Uma mudança na rota dos aviões que utilizam o Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, motivada por questões de segurança, mexeu com a rotina dos moradores de alguns bairros de Curitiba. Isso porque os aviões que decolam ou pousam no aeroporto passaram a voar sobre novas regiões da cidade, trazendo alguns transtornos para quem não estava acostumado com a presença das aeronaves.
As rotas dos aviões tiveram que ser modificadas em novembro do ano passado devido a separação total do tráfego aéreo dos dois aeroportos localizados em Curitiba e região metropolitana, o Afonso Pena e o Aeroporto do Bacacheri.
LEIA TAMBÉM:
>> Passagem de ônibus na RMC custa R$ 1. Por que Curitiba não baixa o preço?
>> Com mais de 16 mil casos confirmados, dengue deixa Paraná em alerta
De acordo com o Cindacta II – Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo, antes da reestruturação e da separação do tráfego aéreo, havia esperas ou mudança de rota em um aeroporto quando o outro estava com operações de pouso e/ou decolagem porque as rotas utilizadas eram muito próximas.
Entre as vantagens do novo modelo, além do fim da interferência da operação de um aeroporto na do outro, o Cindacta II destaca a redução das distâncias voadas pelas aeronaves (de pouco mais de 2%), a redução do consumo de combustível (cerca de 1,4%) e a menor complexidade na estrutura de rotas para pilotos e controladores de tráfego aéreo.
No entanto, o próprio órgão admite que as mudanças trouxeram algum desconforto para os moradores de algumas regiões de Curitiba, com a passagem frequente e em baixa altitude dos aviões.
“O barulho é um dos ônus causados pela presença de um aeroporto de grande porte como o de Curitiba, mas tais modificações foram necessárias na intenção de melhorar a circulação aérea como um todo e, com tais otimizações, além dos operadores aéreos, os passageiros também irão usufruir de tais melhorias, uma vez que ocorreu uma redução nas distâncias voadas”, afirma o boletim do Cindacta II.
O centro de controle informa que foram adotadas medidas para tentar minimizar o incômodo, mas que “quando o aeródromo do Bacacheri está no horário de funcionamento e para que seja garantida a segregação das operações, o controle Curitiba (APP-CT) utiliza uma saída que as aeronaves curvam à esquerda logo após a decolagem, com isso, alguns moradores de bairros da Cidade de Curitiba que antes não estavam habituados com o sobrevoo de aeronaves, podem se sentir incomodados nesse início das operações”.
O comunicado do Cindacta II explica ainda que “tais aeronaves utilizam uma razão de subida elevada e passam a uma altura de aproximadamente 1200 pés (370 m) sobre o bairro do Boqueirão, e sobre o Hauer, que é o início da curva à direita, a altura aproximada é de 2500 pés (760 m). Já sobre o Água Verde e o Batel [a altura] é em torno de 3500 pés (1.065 m).
Ciente do incômodo que o barulho dos aviões pode provocar, o órgão afirma que já nos próximos dias fará algumas mudanças na decolagem dos aviões no período noturno. “Iremos modificar pontualmente a decolagem da pista 33 no período compreendido entre às 22h e 07h, na intenção de minimizar tais impactos. A modificação fará com que as aeronaves decolem mantendo a proa da pista e que as curvas para a esquerda ocorram a pelo menos 1.000 pés (300 m) de altura, caso tais curvas sejam para a esquerda e a 500 pés (150 m) de altura caso curvem à direita. Porém, por questões que envolvem a criação de novas trajetórias, tal implementação ocorrerá somente no final de janeiro de 2024”, explica a nota.
Susto e costume
Entre os moradores dos bairros que foram mais afetados pela mudança das rotas, apesar de algumas reclamações, o clima é de conformismo. Os comentários feitos em uma rede social de um grupo de residentes nos bairros Boqueirão e Hauer são um bom exemplo disso.
“Quando começou a passar em assustei, porém durante as manhãs sempre acordo com os mais barulhentos, mas antigamente era assim, então o costume não mudou’, comentou um morador.
Outra vizinha relata que até levou um susto quando a mudança ocorreu: “Essa semana acordei as 6h20 com o coração na mão de susto com o barulho de avião. O barulho foi tão alto que parecia estar na rua de casa”.
Outros moradores consideram que o barulho é apenas uma consequência do crescimento da cidade e do movimento nos aeroportos. “Infelizmente o barulho só vai piorar a medida que tudo cresce. O jeito é acostumar”, conta um deles. “Barulheira do caramba. Mas fazer o que? Lembro quando cheguei em Curitiba, em 1988, nunca tinha visto um avião tão de perto. Hoje acostumei e em breve acostumo de novo”, afirma outro.
E algumas pessoas até curtiram a novidade. “Nossa, pra mim é normal já. Gosto de ver os aviões passarem”, afirma uma moradora da região. “Gosto de ver os aviões passarem por aqui. Percebi essa mudança na decolagem no final do ano passado”, complementa outro.