O Bar Crossroads, um dos mais tradicionais da noite de Curitiba, anunciou que irá fechar suas portas por tempo indeterminado. Não é, contudo, um fechamento permanente e nem total. Devido às novas imposições do mais recente decreto da Prefeitura de Curitiba que instituiu a bandeira laranja e também às medidas do Governo do Paraná, que impõem toque de recolher e lei seca a partir das 23h, tornou-se inviável a manutenção do chamado “serviço de salão” no estabelecimento.
De acordo com Alessandro Reis, dono do bar e também do Bastards, outro bar da cidade, o impacto na vida das 70 famílias que dependem dos estabelecimentos será enorme. Até agora, desde o dia 17 de março, Reis orgulhava-se de não ter precisado (graças a muito esforço e dívidas) demitir nenhum funcionário. A partir de janeiro de 2021 o cenário tornou-se insustentável.
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Seus empreendimentos são as mais novas vítimas da pandemia. “Pro ano que vem, não tem como não cortar, infelizmente vai ter que ser assim. Paramos no dia 17 de março, quando tínhamos apenas 4 casos em Curitiba. Os governantes tiveram 7 meses para se preparar e encontrar uma solução para amparar o setor de serviços, e nada foi feito. O tipo de lockdown que impuseram não funcionou”, lamentou o empresário.
Segundo ele, estabelecimentos do mesmo tipo que o seu ficarão reféns da interpretação de um fiscal, que segundo o Projeto de Lei de autoria do poder executivo, aprovado pela Câmara dos Vereadores na última quarta-feira, vai determinar o cometimento ou não de uma infração.
“São mais de 70 famílias que dependente da gente (isso diretamente), fazemos tudo certo, pagamos impostos, aluguel, não demitimos ninguém. Aí vem um fiscal que pode encontrar algo que julgue irregular e multar-nos de R$ 5 mil a R$ 150 mil. É inviável. A conta já não fechava antes. Estávamos abrindo apenas para não mandar os funcionários embora”, lamentou. No salão do Crossroads, por exemplo, a capacidade já tinha sido reduzida de 470 para apenas 70 pessoas.
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Reis lamentou o que chamou de abandono pelo poder púbico. “Sempre fomos vistos como vilões da história, mas não é isso. A gente tem 23 anos de estrada e nos pegaram (o setor de bares e restaurantes) pra bode expiatório. Nosso setor sofreu demais. Somos o setor que mais gera empregos e impostos do país. Sabemos que se trata de um momento único, de pandemia mundial, mas tomamos todos os cuidados previstos”, disse. Segundo ele, são dezenas de medidas e investimentos feitos no bar para adequar o atendimento às regras de segurança sanitária.
O empresário disse que o acesso a linhas de financiamento para os etor é muito complicado e burocrático, enquanto outros são agraciados com o “carinho” da prefeitura. “Para nós, a ajuda foi pífia. Mas para o setor de transporte foram R$ 120 milhões antes, R$ 120 milhões agora”, disse, referindo-se à ajuda dada pela prefeitura para as empresas de transporte público da capital.
Fechado, “pero no múcho”
O atendimento ao público dentro do Crossroads está suspenso até segunda ordem. Para continuar sobrevivendo, o empresário diz que o delivery próprio da casa (que hoje atua apenas como restaurante) segue funcionando e também o serviço de drive-thru. “Quem quiser pode vir de carro, que vai receber o cardápio e poder fazer o pedido com toda segurança”, garante Reis.
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Para finalizar, Alessandro Reis diz que é favorável à punição para quem funciona sem alvará e realiza festas clandestinas, por exemplo. “A gente é a favor da punição e cassação de alvará de quem não cumpre lei. O vereador Euler tentou aprovar um projeto com multas alguns meses atrás, mas não quiseram. Agora, no calor da emoção, vem essa PL e impõem sem muito critério. Quem tem medo e não tem confiança, tem que ficar em casa mesmo, se cuidando. Mas aqui as pessoas vinham porque queriam e estávamos tomando todos os cuidados”, concluiu.
Outras vítimas
A pandemia tem feito vítimas todos os meses, tanto pessoas, quanto negócios. “Além de CPFs, muitos CNPJs estão morrendo”, lamentou Alessandro Reis. Recentemente a Empadas Caruso anunciou o enceramento das atividades, bem como o restaurante Castelo Trevizzo, o Churrascão Colônia e também a balada Sistema X.