“Governador, você pode salvar a Polícia Científica”. Assim se manifestam os aprovados no último concurso público, feito em 2017, com um outdoor na frente da casa do governador Beto Richa. A falta dos profissionais aprovados e que ainda não foram chamados tem provocado vários problemas, como a espera para o recolhimento dos corpos em locais de morte e também o acúmulo de perícias por fazer.
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Na semana passada, o governador anunciou o chamamento de 28 dos 54 aprovados. “Mas até a situação destas pessoas ainda é incerta, porque só foi assinada a autorização para nomeação, sem de fato nomear ou dar previsão para ninguém”, explicou Adriano Halama, de 37 anos, que ficou na lista dos 26 que ainda não foram chamados.
Revoltados com a situação, os aprovados no concurso se uniram e criaram uma comissão para cobrar do governo. “Nossa Polícia Científica está com um quadro de profissionais muito defasado. Temos hoje 243 no Estado todo, destes, 151 são peritos, mas haveria a necessidade de termos, pelo menos, o preenchimento de mais de 400 vagas”, defendeu Adriano, que é o presidente da Comissão dos
Aprovados.
A recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU) é de que tenha um perito a cada cinco mil habitantes, mas o Paraná trabalha atualmente com um perito a cada 53 mil. “É uma das piores médias do Brasil. Para se ter uma ideia, o quadro de funcionários tem sido ocupado hoje por apenas 16% das vagas.
Mesmo com o chamamento de 28, vai passar para 17,5%. Enquanto isso, vai acontecendo o que já foi registrado, de longas esperas para recolhimento do corpo, por exemplo. As pessoas podem achar que isso ocorre raramente, mas é mais normal do que se imagina e às vezes nem é noticiado”.
O homem,que atualmente tem trabalhado em outra função enquanto espera ser chamado, disse que, além
de ter que confiar em algo que nem se sabe se vai acontecer, os aprovados ainda sofrem para conseguir emprego. “Quando as empresas veem que o candidato está aprovado em concurso, acabam não contratando. Isso tem piorado a situação de algumas pessoas”, comentou Adriano.
Manifestação
A inauguração do novo prédio do Instituto Médico-Legal (IML) está prevista para amanhã, depois de cerca
de quatro anos após o começo da obra. Como forma de manifestação, os aprovados no concurso pretendem estar na frente do novo IML. “Não para provocar tumulto, mas para que sejamos vistos, afinal, não é só com prédio e viatura que se faz a segurança pública”.
Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp-PR) informou que a contratação de novos profissionais para as unidades é verificada constantemente, em conjunto com outras secretarias envolvidas. De acordo com a Casa Civil, o governador deu autorização para a contratação dos 28 convocados do concurso feito em 2017. Segundo nota, a Secretaria de Fazenda está realizando o ajuste orçamentário e a nomeação dos convocados deve ocorrer nos próximos dias, ainda sem data definida. Sobre os não convocados, a Casa Civil não se pronunciou.