O governo do Paraná se defendeu das reclamações da prefeitura de Curitiba sobre a distribuição desigual de vacinas do coronavírus no Estado. Na quarta-feira (16), o prefeito Rafael Greca (DEM) reivindicou mais vacinas para Curitiba e disse que era inaceitável que a proporção de vacinados fosse diferente nos municípios. Segundo Greca, a capital estaria sendo prejudicada no número de doses.
Em resposta, na tarde desta sexta-feira (18), o secretário estadual de Saúde, Beto Preto, classificou a reclamação da prefeitura de Curitiba como “bravata e fanfarronice”. Em entrevista ao jornal Meio Dia Paraná, Beto Preto disse que todo o lote de vacinas recebido pelo Paraná é distribuído em consenso com os secretários municipais de Saúde. “Todo lote, a partir do momento que nós começamos a pactuar por idade, tem o envolvimento direto do conselho de secretários municipais de Saúde. O conselho representa os 399 municípios do estado. Quando o conselho define a pactuação, as vacinas são distribuídas de acordo com a proporção acordada”, afirmou.
LEIA TAMBÉM:
>> Greca pede correção em repasse desproporcional de vacinas para Curitiba
>> Calendário de vacinação covid-19 do PR é “mais político que técnico”, diz Huçulak
O secretário foi questionado sobre a reclamação de Greca. Se, após o discurso da prefeitura, Curitiba seria beneficiada com mais doses na nova destruição de vacinas que ocorrerá na tarde desta sexta-feira – o Paraná recebeu novo lote com cerca de 234 mil novas doses. Beto Preto foi incisivo. “A transferência de doses não se dá pela caneta do secretário da Saúde. Tem um cronograma de grupos prioritários do Ministério da Saúde. Nós já fizemos várias recomposições com Curitiba. Uma delas foi, por exemplo, com os trabalhadores de saúde, que eram 60 mil e se mostraram mais de 100 mil. Nós conseguimos mais doses como Ministério da Saúde”, explicou.
Beto Preto ainda disse que em nenhum momento Curitiba recebeu menos doses. “E em momento nenhum outros municípios receberam mais doses. Existem os diferentes grupos prioritários que possuem número de pessoas diferentes, nos municípios paranaenses. Em Curitiba, os idosos acima dos 60 anos são 16%, segundo o IBGE. Tem município no Paraná que esse número ultrapassa os 25%”, apontou. “O que não se pode é ficar fazendo bravata e fanfarronice. Temos que tratar abertamente, olho no olho, com respeito aos paranaenses”, finalizou.
Reclamação de doses desproporcionais
Na quarta-feira (16), o prefeito Rafael Greca informou que enviou um ofício ao governador do Paraná Ratinho Junior (PSD) para reparar o desequilíbrio no repasse de vacinas contra a covid-19 entre os municípios paranaenses. Segundo Greca, Curitiba está sendo prejudicada. “Estou pedindo que as vacinas que serão repassadas agora pelo Ministério da Saúde façam a equiparação daquilo que nos é devido e que nós temos perdido por discrepância ou por falha técnica”, disse o prefeito.
Segundo a prefeitura, um levantamento realizado pela Secretaria Municipal da Saúde mostra que quase metade dos municípios paranaenses (191 dos 399) já recebeu mais doses, proporcionalmente à população, do que a capital do Estado. Curitiba está na 208.ª posição entre os municípios que menos tiveram doses proporcionais à população.
Novas doses
O Paraná recebeu, na manhã desta sexta-feira, um novo lote com 234.510 vacinas contra a Covid-19. São 143.910 doses do imunizante Comirnaty, produzido pela Pfizer/BioNtech, e 90.600 doses da Coronavac/Butantan. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), as vacinas serão destinadas aos grupos prioritários e população em geral acima de 40 anos. A remessa faz parte da 25ª pauta de distribuição do governo federal.