A transferência de um sargento da Polícia Militar (PM) em Guaraqueçaba, Litoral do Paraná, gerou indignação dos moradores e dos gestores públicos locais. Nos últimos dias, nas redes sociais, as postagens reclamam da transferência do policial para Paranaguá. Identificado como sargento Silvestre, ele teria transformado a vida de Guaraqueçaba para melhor, na segurança pública e com um projeto social com crianças, mas a chefia da PM, por causa de um amortecedor danificado em uma viatura, teria feito sua transferência, sem motivo, para outra cidade.
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A população, que quer o retorno do sargento, além das postagens na internet, também protestou em frente à sede da PM de Guaraqueçaba, no dia 3 de setembro. Nas redes sociais, palavras e frases como “vergonha”, “sacanagem”, “por que tiraram o professor Silvestre?”, “massagem de ego”, são alguns destaques entre as postagens feitas pelos moradores da cidade.
Segundo as informações dos moradores, outros policiais também foram transferidos junto com Silvestre para cumprir os plantões em Morretes, no Litoral, mas já conseguiram o retorno do trabalho para Guaraqueçaba. Já a volta de Silvestre estaria sendo negada pelo comando da PM, inclusive com a transferência dele encaminhada para Paranaguá.
O caso chegou até a Associação Praças Unidos, que providenciou um advogado para auxiliar o sargento. Há também processo interno na PM em andamento, que apura a situação sobre o amortecedor danificado da viatura e outras ocorrências.
“Houve uma denúncia de abuso de autoridade por parte de um tenente, a qual foi realizada por vários militares, ao comando da companhia. Após isto, somente o sargento foi transferido. Ainda não se prova, mas o motivo da transferência com certeza ocorreu como uma represália, sem justo motivo”, explicou o advogado do sargento Acir Rosa da Cruz, especializado em casos militares.
“Um trabalho maravilhoso”, diz prefeita
O sargento Silvestre, segundo o levantamento da reportagem, não se tornou um policial “querido” por acaso em Guaraqueçaba. Ele tem família na cidade e, após começar a prestar serviço policial por lá, também criou uma escolinha de jiu-jitsu para atender cerca de 60 crianças carentes.
“Ele pediu para vir para Guaraqueçaba por questões familiares e, desde que chegou, vem fazendo um excelente trabalho com a comunidade. Trouxe a modalidade esportiva jiu-jitsu como alternativa de esporte e resgate social para jovens que estavam com envolvimento em drogas e comportamental. Como policial militar estava fazendo um trabalho maravilhoso, com patrulhamento e ações efetivas de combate a droga e demais delitos”, disse a prefeita Lilian Ramos Narloch (PSC).
O morador Cleiton Alves Miranda, 36 anos, também torce pela volta do sargento Silvestre. “Antes dele chegar, ocorriam muitos furtos a comércios e residências. Muitos até por problemas de drogas. Com ele aqui, isso parou. Ele conhece como é a realidade daqui, por isso, sabe como fazer um bom trabalho policial. Estávamos seguros. Foi só ele sair e já temos notícias de novos furtos do tipo”, desabafou Miranda.
A vereadora Luciane Teixeira (PSD) contou que a atuação do sargento estava mudando uma realidade no município. “No período em que ele atuou aqui no município, houve uma redução significativa de atendimentos de menores infratores por parte do Conselho Tutelar”, disse. “O projeto do jiu-jitsu ficou sem professor. Precisamos de apoio no sentido de mostrar a importância da continuidade do projeto e da permanência do professor Silvestre. Ele, inclusive, motivava outros policiais”, finalizou a vereadora.
E aí, PM?
A reportagem procurou a PM para falar sobre o caso. Em resposta aos questionamentos, o 9.° Batalhão da PM informou “que um procedimento administrativo foi aberto para apurar as circunstâncias do fato, e que neste momento não vai entrar em detalhes para não atrapalhar a apuração”.