Educação infantil

Após desafios, escola infantil Cantinho do Céu renasce com novo fôlego em novo endereço

Silvana Rosa e Adriana Machado, do Centro de Educação Infantil Cantinho do Céu, no Água Verde. Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

O abandono de um terreno na Rua Bento Viana, entre as avenidas Silva Jardim e Iguaçu, incomodou a vizinhança. No local funcionava o Centro de Educação Infantil Cantinho do Céu, que por quase 40 anos ajudou a criar e a formar várias gerações de curitibanos. Mas a escolinha saiu dali em dezembro de 2021 e o novo proprietário do terreno não tomou as providências para isolar o imóvel, gerando todo o problema que a Tribuna mostrou nessa matéria (clique pra ler).

O imóvel foi finalmente demolido em 7 de agosto, uma semana após nossa denúncia, mas a história da escolinha Cantinho do Céu nunca foi abalada. Em novo endereço (Travessa Lange, 200, no mesmo Água Verde) ela continua sua bela e educativa história, transformando a a vida de muitas crianças.

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Superação pela educação

A escolinha está há 20 anos sob o comando de Silvana Rosa, que locava o imóvel anterior. O endereço antigo da Cantinho do Céu pertencia ao seu cunhado de Silvana. Depois de uma conversa familiar, ele ofereceu para que a cunhada assumisse o comando da escolinha e, apesar de não ter nenhuma relação com a área, sentiu uma espécie de “despertar” e decidiu encarar o desafio.

Ela garante que valeu a pena. “Eu não tinha nada a ver com pedagogia, mas comecei a pensar e fui para a área”, comenta. Depois de aceitar a direção do local, ela remodelou a escola e criou um espaço acolhedor para receber as crianças entre os quatro meses e cinco anos.

O tempo passou e são duas décadas de muitas alegrias, mas também desafios. A diretora revela que já pensou em desistir, mas que a ideia vai embora no mesmo instante em que pisa na instituição. “Quando eu chego e vejo as crianças é minha alegria. Cantinho do Céu não dá para ficar sem, é o ar que eu respiro”. Mãe de Samuel, de 16 anos, Silvana brinca que o centro de educação é como um segundo filho.

Silvana Rosa e Adriana Machado. Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

Escola enfrentou desafios durante a pandemia

Atualmente, o Cantinho do Céu tem 50 crianças matriculadas. Antes de 2020, o número chegou a 130. Com a pandemia do coronavírus, Silvana enfrentou o que ela considera o momento mais difícil da carreira.

Nesse período foram muitas mudanças inesperadas. Além da chegada da pandemia, a escola – que ficou com apenas cinco crianças matriculadas – precisou mudar de endereço, pois o terreno onde ela estava foi vendido. Já Silvana teve um problema de saúde e perdeu a visão dos dois olhos.

“O maior desafio que eu passei foi a pandemia. Foi uma separação brutal. As mães me mandavam vídeos e a gente via as crianças sofrendo. A gente também via muitas escolas fechando e isso causou um dano emocional para todo mundo”, relembra.

Pensando em parar, a empreendedora recebeu o apoio da diretora pedagógica Adriana Machado e decidiu seguir em frente. O ano passou e tudo começou a se encaixar novamente. Em 2021, encontraram um novo lugar para o Cantinho do Céu, que agora está localizado na Travessa Lange, também no bairro Água Verde, e as crianças puderam retornar.

Também em 2021, depois de um ano de tratamento, Silvana voltou a enxergar. Ela comenta que os médicos disseram que o problema pode ter sido causado pelo estresse, já que começou em março de 2020, mesma época em que a escola fechou. A visão voltou de repente e ela não precisou nem de cirurgia.

Construir relação com as famílias é fundamental

Apesar de inúmeros desafios que aparecem na hora de trabalhar com o desenvolvimento infantil, para Silvana, os problemas se tornam menores quando ela vê as crianças, que com diferentes estilos e jeitos, a completam e a deixam, diariamente, mais alegre. “A criança é contagiante. Ela tem uma energia que você se restaura só de olhar”, afirma.

Ela também cita a importância de dividir as experiências e ganhar a confiança das famílias: “quando se reconhece essa troca a gente se sente no paraíso”. É o que acontece entre a agradável relação de Silvana e de Christiane Azevedo Bruschi.

Quando eram pequenos, os dois filhos de Christiane: Lorenzo Azevedo Bruschi, 16 anos, e Helena Azevedo Bruschi, 13 anos, frequentaram a instituição.

“O Lorenzo foi para o Cantinho do Céu com um ano e quatro meses. E a Helena foi no berçário, com cinco meses. Os dois se formaram lá e são absolutamente apaixonados pela escola”, diz Christiane, que também revela que os filhos sempre dizem que foram muitos felizes neste período.

E em 2023, a família ficou muito animada quando matriculou na escolinha a neta de Christiane e sobrinha dos adolescentes, Olívia Azevedo, 2 anos. “Quando a gente precisou procurar uma escola para ela nem pensamos duas vezes, fomos direto no Cantinho do Céu”, relata a avó.

A família faz questão de mostrar para a pequena que os dois tios já frequentaram o mesmo lugar que ela: “A gente mostra foto para a Olívia que os dois [Lorenzo e Helena] estão com a roupa do avião, que é o jeito que ela chama o Cantinho do Céu”.

Foto: Átila Alberti / Tribuna do Paraná.

Atividades trabalham com desenvolvimento intelectual e emocional infantil

Por meio de brincadeiras e vivências, Silvana busca ensinar e sensibilizar as crianças. Ela explica que o Cantinho do Céu tem uma atividade chamada Padoca, em que os alunos fazem pão e vendem para os pais.

Outro projeto é a Colcha de Retalhos. As crianças levam um pedaço de retalho cortado para casa. Os pais vão costurando com os filhos até um cobertor ser formado. Depois de pronto, a escola e as crianças levam as mantas para idosos que estão em casas de repouso em Curitiba.

E depois de 20 anos colecionando e vivendo boas histórias, Silvana não se imagina em outro lugar. “Não sei ser feliz com outra coisa. Sou feliz cuidando das crianças”, afirma.

O Cantinho do Céu fica na Travessa Lange, 200, no Água Verde. O local funciona das 7 horas às 19 horas e atende crianças de quatro meses até cinco anos.

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Link da matéria 01: https://www.tribunapr.com.br/noticias/curitiba-regiao/escolinha-vira-esconderijo-de-marginais-em-bairro-nobre-de-curitiba/

  • Se precisar, a Coral me passou fotos de como o terreno abandonado está atualmente
  • Átila fez fotos da escolinha no novo endereço
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