Alvo de investigações em desdobramentos da operação Lava Jato, o ex-governador paranaense Beto Richa (PSDB) foi beneficiado no final do ano com a nulidade dos processos em decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF ) Dias Toffoli, que, no mês passado, negou o recurso do Ministério Público do Paraná (MP-PR) e manteve a decisão que afirma que o tucano sofreu um “conluio processual”.
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Assim, o deputado federal começou o ano de 2024 dando sequência ao plano de uma candidatura própria do PSDB para as eleições municipais de Curitiba, tendo seu nome ou da esposa, Fernanda Richa, como protagonistas na chapa para a prefeitura da capital do estado.
Prefeito de Curitiba entre 2005 e 2010 e governador do Paraná de 2011 a 2018 pelo PSDB, Beto Richa defende a candidatura tucana na capital para que o partido volte a crescer no estado e no país, sendo que a legenda perdeu espaço nas últimas eleições, quando deixou de ser a principal antagonista ao petismo. “Um partido que quer crescer e se fortalecer tem que participar de eleições. Precisa conversar com os eleitores, mostrar que o PSDB existe e tem propostas para os municípios, com ênfase nas maiores cidades do Paraná”, afirma o presidente estadual do partido e da Federação PSDB-Cidadania, em entrevista à Gazeta do Povo.
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Segundo o pré-candidato, o interesse em disputar a próxima eleição municipal em Curitiba foi reforçado por resultados de levantamentos internos, que indicariam o ex-prefeito como um dos mais lembrados pelo eleitorado curitibano. No entanto, o tucano afirma que a ex-primeira dama Fernanda Richa pode assumir o papel de pré-candidata, dependendo dos próximos resultados e articulações políticas para o pleito na capital.
“Existe um movimento forte e crescente em torno do nome da minha mulher. Ela foi muito atuante em Curitiba, sobretudo nos bairros mais periféricos, atendendo quem mais precisa do poder público. Ela ajudou a melhorar a vida dessas pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade social”, comentou o tucano, ao lembrar do trabalho de Fernanda Richa como primeira-dama na capital e no estado, onde comandou secretarias ligadas à assistência social.
Richa lembra que a esposa está afastada da política por conta da série de investigações por suspeita de corrupção contra o casal, que foram anuladas pelo STF, recentemente. O ex-governador do estado foi alvo das operações Rádio Patrulha, Piloto, Quadro Negro e Integração. O ex-governador Beto Richa chegou a ser preso por duas vezes, entre setembro de 2018 e janeiro de 2019, durante a operação Integração, desdobramento da Lava Jato, que apurava desvios de recursos para pagamentos de propinas durante a concessão de rodovias pedagiadas no Paraná.
“A Fernanda está desfiliada depois do que passou. Ela foi covardemente atacada, de uma maneira muito cruel e desumana, que deixou minha esposa tão abalada que preferiu se afastar do partido e não participar mais da política depois de tanta dedicação na área social”, defende Richa, que ainda ressalta que existe tempo hábil para uma nova filiação da ex-primeira dama. Segundo o calendário eleitoral do pleito de 2024, a data-limite é 6 de abril, ou seja, seis meses antes do dia de votação do primeiro turno, no dia 6 de outubro.
Questionado sobre os reflexos políticos e eleitorais das investigações anuladas pelo STF, o tucano respondeu que foi inocentado pela Justiça mas que terá que recolher “as penas que foram lançadas ao vento” e contornar o cenário no diálogo e no corpo a corpo com os eleitores. “Vamos fazer pesquisas qualitativas para ver qual o nome da Federação pode representar melhor o projeto para Curitiba”, acrescentou.
Apesar de perder o papel de protagonista da centro-direita, Richa avalia que existe a “possibilidade real” do partido aumentar significativamente o número de prefeitos e vereadores nas cidades do estado. “Já fomos um grande partido e estamos passando por dificuldades em todo o país. É normal, isso é cíclico” justifica.
O presidente do PSDB ainda confirmou que houve conversas sobre a saída das deputadas estaduais Mabel Canto e Cristina Silvestri, as únicas representantes tucanas na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), por causa das eleições municipais de 2024. No entanto, Richa afirmou que a tendência é que a dupla permaneça no partido.