Depois de meses de incertezas as locadoras de veículos já começam a comemorar a retomada dos serviços em Curitiba. Segundo a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA), a movimentação de locações diárias aumentou 60% para pessoas físicas e 95% para empresas. O setor foi severamente impactado no começo da pandemia do novo coronavírus com o fechamento de várias atividades e fez com que motoristas devolvessem os carros devido à queda assustadora na quantidade de corridas pela cidade.
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A locação de veículos é uma das alternativas para motoristas que buscam uma renda via aplicativos de caronas. De acordo com a ABLA, um em cada quatro motoristas de aplicativos usa veículo alugado no país, atingindo 200 mil pessoas. No Paraná, são 414 locadoras de veículos, com 3.112 empregos. No final de abril, estavam parados 90% dos veículos que vinham sendo alugados para pessoas em viagens de negócios e para viagens de lazer no Paraná. Já a devolução de veículos que estavam locados para motoristas do Uber, 99 e Cabify atingiu a marca perto de 80% de carros devolvidos.
O motivo é que os usuários pararam de utilizar, pois estavam em casa. Sem trabalho e sem grana para pagar a locação, a única forma para não aumentar a dívida foi entregar o carro na locadora. Um dos casos aconteceu com Luciane Venturi, 41 anos, que contou em abril para a Tribuna do Paraná que chegou a ter apenas duas corridas em um dia de trabalho. Sem grana, a solução foi entregar o Fiat Argo, no dia 24 de março.
Com o retorno gradativo das atividades comerciais, as pessoas estão retomando aos poucos o dia a dia e as locadoras de carros que antes não paravam de ter a devolução do veículo nos pátios devido à crise, agora estão aproveitando o momento de recuperação. Na Localiza, empresa com maior número de motoristas de aplicativo de Curitiba, em junho de 2020, a divisão de aluguel de carros da companhia atingiu 60,7%.
Lorena Kutter, 58 anos, é um bom exemplo de que vale a persistência para conseguir uma renda. No começo da pandemia, percebeu a queda na quantidade de viagens e devolveu o veículo. “Senti que estava estranho, bem fraco. Comentei com meu filho que não daria para pagar a prestação que era de R$ 1800. Fiquei 30 dias afastada até perceber que poderia melhorar”, comentou Lorena.
Com a flexibilização de diversas atividades por conta da alteração da bandeira laranja para amarela, em 17 de agosto, as corridas voltaram para a vida de Lorena, que faz hoje em média 20 corridas por dia. A motorista ainda acredita em uma melhora com o retorno das aulas nos colégios e faculdades. “ Agora está bom, mas imagino que vai ser melhor. Trabalho integralmente e só utilizo uma plataforma de carona e acho que isto está ajudando”, disse a motorista que trabalha com aplicativo há um ano e quatro meses.
Paulo Sérgio de Lima, 37 anos, representante da classe dos motoristas de aplicativo de Curitiba,relata que apesar do aumento das corridas, a categoria precisa ficar atenta com os custos para não se endividar. “Não está sobrando e o pessoal está conseguindo pagar as contas. Não voltou a normalidade, pois muita gente está ainda segurando o dinheiro. Importante que muitos estão lutando e estão levando o pão de cada dia para casa”, disse Paulo Sérgio de Lima.
Ah, sobre a Luciane Venturi, ela voltou a trabalhar como motorista de aplicativo, mas hoje utiliza um veículo que não é alugado. “Estou comprando o meu e representa um recomeço, uma vitória. O valor do aluguel vai se reverter em um bem próprio”, orgulha-se Luciane.