Carlos Eduardo dos Santos, 55 anos, acusado de matar a menina Rachel Genofre em novembro de 2008, foi condenado a 50 anos de prisão. O julgamento começou na quarta-feira (12) no Tribunal do Júri, em Curitiba e se estendeu por mais de 12 horas. Carlos foi considerado culpado por atentado violento ao pudor e homicídio duplamente qualificado, com emprego de meio cruel e para ocultar outro crime.
De acordo com a nova Lei Anticrime, em vigor desde o final de janeiro, a pena máxima prevista pelo código penal brasileiro é de 40 anos, desde que somadas condenações.
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O julgamento não teve a presença da imprensa e nem mesmo foi transmitido nas redes sociais, por tramitar em segredo de Justiça. Apenas as pessoas autorizadas pelo Juiz tiveram acesso ao Plenário. O réu Carlos Eduardo dos Santos acompanhou o julgamento em Sorocaba (SP) e prestou depoimento por videoconferência. Ele cumpre pena por outros crimes na cidade paulista.
Cerca de 11 anos após o crime, Carlos Eduardo foi apontado como autor do assassinato em 2019, com um exame de DNA, e logo depois confessou oficialmente. O caso da Rachel, na época com 9 anos, comoveu o Brasil. O corpo da menina foi encontrado dentro de uma mala na Rodoviária de Curitiba, com sinais de estrangulamento e violência sexual. A menina havia desaparecido após sair da escola onde estudava, no Centro de Curitiba.
O escritório do advogado Daniel da Costa Gaspar, que representou a família de Raquel Genofre, emitiu uma nota oficial sobre o veredito.
“O dia 12 de maio de 2021, entrará na história da sociedade paranaense e brasileira, como o dia em que a justiça enfim foi feita, em um dos casos de assassinato e violência contra a infância, mais bárbaros ocorridos na nossa história. Cerca de quase 13 anos depois, o assassino da menina Rachel Genofre, enfim, pagará pelo seu hediondo crime que ceifou a vida de uma criança que teria um belo futuro em seu caminho, e marcou para sempre a vida de uma família de trabalhadores.
A pena de 50 anos de prisão, não trará Rachel de volta, mas deve servir de exemplo e de apelo: VIDAS DE CRIANÇAS IMPORTAM! Abusadores e criminosos sexuais não passarão impunes. O escritório Daniel da Costa Gaspar – Advogados Associados na condição de representante do pai de Rachel, Sr. Michael Genofre, saúda a decisão do júri em condenar o réu exemplarmente.
Esta data ficará guardada na memória de todas e todos aqueles que lutaram por justiça em nome de Rachel Genofre, e em defesa das crianças e das mulheres. Que nenhuma criança se sinta insegura, que o estado cumpra seu papel de proteger seus cidadãos e evitar que crimes bárbaros como este ocorram novamente, e que a sociedade se lembre sempre da memória de Rachel, para que outras vidas de crianças e adolescentes sejam salvas”.
Relembre o caso
Rachel foi morta em 2008, quando tinha 9 anos, e encontrada em uma mala na Rodoferroviária, no Centro de Curitiba. Encontrado seminu e com vestígios de violência sexual, o corpo foi localizado de madrugada por um indígena que circulava pelo local, onde também estariam alguns pertences da menina. Ela teria sido raptada enquanto seguia pelo trajeto do colégio no qual estudava até o ponto de ônibus no qual aguardava, diariamente, o coletivo que a conduzia para casa.
O crime ficou por quase 11 anos sem solução mas um trabalho de integração entre Paraná, São Paulo e Brasília permitiu a comparação genética entre no material coletado na cena do crime e o do autor. Segundo a Sesp, a análise do material genético teve 100% de compatibilidade. A amostra positiva apareceu no sistema do banco nacional de DNA.
Transferido para Curitiba, Santos confessou o crime e deu detalhes, em 25 de setembro. À polícia, ele contou detalhes do que aconteceu e que atraiu a garota prometendo uma participação na televisão. “Ele confirmou que já tinha observado a Rachel e após entender a rotina dela, ele a convidou para participar de um programa infantil de TV bem conhecido da época e falou que era para ir no escritório assinar alguns documentos. A Rachel concordou e foram até o local que ele residia e assim que chegou lá, a Rachel estranhou e gritou. Na sequência, cometeu o ato sexual e a matou”, disse a delegada na época.