É preciso conviver

Bicicletas não são respeitadas em trechos da Via Calma

A faixa para bicicletas na Via Calma da Avenida Sete de Setembro não é de uso exclusivo dos ciclistas, mas um espaço compartilhado. A prioridade é das bikes, mas carros e motos também podem trafegar por ali, quando não há ninguém pedalando no espaço. Ainda em fase de implantação na Sete, o novo modal, em que a velocidade máxima é de 30 km/h, será implantado em outros locais da cidade. O próximo é a Avenida João Gualberto, que liga o Centro ao Cabral, passando pelo Alto da Glória e Juvevê.

Para evitar problemas de convivência entre motoristas, motociclistas e ciclistas na Via Calma, a prefeitura de Curitiba realizou uma reunião na manhã de ontem para explicar o funcionamento da faixa preferencial na Sete de Setembro, instalada no trecho entre a Rua Mariano Torres e a Praça do Japão. No encontro, membros do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e da Secretaria de Trânsito (Setran) apresentaram o que será permitido no novo sistema de mobilidade.

Em reportagem publicada na segunda-feira, a Tribuna mostrou a confusão gerada pela novidade. A polêmica é tão grande que a matéria é mais comentada pelos leitores no blog dos Caçadores de Notícias (www.cacadoresdenoticias.com.br), com críticas e elogios à medida.

Entre as regras para o bom funcionamento da Via Calma está a que indica que a faixa não de exclusividade dos ciclistas. “É uma via preferencial e não exclusiva. O que queremos com a Via Calma é apenas mostrar onde cada tipo de veículo deve trafegar. Não é uma ciclofaixa, como temos na Avenida Marechal Floriano, e nem uma ciclovia”, diz Danilo Herek, coordenador de ciclomobilidade da Setran.

“Trata-se de um novo modal da cidade, no qual teremos que mudar nosso comportamento e cultura. Na Via Calma teremos que praticar a tolerância entre as partes envolvidas no trânsito e aprender a conviver com harmonia. E isso tem que acontecer, pois a circulação da bicicleta está prevista no Código Brasileiro de Trânsito. As bicicletas, os pedestres, motoristas e motociclistas não fazem parte do trânsito. Eles são o trânsito”, afirma Antônio Miranda, especialista em ciclomobilidade do Ippuc.

Na Via Calma da Avenida Sete de Setembro, a faixa preferencial para ciclistas está no lado direito da via, numa área demarcada em linha tracejada. Nos cruzamentos, foram colocadas bicicaixas, uma área especial de parada para bicicletas nos semáforos.

Maioria usa bike pra ir ao trabalho

A ideia da Via Calma surgiu após uma demanda dos ciclistas, que pediam uma faixa preferencial para transitar fora das ciclovias e ciclofaixas já instaladas. Uma pesquisa feita por amostragem pelo Ippuc e CicloIguaçu no mês de agosto do ano passado mostrou que 67% dos cliclistas que trafegam na Avenida Sete de Setembro usam a bicicleta para trabalhar.

Para orientar ciclistas, motoristas e motociclistas, a prefeitura já veicula uma campanha publicitária para mostrar o que pode e o que não pode na Via Calma. Além disso, a Setran garante que agentes vão orientar o trânsito nas primeiras semanas de funcionamento do novo modal da capital.

Mais uma

De acordo com a prefeitura, e ideia é expandir o projeto para outros pontos da cidade. “Acreditamos que a Avenida João Gualberto receberá a próxima Via Calma. Vamos ver como tudo sairá na Sete de Setembro e depois partiremos para um novo projeto”, disse Miranda. A previsão é que a partir do mês de agosto a implantação da Via Calma da João Gualberto saia do papel.

Incentivo

Para os cicloativistas de Curitiba, a Via Calma deve atrair novos usuários de bicicletas para a cidade. “Primeiro que ciclistas que utilizavam a canaleta para trafegar vão passar a utilizar a Via Calma. Além disso, dando tudo certo no relacionamento entre motoristas e ciclistas, mais pessoas vão começar a usar a bike, para se locomover dentro da cidade”, diz Luis Cláudio Patrício, um dos coordenadores do CicloIguaçu.

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