Pela quarta vez em 114 anos, o Stuart Bar está à venda. É pelo cansaço de estar diariamente, pela manhã, no balcão que o atual proprietário, Nelson Ferri, colocou o tradicional boteco no mercado. O empresário cobra R$ 1,1 milhão e “disposição de maratonista” do próximo dono.
“Enjoei, sabe? Estou cansado. Tive dois cânceres malignos nos últimos anos, sou maratonista, não fumo nem bebo. Preciso diminuir o ritmo”, disse Nelson Ferri, que vai se dedicar apenas ao restaurante de carnes argentinas no segundo andar do mesmo imóvel em que funciona o Stuart desde 1954, na Praça Osório.
Nelson não tem pressa de vender o bar e garante que não fechará as portas mesmo que o comprador demore a aparecer. “Não se pode fechar um bar desse”, garante.
O Stuart é famoso na cidade não apenas por ser o bar mais antigo da capital paranaense — na fachada se lê “famoso desde 1904” –, mas também pelas carnes e porções raras que mantém no cardápio. É possível pedir testículos de touro à milanesa ou ao molho, por exemplo, carne de rã, cascudo, coelho à passarinho (R$ 60, aproximadamente 50 g) e rabo de jacaré (R$ 120, 400 g).
Carne de onça, servida com broa e cheiro verde, dobradinha, sanduíche de pernil, empadinhas, bolinho de carne seca ou de bacalhau e pastel também estão no cardápio.
Pedaço de história curitibana
Frequentado há décadas por clientes fieis, sentaram-se à mesa do Stuart políticos, poetas, jornalistas e toda a sorte de boêmios. Seu primeiro endereço foi na Rua Comendador Araújo, de 1904 a 1927, aberto por Joseph Ritcher. Depois, ocupou um imóvel na Boca Maldita. Em 1938, os irmãos Afonso e Leopoldo Mehl assumiram o bar e mudaram-no para o atual endereço em 1954, na esquina da Praça Osório com a Alameda Cabral.
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Dino Chiumento, italiano que chegou em Curitiba com 14 anos, em 1949, trabalhou por décadas como garçom do Stuart e comprou o bar em 1974. Mesmo em 2008, quando Chiumento vendeu Stuart para Nelson Ferri, seguiu trabalhando no balcão, e tira chopes até hoje no balcão mais histórico de Curitiba.