A black friday é uma tentação que começa nesta sexta-feira (26) em todo o Brasil. Consumidores e lojistas buscam fazer bons negócios, ambos com seus objetivos, e a data para as compras já não se concentra mais em um dia só, mas no período expandido que leva o apelido de black week. Em tempos de pandemia, a flexibilização das medidas restritivas neste ano dá uma pitada a mais de expectativa positiva para a campanha.

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Demanda de compras reprimida, alguns consumidores com dinheiro guardado por causa do trabalho remoto que gerou menos gastos em casa e lojistas ansiosos pela recuperação econômica. Ótimo, mas e o consumo consciente? Tem que valer, pois ainda tem muita gente tentando equilibrar suas finanças.

Indo para o lado do consumidor, a professora Adriana Sbicca, do Departamento de Economia da UFPR, diz que a black friday é um tempo de oportunidades que requer sabedoria. As duas dicas da professora são “pare e pense” e “use os buscadores de preços da internet”. No caso dos buscadores, o destaque são para os que permitem o acompanhamento de gráficos de variação de preços, ao longo do tempo.

“O consumo não é uma decisão simples. Há o caráter utilitário, a função que o bem ou do serviço terá para a pessoa, mas o prazer de conseguir uma boa negociação, um desconto, uma satisfação pela compra também compõe a ação de comprar. Com a pessoa sabendo disso, a chance de um arrependimento posterior é menor”, alerta a professora.

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O cuidado com as fraudes e a atenção com os endividamentos também entram na lista da Adriana Sbicca. “Não há uma análise de dados exatos para concluir se há fraude ou não. Mas os gráficos de preços podem indicar se um preço ‘X’ de um produto foi para ‘2X’, para depois ter um desconto e voltar para ‘X'”, aponta.

“Na questão do planejamento financeiro, o impacto da pandemia, como se sabe, não foi homogêneo nos grupos consumidores. E como as compras de black friday costumam ser pagas com cartão de crédito, elas podem gerar endividamento por causa da alta taxa de juros. O “pare e pense” se aplica bem aqui para evitar compras por impulso, que depois não poderão ser pagas sem dívidas extras”, completa.

E os lojistas?

Black Friday é aguardada todos os anos por muitos consumidores. Foto: Jonathan Campos / Arquivo
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Segundo a Associação Comercial do Paraná (ACP), as dicas para um bom consumo neste ano atípico também valem para o lojista. É bom lembrar que muitos consumidores da black friday desconfiam dos descontos nos produtos, ou seja, ficam tentando saber se eles são reais ou não.

“Por isso, o lojista tem que aproveitar o período e dar descontos verdadeiros. Mesmo que ele baixe a sua margem, é bom pensar que a black friday traz uma venda rápida, faz girar estoque e a experiência de consumo positiva pode aproximar a marca de novos clientes. Isso é muito positivo”, aponta Camilo Turmina, presidente da ACP.

Para Turmina, a dica para o lojista é planejamento de entrega, estoque e formas facilitadas de pagamento. Além de dar mesmo os descontos para aumentar a confiança do consumidor na black friday e apostar não só nos eletrônicos, mas em um mix de produtos. “No meu ramo de joalheria, por exemplo, nós fizemos uma live com descontos reais e foi um sucesso. Hoje, vários setores do comércio têm procura na black friday. O consumidor não fica só na compra de celular e televisão”, orienta o presidente.

Relacionamento

“Tanto consumidores quanto lojistas vivem um período de experiências durante a black friday”, ressalta Camilo Turmina. Por isso, segundo ele, o período da campanha é fundamental para a construção de relacionamentos, podendo gerar novos negócios em novas datas, como o Natal, por exemplo. “Veja, no consumo da black friday o consumidor, geralmente, faz compras para si mesmo, de produtos que ele precisa. Depois, ele vai pensar nos presentes de Natal. É aí que novos negócios são gerados, baseados na confiança entre loja e cliente”, destaca.

A professora da UFPR também concorda que um relacionamento como esse possa surgir, mesmo que a característica de consumo da black friday não busque uma fidelidade. “Tem esse possível impacto sim. A loja ser reconhecida por novos grupos de consumidores, gerando uma relação mais duradoura”, finaliza a Adriana Sbicca.

Foto: Leticia Akemi / Arquivo
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