Desde outubro, as regiões leste e sul do Paraná vêm sofrendo com a chuva forte e persistente, que causaram enchentes no litoral e deslizamentos de terra de grande proporção nas estradas que ligam Curitiba às praias paranaenses e catarinenses.
O terreno bastante encharcado pelo acúmulo da precipitação levou à queda de encostas na região da Serra do Mar na BR-277, em Morretes, e na BR-376, em Guaratuba – outro deslizamento de terra interrompeu também o tráfego na histórica Estrada da Graciosa e o litoral paranaense chegou a ficar inacessível por via terrestre por algumas horas no final de novembro. No mesmo período, as cidades de Morretes, Guaratuba e Guaraqueçaba sofreram com inundações.
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Agora, com a chegada do verão, que teve início no dia 21 de dezembro, o clima deve se comportar mais de acordo com o habitual para esta estação do ano nestas regiões do estado mais castigadas pelas tempestades dos últimos meses. Como costuma ocorrer nesta época, a previsão para as próximas semanas é do aumento do calor e, consequentemente, das tradicionais chuvas de verão, fortes e localizadas.
No entanto, o mês de janeiro ainda deve registrar uma quantidade de chuva ligeiramente acima da média histórica, com o clima ficando mais seco mesmo somente em fevereiro, que deve ter menos chuva do que o normalmente esperado – no geral, o verão deverá ser encerrado com chuvas dentro da média se for analisada toda a sua extensão.
De acordo com o meteorologista Samuel Braun, do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), o acúmulo de chuvas registrado especialmente na faixa compreendida entre o litoral paranaense e os Campos Gerais desde outubro foi provocado por uma série de fenômenos atmosféricos diversos, que anularam a influência da La Niña – fenômeno climático causado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico que costuma provocar seca e temperaturas elevadas na Região Sul do Brasil.
“Tecnicamente, a presença de La Niña deveria provocar uma seca, mas a atmosfera não segue à risca o que se espera. Em outubro mesmo nós tivemos o ingresso muito forte de umidade vinda da Amazônia, que contribuiu para o aumento das precipitações. E nos últimos meses o que tivemos basicamente foram sistemas que permaneceram parados sobre essa faixa mais a leste do estado”, explica o meteorologista, lembrando que são inúmeras as variáveis que interferem nas condições climáticas.
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Vale lembrar que, ao contrário dessa faixa mais a leste, em boa parte do interior paranaense, especialmente nas regiões norte, noroeste e oeste, as chuvas não foram tão intensas em novembro e dezembro.
Chuvas acima da média
De acordo com os dados do Simepar, houve chuva excessiva em vários setores do Paraná em outubro. Em parte do noroeste e no leste a chuva ficou ligeiramente acima das médias históricas, mas entre o oeste, sudoeste e o centro-sul choveu bem acima das médias climatológicas.
A situação mais grave ocorreu em Pato Branco, onde a precipitação chegou a 524 mm, maior índice para um único mês desde junho de 1997, quando a medição começou a ser feita na cidade – as fortes chuvas causaram alagamentos e óbitos no município.
Já em novembro, choveu muito mais do que o esperado foram nas áreas da Serra do Mar, Litoral e em parte da Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Segundo o Simepar, isso foi causado por um fenômeno meteorológico chamado Vórtice Ciclônico, que dominou essa parte do estado entre os dias 24 de novembro e 1º de dezembro. Esse fenômeno criou condições favoráveis para a formação de chuva continua, intermitente e por vezes com forte intensidade.
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Como consequência, foi registrada grande acumulação de chuva nessas áreas em poucos dias. Os valores medidos ficaram entre 240 e 490 mm na área da Serra do Mar, entre 150 e 430 mm na baixada litorânea e entre 110 e 200 mm na Região Metropolitana de Curitiba.
Esse grande acumulado de chuva foi o gatilho para a ocorrência de deslizamentos de terra na área da Serra do Mar, com os eventos mais significativos observados na BR 376 entre Guaratuba e Garuva-SC e na BR 277 na descida da Serra do Mar entre Curitiba e Paranaguá, na região de Morretes.
A prevalência do tempo instável nessas regiões ainda deve durar mais algum tempo, mas as poucos os dias passarão a ser mais ensolarados com o avanço do verão.
“Agora em dezembro, apesar de faltarem alguns dias para o fim do mês, a média histórica de chuva acumulada já foi atingida nas regiões sul e leste. As simulações indicam que em janeiro ainda haverá chuva acima do esperado para essas regiões, mas a situação muda em fevereiro, que deve ser um pouco mais seco que o habitual”, complementa o meteorologista.
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