Alergia, medo dos efeitos colaterais, incerteza sobre o funcionamento desta ou daquela vacina. Os motivos que levam algumas pessoas a preferirem um imunizante a outro têm surgido a cada notícia oficial ou extraoficial que sai por aí, o que levanta o questionamento: será possível escolher que vacina tomar?
Um levantamento feito em março pela Paraná Pesquisas mostrou que 29,8% dos brasileiros afirmaram não fazerem questão da escolha. Já a grande maioria dos participantes da pesquisa (70,2%) disseram que gostariam de poder decidir qual vacina contra a covid-19 vão receber. Para fim das dúvidas, pelo menos em Curitiba, a Secretaria Municipal da Saúde esclarece que essa possibilidade ainda deve demorar.
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O processo é o mesmo em todo o Brasil: agendada de acordo com o envio dos imunizantes pelas farmacêuticas, o Ministério da Saúde envia as doses aos estados que, por sua vez, distribuem aos municípios respeitando o calendário estabelecido nacionalmente, não sendo possível pular a vez ou “dar lugar na fila” da vacina. Nos casos dos públicos específicos, como as gestantes por exemplo, as vacinas são separadas já com destinação certa, de modo que a quantidade de doses é fechada para determinado número de pessoas, não sendo possível substituí-las por outras. É basicamente como diz o ditado: “vai com o que dá”.
O diretor do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, Alcides Oliveira, ressalta que para Curitiba, vale a mesma regra. “O município segue a orientação do Ministério da Saúde, que é não possibilitar a escolha da vacina. A determinação é que a população tome a vacina que esteja disponível no local e dia determinados”, afirma.
E se eu não puder tomar?
Calma! Antes, é preciso entender em quais casos o Ministério da Saúde recomenda que as vacinas não sejam administradas. Eles são raros, mas pode acontecer. Confira em quais hipóteses é possível “declinar” ou postergar a vacinação.
Alergia aos componentes
Segundo a Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), quase 7% da população brasileira apresenta alergia a algum tipo de medicamento. Em números, são mais de 15 milhões de pessoas que, de alguma forma, não podem consumir determinada medicação, sob risco de desenvolver reações de moderadas a graves, inclusive choque anafilático.
Um levantamento feito nos Estados Unidos pela agência Vaccine Adverse Event Reporting System (VAERS), logo nos primeiros meses nos quais a vacina da Pfizer foi administrada no país, mostrou que 0,2% dos vacinados (pouco mais de 4 mil pessoas) apresentaram reações adversas ao imunizante. Destas, 175 evoluíram para sintomas alérgicos graves e 21 para anafilaxia.
Em relação à vacina da Oxford/Astrazeneca, dados referentes às eventuais reações alérgicas entre os brasileiros ainda não foram levantados, mas a estimativa, segundo a Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde britânica (MHRA) é de que 10% dos imunizados poderão desenvolver reações pontuais, conforme observou-se na Inglaterra. Evoluções para quadros graves, porém, são raríssimas. Dos 20 milhões de imunizados com a vacina no país, apenas uma pessoa apresentou reação alérgica grave.
Dados relativos às reações à Coronavac ainda não foram apurados no Brasil.
Para evitar essas situações a recomendação do Ministério da Saúde é de que observe-se sempre os componentes da vacina antes de tomar e, caso haja histórico de alergia prévia a quaisquer excipientes ou à primeira dose, a orientação é de que não se tome o imunizante.
Confira os componentes das vacinas disponíveis no Brasil
AstraZeneca: cloridrato de L-histidina monoidratado, cloreto de magnésio hexaidratado, polissorbato 80, etanol, sacarose, cloreto de sódio e edetato dissódico di-hidratado (EDTA).
Coronavac: hidróxido de alumínio, hidrogenofosfato dissódico, di-hidrogenofosfato de sódio, cloreto de sódio e hidróxido de sódio
Pfizer: cloreto de Potássio, fosfato de potássio monobásico, cloreto de sódio, fosfato de sódio básico dihidratado, sacarose.
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Alergia a outras vacinas ou alimentos
Para este público específico as vacinas contra a covid-19, a princípio, não representam risco. A orientação dos especialistas é que as pessoas fiquem atentas aos componentes dos imunizantes e informem os profissionais de saúde sobre a condição.
Para os alérgicos às proteínas do ovo e do leite, que podem desenvolver reação à vacina da gripe por exemplo, as vacinas contra a Covid-19 são seguras. É preciso, no entanto, que – quem já tiver desenvolvido reação à outras vacinas – avise ao profissional de saúde como prevenção.
Usuários de anticoagulantes ou que têm comprometimentos na produção de anticorpos
Quem toma anticoagulantes deve ter atenção redobrada com a vacina contra a Covid-19, principalmente quem tem trombocitopecina ou coagulopatias pois, nesses pacientes, o risco de desenvolver hemorragias após a vacinação, é maior. A indicação é de que gelo seja aplicado na região cinco minutos após a administração da injeção. Ainda assim, vale consultar o médico antes de se imunizar.
Aos pacientes que apresentam deficiências na produção de anticorpos a recomendação é de que as doses sejam administradas da mesma forma. Mesmo que o sistema imunológico não reaja conforme o esperado, o ideal é garantir.
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Gestantes e puérperas
Para este grupo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), determina que a vacina da Oxford/AstraZeneca seja evitada terminantemente. Nessa semana um aviso reiterou a determinação mesmo que nenhuma situação adversa tenha sido reportada em caráter oficial no Brasil. Portanto, pertencentes a este grupo estão aptas a receber somente as vacinas da Pfeizer e Coronavac.
Vale ressaltar ainda que, antes de tomar a vacina, grávidas e lactantes procurem os obstetras responsáveis para melhor orientação, conforme recomenda a Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Frebasgo).
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Quando postergar?
Em algumas situações a vacina não representa risco a longo prazo, porém devido a determinadas condições de momento, a recomendação é de que se postergue a vacinação. Confira:
- pessoas infectadas ou com suspeita de covid-19;
- pessoas que estejam com febre superior a 37,5°;
- pessoas que estejam passando por crises de doenças crônicas como asma ou diabetes.
Vacina, sim!
Vale ressaltar que, apesar das situações pontuais nas quais não seja possível imunizar-se, a recomendação do Ministério da Saúde é de que todos procurem os postos de vacinação quando forem convocados.
No Brasil, mais de 35,3 milhões de pessoas já foram vacinadas contra a doença, segundo último levantamento do Consórcio dos Veículos de Imprensa, o correspondente a 16,68% da população do país.
Confira o ranking das vacinas entre os brasileiros
No ranking das preferências, a CoronaVac foi campeã, tendo sido escolhida por 23,6% dos brasileiros. Já a vacina da AstraZeneca/Oxford, foi eleita por 21,2% dos participantes da pesquisa. A vacina da Pfizer, por sua vez, é a preferência de 11,3% dos entrevistados. E no fim da lista, a da Johnson & Johnson: escolhida por 9% dos participantes da pesquisa feita pela Paraná Pesquisas em março de 2021.