Restam apenas detalhes burocráticos para que, depois de 20 anos, o terreno e parte da estrutura do antigo Moinho Curitibano, localizado na Rua Nicarágua, no bairro Bacacheri, finalmente deixe de ser um símbolo de abandono e de representar risco aos moradores da região. Ali será construído um novo complexo comercial, tendo o Supermercado Festval como “loja âncora” e reaproveitando grande parte da estrutura da antiga fábrica.
O projeto está pronto há alguns anos, mas ainda faltam algumas liberações e certidões, especialmente junto à prefeitura, para que a vizinhança “se agite” com o vai e vem de caminhões e retroescavadeiras. “Estamos há mais de 2 anos com a negociação em andamento e foi fechada com um grupo de investidores para a revitalização do espaço, transformando-a numa área comercial muito bonita”, contou Paulo Beal, diretor de recursos humanos e tecnológicos do Festval, com exclusividade à Tribuna.
+ Leia mais: Tradicional loja de Curitiba fecha as portas e faz promoção de estoque com até 50% de desconto
Naquele terreno de quase 15 mil metros quadrados serão construídas lojas comerciais, restaurante e o supermercado – o primeiro da rede no bairro e na região como um todo. O local estava abandonado e virou motivo de preocupação para toda a vizinhança, conforme mostraram os Caçadores de Notícias em reportagem produzida em 2018. “Era uma área degradada e toda a comunidade esperava uma providência. Será muito bom para a vizinhança”, disse. “Moradores de rua e até usuários de droga se abrigavam ali”, acrescentou.
A construção de um supermercado da rede Festval na região é um antigo sonho dos administradores. “O mais breve possível iniciaremos a obra. Não estamos com atuação neste lado da cidade e esta demanda vem de encontro com o projeto de crescimento do grupo”, afirmou Beal.
Sobre a nova unidade da rede de supermercados, serão gerados aproximadamente 180 vagas de emprego diretos, numa área de loja construída de 3,5 mil metros quadrados – uma das maiores da rede. “Vai atender bem a comunidade. Se liberarmos o que falta até o final deste ano, começa a obra em 2023 e entreva até o final do ano”, prevê o representante da rede.
E ai, prefeitura?
O entrave atual parece ser no uso do potencial construtivo para a obra, pra melhor aproveitamento do espaço. Chegou-se a pensar que o problema seria o Aeroporto do Bacacheri – já que o terreno fica bem na linha da cabeceira da pista. No entanto, a construção não será mais alta que o antigo Moinho, que tinha todas as liberações para funcionar no local.
+ Veja mais: Morre Luiz Montanha, antigo dono da boate Aline Drinks, no Xaxim
A Prefeitura de Curitiba disse, por intermédio de sua assessoria de imprensa da Secretaria de Urbanismo, que a intenção de edificar na área do antigo moinho foi apresentada ao Conselho Municipal de Urbanismo e ao Ippuc e, agora, o empreendedor está discutindo com o poder público o detalhamento mais aprofundado do projeto.
Histórico
O prédio foi construído em 1949, quando a região já havia sido delimitada como área militar (isto ocorreu em 1943). Por isto, dizem que o dono do moinho, Pedro Nicolau, precisou negociar com as Forças Armadas a construção dos prédios, inclusive um deles com seis pavimentos. Este prédio maior era destinado à moagem e produzia 25 toneladas de cereais por dia.
Diferente de outros bairros de Curitiba que já se desenvolveram industriais, como Rebouças, Juvevê e Portão, o bairro Bacacheri não tinha vocação fabril inicialmente. Era um bairro residencial e militar, que começou a ter sua expansão intensificada no final do século XIX. O bairro era um elo de ligação entre Curitiba e o litoral, através da Avenida Erasto Gaertner. Já na década de 40, chegou o Moinho, que junto com a Cerâmica Colle, fez desenvolver todo um polo de moradores e comércios ao redor das indústrias e gerou muitos empregos.