O recurso apresentado pela ex-governadora do Paraná Cida Borghetti para receber aposentadoria especial pelo cargo ocupado foi negado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

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Em decisão unânime, os ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux acompanharam o voto da relatora, Cármen Lúcia, ratificando a decisão já proferida pela ministra que negava o direito ao benefício.

Procurada pela Gazeta do Povo, Cida Borghetti enviou uma nota na qual afirma apenas que “a medida judicial no Supremo Tribunal Federal (STF) tem por objetivo que a primeira mulher a governar o Paraná receba a verba de representação, garantindo assim o mesmo tratamento assegurado pelo STF aos demais ex-governadores do Estado”.

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Cida Borghetti pediu aposentadoria em 2019

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Cida Borghetti ocupou o cargo de governadora do Paraná por 8 meses, entre maio e dezembro de 2018. Ela assumiu o posto quando o então governador, Beto Richa (PSDB), deixou o cargo para disputar uma vaga no Senado Federal – ele ficou em 6º lugar na disputa, com 4% dos votos válidos naquela eleição.

Até 2019, a Constituição do Paraná previa que ex-governadores tinham direito a uma pensão vitalícia e mensal no mesmo valor do salário dos desembargadores do Tribunal de Justiça do Paraná. Após passar a faixa para o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), Cida buscou junto ao estado a concessão do benefício.

Aposentadoria de ex-governadores do Paraná foi suspensa em 2019

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Enquanto seu pedido tramitava, a Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) aprovou uma Proposta de Emenda Constitucional que retirava o trecho que permitia que ex-governadores recebessem o benefício derivado do período no comando do Palácio Iguaçu. Pela via administrativa, seu pedido foi negado pelo governador Ratinho Junior.

À época, oito ex-governadores e três viúvas seguiram recebendo o benefício, porque a “PEC da Aposentadoria” proibia o pagamento para os próximos ex-governadores, mantendo a condição daqueles que já eram beneficiários. Em dezembro daquele ano, uma decisão do STF considerou o pagamento ilegal e suspendeu a aposentadoria especial.

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Em 2020 o Governo do Paraná retirou definitivamente a previsão de pagamento dos benefícios por parte do estado. Dois anos depois, outra decisão do STF, desta vez da Segunda Turma, considerou que “não seria razoável, à luz das garantias constitucionais, cassar benefícios recebidos de boa-fé durante décadas por pessoas idosas que não possuem mais condições de se reinserir no mercado de trabalho”. Assim, a corte restabeleceu o pagamento dos benefícios.

Cida Borghetti acionou o STF para garantir benefício negado no Paraná

Em junho de 2023, Cida Borghetti acionou o STF pedindo para receber o mesmo tratamento daqueles a quem a aposentadoria havia sido reabilitada. Em sua ação, ela reclama que o pedido do benefício junto ao Governo do Paraná tramitou mais lento do que o necessário.

“Caso o Estado do Paraná não tivesse demorado tanto tempo – injustificado – para analisar o caso da Agravante [Cida Borghetti], ela receberia, assim como os demais afetados pelas decisões objeto desta Reclamação, a pensão vitalícia como ex-Governadora”, alegou sua defesa.

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A “isonomia” requerida por Cida foi negada pelo governo do Paraná, ao argumentar que ela não guarda semelhança com os outros beneficiários, nem pela idade avançada nem pelo longo tempo a que eles já vinham usufruindo da pensão antes do corte determinado pelo STF.

Cármen Lúcia negou pedido de aposentadoria especial

O entendimento foi o mesmo de Cármen Lúcia ao negar o pedido na ação movida por Cida Borghetti na Suprema Corte. A ex-governadora recorreu, e assim como da primeira vez teve seu pedido rejeitado pela mesma ministra.

“A agravante [Cida Borghetti] insiste em obter, pela reclamação, pensão que lhe foi negada. Os argumentos da agravante, insuficientes para modificar a decisão agravada, demonstram apenas inconformismo e resistência em pôr termo a processos que se arrastam em detrimento da eficiente prestação jurisdicional”, destacou Cármen Lúcia em seu voto, acompanhado por unanimidade pelos outros ministros da Primeira Turma.

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