É bastante comum os motoristas envolvidos em um acidente sem vítimas deixarem seus carros no mesmo lugar da colisão até a chegada da Polícia Militar. A atitude, além de atrapalhar o trânsito pelo posicionamento dos veículos, e despertando a atenção dos curiosos, pode render multa para os dois motoristas.
A situação está especificada no artigo 178 do Código Brasileiro de Trânsito, que diz: “Deixar o condutor, envolvido em acidente sem vítima, de adotar providências para remover o veículo do local, quando necessária tal medida para assegurar a segurança e a fluidez do trânsito”. A infração é considerada média, com multa de R$ 136,16, e perde de quatro pontos na carteira. Ou seja, além da dor de cabeça e custos do conserto, o motorista terá ainda que gastar mais dinheiro para não se complicar.
Mas afinal, porque é que os motoristas continuam deixando os carros no mesmo lugar em que aconteceu a batida? Seria por medo do causador do acidente não assumir a culpa e responsabilidades dos danos? Fomos ouvir uma especialista em trânsito para responder a essa questão.
Uma historinha
Você vem dirigindo distraído, cantarolando a nova música da Anitta, mandando um “embromation” daquele rockão das antigas, ou quem sabe até rasgando o peito naquele módão xonado do Milionário e José Rico, quando sem perceber se distrai olhando pela janela, invade a faixa ao lado e bate no carro que seguia ao seu lado. Como estavam todos dentro do limite de velocidade e o encontrão foi lateral, ninguém se machucou. Mas os carros ficaram no meio da via e rapidamente o trânsito congestionou.
Mesmo que tenha sido o culpado, você sai do carro “cheio de razão” e começa a acusar o outro motorista de não dar o pisca ao trocar de faixa, de estar distraído ou coisa que o valha. O outro, por sua vez, bate o pé e diz que o culpado é você, que você estava olhando para o lado, que tava cantando, e que não prestou atenção. A discussão esquenta e ambos decidem só sair dali quando a Polícia Militar, se recusando a tirar o carro do local.
“A primeira coisa que o policial fará, caso os veículos estejam em condições de rodar, é mandar os motoristas tirarem o carro do local”, explicou a 1.º tenente Etiene Gonçalves do Carmo, da comunicação social do Batalhão de Polícia de Trânsito de Curitiba, derrubando logo de cara o mito.
A orientação mais importante e que precisa ser compartilhada com seus amigos e familiares, é que não será a presença do policial que vai determinar a culpabilidade do acidente. “Não é o policial quem determina quem esteve certo ou errado na batida. Nós vamos coletar dados, fazer o croqui das ruas, colher relatos de testemunhas e nada mais. Inclusive, nestes casos, o Boletim de Ocorrências é feito pela internet ou na sede do BPtran”, contou.
O BPtran pede bom senso aos motoristas nestes casos. Se ambos declararam não precisar de atendimento médico, é expressamente recomendado que se tirem os carros da via. “Se isso não acontecer eles vão ser multados”, concluiu a representante da Polícia Militar.
