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Amantes da leitura acham o paraíso nos sebos

Em caminhada pelo Centro é quase impossível não passar em frente a um sebo. As lojas de livros usados estão espalhadas pelas ruas mais tradicionais da cidade, com edições a preços acessíveis e títulos difíceis de encontrar nas livrarias. Para quem tem tempo e interesse, entrar por uma dessas portas é o início de uma viagem no tempo.

Mesmo em tempos de livros eletrônicos, que podem ser baixados pela internet sem sair de casa, achar que os sebos estão com os dias contados é grande equívoco. Pelo contrário, é cada vez mais fácil encontrar um deles. E a rede mundial de computadores é mais uma ferramenta que está ajudando a incentivar o negócio.

Aqueles corredores com livros entulhados até o teto, com o cheiro de mofo impregnado pelo ar são coisas de outra época. A maioria dos sebos hoje preza pelo aspecto bem melhor, sem oferecer aos clientes o risco de crise respiratória. Mas o que os amantes da leitura procuram continua por ali: milhares e milhares de obras dos mais variados gêneros e procedências.

Expansão

Gerson Klaina
Corredores com livros entulhados até o teto, com cheiro de mofo, são coisas do passado.

Bem na esquina da Rua Barão do Serro Azul com a Travessa Padre Júlio de Campos, atrás da Catedral, o Sebo Releituras é exemplo da expansão do ramo. “Meu sogro abriu a loja há oito anos, no Portão. Depois, abrimos no Centro e no Cabral. Hoje, já temos acervo bem grande, entre 160 mil e 170 mil livros”, conta Marco Aurélio Nimtz Rocha, um dos proprietários da rede.

Histórias marcam tradição

Gerson Klaina
Publicação recuperada antes de ser oferecida aos clientes.

Há sete anos atrás do balcão, Marco Aurélio Rocha já viveu situações curiosas. “Uma vez, uma senhora trouxe a coleção de livros bem cuidados, mas comuns. Ofereci R$ 50 e ela disse que por esse preço preferia jogar fora, e jogou mesmo no lixo, bem aqui em frente. No mesmo momento, um catador de papel pegou e perguntou se eu queria comprar por R$ 5, para ele almoçar. Paguei os R$ 50 para ele, que saiu vibrando, pois ganhou mais do que o dia todo de trabalho”, conta.

Alguns clientes também são grandes surpresas. “Tem uma senhora que vem sempre aqui que é catadora de latas. E sabe o que ela lê? Não é revista ou romancezinho, não. É Shakespeare, Dostoievski, Foucault… Ela fala mal, com os vícios da vida sofrida, mas lê muito, principalmente filosofia e os clássicos. Às vezes pede para eu guardar um livro, porque ela vai ao jogo de futebol catar latas e conseguir dinheiro para comprar”, ressalta.

Variedades

Gerson Klaina
Discos antigos também estão na lista de produtos à venda

Além de livros, o Sebo Releituras também vende revistas, discos, CDs, DVDs, fitas VHS e objetos antigos. “Já passou muita coisa por aqui. Cópia do primeiro vinil do Roberto Carlos, folheto da semana cultural da Bahia com autógrafo do Jorge Amado, cópia autografada do “Catatau”, do Paulo Leminski… Mas o que m,ais vende ainda são os livros de literatura e religião”, revela.

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