vendemos todo o nosso maquinário, material de trabalho, para investir na Kombi. Claro, para comprar, ela estava um filé. Mas, para sair do lugar não era bem isso. Era músculo mesmo, tivemos que fazer muita coisa nela”, completa.

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Junto com as duas, na Kombi, ainda vivem as gatas Xay e Maeve, as duas com cinco anos. Para adaptar o espaço de moradia, o investimento foi o mais curto possível. “O pessoal fala que é uma Kombi-home, mas não é. A nossa Kombi, na realidade, é adaptada para as nossas necessidades. Não tem pia, não tem geladeira, não tem placa solar. Tem um banheirinho químico e um fogãozinho. E temos a cama, que é um guarda-roupa desmanchado. A Ane quem fez”, revela a bordadeira.

Só no Youtube, as Bordadeiras Nômades tem quase 95 mil seguidores. O canal dá dicas de bordados. Já no Instagram, são 2 mil seguidores. “Em 2016, eu criei um curso no Facebook que se chama Diário do Bordado. Neste curso, eu vi muita gente reclamando que tinha o desejo de aprender e, onde morava, não tinha ninguém que ensinasse. E pessoas que têm dificuldade de aprender através de vídeos. Foi onde surgiu a ideia do Bordadeiras Nômades”, conta a Hulda, que aprendeu a bordar desde criança.

Mesmo assim, a procura por elas pela internet segue firme. Mas as duas não vendem produtos online e os cursos são presenciais, onde a Kombi puder estacionar. “Nós só vendemos aqui na Kombi ou quando vamos a algum lugar para expor o trabalho. Online não vendemos nada, porque tem que ir no Correio e isso toma tempo. O tempo é valioso para nós”, diz Hulda.

Venda de bordados

O sustento vem das vendas de ecobags e panos de prato a R$ 35. Quando é a ecobag e pano de prato com bordado igual – e estampa feita à mão pela Ane –, o preço vai para R$ 70. Tem, também, cestinhas de fios de algodão e toalhinhas de lavabo bordadas. As toalhinhas variam de R$ 20 a R$ 25 e as cestinhas só vendem quando tem a pronta entrega. Elas não aceitam encomenda. “A questão da encomenda, é que o nosso negócio é ensinar. Às vezes, estamos com a semana tomada e aceitar encomenda seria uma coisa que nos prenderia”, explica a Hulda.

E era assim, com a vida tomada de compromissos, que as duas viviam no ateliê, antes de “ir pra rua”. “Sim. Eu dava aulas, a Ane dava aulas, depois tínhamos as remoesses do ateliê para dar conta. O dia começava às 5h30 e às 22h30 ainda estávamos nas máquinas. Não tínhamos vida social”, revela a bordadeira.

Por outro lado, agora elas fazem amigos pela estrada. “Como estamos na rua, é normal aparecerem pessoas que não querem aprender o bordado, mas que querem ser ouvidas. Então, a gente funciona um pouquinho como psicólogas das estrada. A pessoa, chega, conversa, conta os problemas. Dois dias depois, volta para agradecer a conversa”, brinca a Hulda.

A escolha da Kombi foi pelo tamanho do veículo. Hulda diz que um menor não daria conta dos gatos. Ela conta que todo o dinheiro da venda do ateliê foi gasto na Kombi. Mas as duas estão felizes. “Nos perguntam se não temos medo de morar na Kombi e viver na rua. Não, nós não temos medo, porque, dentro de casa, as pessoas também não estão seguras. Não existe a questão de segurança porque está está em quatro paredes”, finaliza a bordadeira nômade.

Quem quiser entrar em contato com as Bordadeiras Nômades, pode mandar mensagem pelas redes sociais. Elas costumam responder rapidamente.

O que??

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