Milhares de curitibanos estão passando um verdadeiro perrengue pela falta de luz causada pelos estragos do ciclone bomba, na última terça-feira (30), que também marcou a maior ocorrência já registrada pela Copel. Mais de 48 horas depois, 14 mil imóveis ainda estavam sem luz. No total, 185 mil unidades tiveram queda de energia causando inúmeros problemas: comida estragando, ausência de comunicação, impossibilidade de trabalhar, falta de água, banho de canequinha, cadeado no portão e por aí vai.
Os problemas fizeram a vizinhança no Jardim Botânico se unir. Foi desta forma que a Josiane, o Cadu, a Carol, o seu Luiz, a Eli e os demais moradores da região resolveram encarar a situação. Mesmo com a pandemia, a solução foi quebrar o isolamento para tomar banho e usar geladeira do vizinho, ainda que respeitando ao máximo possível às orientações de prevenção sanitária.
“Acho que por causa da pandemia, aumentou o senso de comunidade das pessoas. Muitos perceberam que tem que se ajudar nessas horas. Metade da quadra voltou a energia antes. Então os vizinhos disponibilizaram geladeira para não estragar comida, chuveiro para tomar banho, carregadores portáteis para celular” relata Josiane Guimarães, 47 anos, síndica de um prédio que ficou 42 horas sem energia.
“O banho não teve jeito, foi na canequinha. O banho de gato mesmo. Com relação à comida, o que eu tinha perecível na geladeira doei para um morador de rua”, complementa Josiane.
Falta de luz e também de água
Em um condomínio no Água Verde, a falta de água foi o maior problema. Por conta do rodízio realizado pela Sanepar, a caixa d’água está com capacidade reduzida e com a ausência de energia, as bombas não funcionam. O jeito foi pagar R$ 1.000,00 por um caminhão pipa para abastecer 106 moradores, sendo que mais de 50% são idosos.
“Como eu vou deixar o pessoal sem água, nem nada. Eu já liguei mais de 30 vezes na Copel e na prefeitura, mas não tenho nenhum tipo de resposta. O telhado do prédio também quebrou e não conseguimos fazer o conserto ainda. A sorte é que não choveu mais. Outro problema que fui atrás foi contratar segurança 24h, já que os portões estão abertos”, desabafa Giácomo Budel, 60 anos, síndico do condomínio. Até o fechamento desta matéria, eles ainda estavam sem luz.
Os contratempos se repetem para moradores de um condomínio no Batel. “A água está no limite, já que as bombas não funcionam. Os portões também estão fechados. Também temos três professores no prédio que não conseguem dar aula. Muita gente está indo para a casa de familiares e conhecidos para tomar banho e trabalhar”, lamenta a síndica Carla Soto, 45 anos. Até a publicação do texto, o prédio seguia sem luz.
O professor Wilson Maske, 52 anos, está impossibilitado de trabalhar. Ele conta que já teve que jogar comida fora e que o jeito é carregar o celular no carro quatro vezes por dia: “Eu saio para dar uma volta de carro para dar uma carga. Pelo menos eu não fico completamente incomunicável”.
O que diz a Copel
“A Copel reforçou equipes de eletricistas para atender desligamentos do temporal. Os danos causados pelo pior evento climático da história da Copel continuam sendo tratados por mais de mil eletricistas que atuam em campo em todo o Paraná na tarde desta quinta-feira (2).
Algumas equipes de profissionais de Londrina foram deslocadas para Curitiba para auxiliar no atendimento, uma vez que a região Leste é uma das mais atingidas pelo temporal da última terça-feira. Os bairros mais atingidos são Cidade Industrial, Bacacheri, Fazendinha, Campo Comprido, Uberaba, Pinheirinho, Alto da Glória e Bom Retiro.
O temporal que atingiu o Paraná nesta semana é um dos eventos mais graves já enfrentados pela Copel em relação aos danos causados na rede por conta de árvores e postes caídos. Muitas dessas situações demandam serviços complexos de manutenção, ou até mesmo a reconstrução de parte da rede elétrica. A previsão de religação varia caso a caso, de acordo com a dimensão das avarias provocadas pelo temporal na localidade em questão e do tipo de manutenção requerida”.
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