Os alunos de Direito que repudiam a invasão do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR) passaram a manhã protestando contra os estudantes que estão dentro da instituição. O ato ocorreu de forma pacífica, apesar dos gritos truculentos de ambos os lados e de vários momentos de inquietação. Ao longo de toda a manhã, um grupo de professores buscou articulação entre o grupo que invadiu e alunos contrários ao protesto. Mas é uma reunião marcada para as 15 horas desta sexta que deve definir com mais força os rumos do protesto: se não houver desocupação espontânea , a reitoria vai entrar com pedido de reintegração de posse, informou a professora Maria Cândida Kroetz, vice-diretora do campus.

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Alunos que passaram a manhã contestando a invasão argumentam que o ato contraria a própria deliberação da maioria dos estudantes de Direito, que, em estado de assembleia permanente, optaram por uma votação em urna de papel na próxima segunda-feira (7) para discutir a adesão ou não ao movimento de protesto que se espalha pela instituição.

Segundo os alunos contrários ao movimento, essa medida extrema quebrou o diálogo acordado nos últimos dias. Os protestos são contra a PEC 241 (ou PEC 55 no Senado Federal) e a reforma do ensino médio.

O grupo de estudantes que defende a reintegração começou a se reunir por volta das 7h30. No fim da manhã, eram em torno de 300. Do lado de fora, eles leram um manifesto em favor da pluralidade e contra violência dos manifestantes.

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Perto das 10h, os professores do curso formaram um cordão de isolamento entre os ocupantes que estavam na porta de entrada do prédio e os manifestantes do ato de repúdio.

Impacto

Por conta dos protestos, as bancas de avaliação de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que ocorreriam nesta sexta-feira (4) foram canceladas. A professora Vera Karam de Chueiri, diretora do curso de Direito, ainda está deliberando uma posição sobre o caso.

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Dois eventos – um seminário sobre o bullying de estudantes da Psicologia e um evento de serviço social com estudantes e professores de todo o estado – foram remarcados para as Mercês e o prédio do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais Curitiba (Simuc), respectivamente. As áreas administrativas do prédio não funcionam e a internet chegou a ser cortada para preservar os dados da instituição.

Início

Estudantes de Direito, de outros cursos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e também secundaristas invadiram o prédio histórico da instituição, na Praça Santos Andrade, na noite desta quinta-feira (3). A tensão cresceu logo nas primeiras horas do dia, quando os alunos rasgaram as faixas que os ocupantes haviam colocado nas colunas do prédio.

Os alunos que estão do lado de foram cravam que os ocupantes não são majoritariamente alunos da UFPR. Os estudantes não falaram com a imprensa e soltaram uma nota no final da manhã. Eles estão mascarados. Os de fora pediram para eles mostrarem o rosto e a carteirinha de estudante da instituição.

Uma equipe de docentes da UFPR, composta pela professora Vera Karam de Chueiri, o professor Sandro Lunard, um servidor do prédio, e professores de Psicologia, entrou por volta das 9h na unidade, fez vistorias, conversou com os estudantes e pediu uma pauta concreta das reivindicações.

“Nosso esforço coletivo, das unidades que ocupam o prédio histórico, como os cursos de Direito e pré-reitorias, é de estabelecer um diálogo em relação a essa ocupação. As demandas genericamente são as mesas pautadas na ocupação da Reitoria, que se aliam também às demandas do movimento secundarista. Nós conversamos com os alunos da universidade; se há outras pessoas de outros movimentos eu não sei dizer”, conta Chueri. “Andamos pelo prédio inteiro, ele está absolutamente preservado, não houve qualquer entrada na parte administrativa e nas salas de aula. Eles estão nas áreas comuns do prédio. Até o momento ele está intacto”.

A reportagem constatou que alguns vidros da porta da frente estão quebrados. Nenhum aparato policial acompanhou a manifestação ao longo da manhã.

Segundo a aluna de Direito Alicia Bellegard, os manifestantes tomaram o prédio nesta quinta à noite com violência. A estudante contou que ela e outros alunos (cerca de 35) ficaram cerca de meia hora sem poder deixar o prédio.

A estudante Caroline Paglia referenda: “Nós deliberamos uma conversa e votaríamos essa situação na segunda-feira. Mas eles ocuparam antes com medo de perder”.