Rafael Greca (PMN) demorou um pouco para pôr a “mão na massa” como prefeito de Curitiba. Na última quinta-feira (9) é que completou-se o primeiro mês desde que Greca deixou o hospital Marcelino Champagnat, onde ficou internado por uma semana para tratar uma tromboembolia pulmonar, e assumiu, de fato, a prefeitura de Curitiba. Ainda que as ordens médicas exigissem uma retomada gradual da rotina, no balanço do primeiro mês da gestão sobram ações polêmicas, mudanças bruscas na postura do Executivo e medidas impopulares.
Finanças
O caixa da prefeitura foi assunto recorrente no primeiro mês de gestão. Depois de 30 dias de análise das contas municipais, o prefeito e seus secretários convocaram uma entrevista coletiva para anunciar que a cidade tem uma dívida R$ 1,2 bilhão, dos quais R$ 614 milhões sem empenho, a previsão legal de pagamento.
A situação financeira condicionou todas as outras ações do município. Para tentar sanar as contas, o secretário de Finanças, Vitor Puppi, decretou o contingenciamento de 5% do orçamento municipal, o equivalente a R$ 400 milhões. Com a ordem, as secretarias estão precisando readequar sua previsão financeira e atualizar seu planejamento de trabalho.
As dívidas e a perspectiva de baixa arrecadação ensejaram cortes de gastos em ações e ventos que geraram reação em setores distintos. A suspensão da Oficina de Música, o cancelamento do pré-carnaval, e a redução da verba prevista para as escolas de samba foram os casos mais evidentes.
Transporte coletivo
O primeiro mês de Greca à frente da prefeitura começou com a expectativa da reintegração do transporte coletivo – prometida pelo prefeito e pelo governador Beto Richa um dia após a vitória eleitoral – e terminou com um aumento de R$ 0,55 na tarifa de ônibus.
O aumento foi, até agora, a ação de maior repercussão negativa da prefeitura. Além do próprio valor da passagem, a medida também acabou com a tarifa especial de domingo, que custava R$ 2,50 e passou para R$ 4,25.
Outro fato que levantou questionamentos foi a mudança no preço da tarifa antes de se saber quanto a prefeitura vai repassar às empresas – a chamada tarifa técnica. O Executivo alega que os cerca de R$ 430 mil que arrecadará a mais por dia até que se defina a nova tarifa técnica será utilizado para renovar a frota e fazer a manutenção dos tubos e terminais.
Apesar da garantia, a compra de novos veículos depende das empresas concessionárias, já que elas obtiveram, em 2013, uma liminar que as desobriga da compra de novos ônibus enquanto o valor do repasse está sendo discutido judicialmente.
Saúde
Durante toda a campanha eleitoral, Greca sempre deixou claro que a saúde seria a prioridade da gestão. Neste primeiro mês, pelo menos em relação aos gastos do município, a área, de fato, tem sido objeto de maior atenção: 23% das despesas empenhadas pela prefeitura em janeiro foram destinadas à saúde, o equivalente a R$ 165 milhões. Em segundo lugar, com 18% da fatia de gastos desse primeiro mês está a função orçamentária educação.
Segundo dados da atual gestão, Gustavo Fruet deixou R$ 230 milhões em dívidas na área da saúde. A nova administração afirma ter quitado R$ 80 milhões, além de ter destinado R$ 4 milhões para compra de medicamentos.
Urbanismo
Gustavo Fruet (PDT) terminou o mandato com diversos contratos de manutenção da cidade suspensos por falta de condições de pagamento. Para contornar a situação, a atual gestão prometeu entregar um “plano emergencial de recuperação da cidade”. O plano não foi apresentado, mas o Executivo garante que ações de manutenção vêm sendo feitas.
Segundo a prefeitura, já foram contratadas 42 equipes de manutenção; a meta é, até março, ter 90 equipes trabalhando na recuperação da cidade.
De certa forma, as ações de zeladoria urbana têm sido uma alternativa da prefeitura para “mostrar serviço” com o caixa comprometido. Antes de assumir, Rafael Greca já havia dito que, se não houvesse dinheiro para obras, iria concentrar esforços para “deixar tudo limpo”.